Rogue Legacy 2 eleva a fórmula do primeiro jogo a um novo patamar
Felipe de Andrade
A sequência do ótimo Rogue Legacy (2013), chegou primeiro para computadores por meio de acesso antecipado, em agosto de 2020. Posteriormente, em abril de 2022, o jogo completo chega oficialmente, para os consoles da Microsoft e para o Windows. Somente mais de 1 ano depois, em 20 de junho deste ano, este jogo incrivelmente divertido foi lançado para os consoles Playstation. Testamos o game em um PS5, e aqui estão as nossas impressões.
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Rogue Legacy 2 é um rogue-lite que conseguiu evoluir com louvor tudo o que existia no primeiro game. A Cellar Door Games selecionou muito das opiniões que ouviu da comunidade de fãs durante o desenvolvimento da sequência, e enquanto rolava o acesso antecipado. Toda esta atenção e cuidado fez com que o estúdio criasse a continuação perfeita para o seu título de grande sucesso.
Explorando a história
Assim como acontece em outros jogos do gênero, assim como o ótimo Dead Cells, a história é contada em pequenas partes através de conversas com NPCs ou lendo documentos e diários encontrados em diversos pontos dos mapas.
A jornada se inicia com uma cavaleira chamada Dama Camila, que fez um acordo com Caronte, para que ele a levasse a um castelo em uma terra amaldiçoada tomada por todo tipo de criatura, com o objetivo de purificar e restaurar a região. A condição de Caronte era de que todos os descendentes de Camila deveriam tomar para si essa responsabilidade para atingir seus objetivos até que o reino esteja a salvo, fazendo jus ao termo ‘Legado’, do título.
Entretanto, algo acontece com Camila logo no início da campanha e na sequência somos apresentados a três herdeiros da cavaleira. Esses personagens dão continuidade ao legado da mãe, e assim o título segue, run após run, com os herdeiros sendo substituídos por seus descendentes a cada nova partida.
As heranças
Apesar de parecer muito repetitivo, essa sensação some conforme progredimos nas fases e conseguimos evoluir os personagens com habilidades permanentes chamadas heranças. Com elas é possível destravar habilidades como pulo duplo, avançar no ar com dash, usar ataques específicos para quicar inimigos e objetos, esquivar, dentre diversas outras. Essas heranças melhoraram a movimentação e agilidade dos herdeiros, assim como permitem que novas áreas sejam acessíveis, da mesma forma que em um bom e velho MetroidVania.
Há nada menos que 15 classes de guerreiros em Rogue Legacy 2. Todos possuem características, armamentos e estilos únicos de combate, o que garante uma redução significativa na sensação de repetição na gameplay. Na verdade, essa variedade acaba gerando um efeito inverso ao jogador que, impulsionado pela curiosidade de saber qual classe se adequa melhor a seu estilo, busca destravar todos o quanto antes. Isso possibilita que o gamer possa eleger os seus preferidos entre: dracolanceiros voadores, cozinheiros, arqueiros, boxeadores (meu preferido), cavaleiros, magos, assassinos e por aí vai.
Perícias
Para acompanhar o progresso dos herdeiros é necessário realizar melhorias na mansão da família. Isso se dá por meio de ouro acumulado em todas as runs. A cada novo atributo liberado, novas áreas da mansão são construídas até que se torne um verdadeiro castelo de tão grande, assim como era no jogo original.
Funcionando da mesma forma que uma árvore de habilidades, chamadas aqui de perícias, é possível melhorar diversos itens, assim como: armadura; aumentar a barra de vida ou mana; liberar novas classes; aumentar a carga de peso; aumentar os pontos de XP ou a quantia de ouro recolhido nas fases; além de diversas melhorias permanentes para todas as classes. Inclusive, são tantas melhorias disponíveis para compra que é possível terminar a campanha em Novo Jogo+ sem destravar todas as opções.
Campanhas únicas
Quase podemos dizer que os cenários têm papel crucial, juntamente aos os herdeiros de Camila, dada sua importância para o título na maneira em que se comportam a cada nova partida. Da mesma forma que no primeiro Rogue Legacy – e em diversos títulos do estilo rogue-lite – todos os cenários são gerados de maneira procedural a cada nova incursão, com um caminho diferente e mudanças na organização da horda de inimigos em seus respectivos biomas.
Somando essas características ao uso de 15 classes possíveis, podemos dizer que nenhuma partida se repetirá em momento algum, não importando quanto a nova partida chegue a um fim da maneira mais trágica. Ao recomeçar, o herdeiro escolhido terá uma campanha única e um mapa só seu. Mesmo que a aparência dos cenários não sofram grandes mudanças.
Ambientação
Rogue Legacy 2 abandona os gráficos em Pixel Art do primeiro jogo, que não envelheceram tão bem, para dar lugar a um visual todo feito a mão. No entanto, isso traz uma qualidade ímpar no que é visto na tela ao rodar em 4k com 60 fps no PS5, sendo ainda mais bonito e carismático que Hollow Knight. Principalmente por incluir aspectos que mescla gráficos em 2D tradicional com 3D e animações muito bem feitas e fluidas para todos os personagens.
O jogo está completamente localizado com legendas em português que conseguem passar com maestria todo o bom humor do título, adaptando diálogos com memes e modismos conhecidos, além de garantir acesso e diversão para todos os jogadores do nosso país.
Ponto negativo
O único ponto que pode se tornar negativo com o tempo é a trilha sonora. Apesar de possuir faixas de qualidade para todas as fases, com o tempo ouvi-las se torna um pouco cansativo ao jogar diversas partidas em sequência, mas nada que chegue a atrapalhar a experiência do jogador.
A primeira vista pode existir a impressão de que Rogue Legacy 2 é mais do mesmo, quando comparado com o primeiro jogo. E esta visão está completamente certa! Portanto, este título é muito mais do mesmo, do ponto de que ele amplia e melhora tudo o que existia antes, com mais classes, mais fases, mais desafios, mais inimigos, habilidades, diversão, bom humor, melhores gráficos etc, etc… Com certeza é obrigatório para todos os fãs de rogue-lites e de bons MetroidVanias.
Veredito do review de Rogue Legacy 2
O título eleva a fórmula do primeiro jogo a um novo patamar de qualidade e capricho visto em poucos jogos. Dessa maneira, a Cellar Door Games transformou a mecânica de jogar uma partida, morrer e recomeçar diversas vezes em algo viciante e mais divertido do que nunca.
Este jogo é uma aula sobre desenvolver um rogue-lite divertido e frenético, com uma sensação de evolução constante bastante presente. Não importa se o jogador está com 10 ou 100 horas de jogo, sempre dá vontade de jogar mais uma partida e upar mais um pouco.
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Prós
- visual agradável feito à mão
- bioma diversificado
- evolução constante
- jogabilidade viciante
- 15 classes com características únicas
Contras
- trilha sonora repetitiva