Rohmanelli lança o clipe de “Viúvo” e planeja novo álbum
Guilherme Farizeli
Transgressivo, provocante, dark. Essas palavras ajudam a definir um pouco da identidade artística do cantor, compositor e performer Rohmanelli. A saber, essa é a persona criada pelo italiano Sergio Romanelli, professor da Universidade Federal de Santa Catarina, que há 22 anos escolheu vir morar no Brasil. Agora, novíssimo morador do Rio de Janeiro, Rohmanelli apresenta o clipe da faixa “Viúvo”, a última de ‘Brazil’ejru‘ (2020) a ganhar versão audiovisual. Dessa forma, Rohmanelli encerra a divulgação do disco e, na sequência, inicia as gravações do novo trabalho, previsto para o segundo semestre, com artistas da cena carioca.
Funk e viuvez existencial
A faixa apresente um beat meio funk, meio R&B, com synths poderosos. “Viúvo” é uma música dark, de atmosferas orientais, que conta uma história de indecisão e embate entre o desejo pela independência e a vontade de se entregar ao prazer do encontro sentimental. Nesse sentido, os versos de Rohmanelli se somam às rimas ácidas do rapper WARLLOCK, que marcam este manifesto sincero de viuvez existencial. A gravação do clipe foi realizada no Madalena Bar, tradicional local de resistência da cena underground de Florianópolis.
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Estética glam predomina em vídeo
“Viúvo é uma música narcisista, de duplo sentido: o querer estar sozinho e ao mesmo tempo buscar o outro. Ou seja, isso se torna um ato único: sozinho eu posso conseguir as duas coisas, ser o outro e ser eu mesmo, porque esse outro que nunca encontro, na verdade, está dentro de mim. Então, é uma música de masturbação e autoerotismo“, explica o artista. Na ausência de um objeto de desejo, ele performa sozinho, erotizando e dando vida a um espaço que, agora, também se encontra vazio pela falta de público, em função da pandemia.
“Filmamos na quarentena, em Florianópolis, numa locação que é símbolo da noite e da cultura LGBTQIA+ da cidade. Com uma estética dos anos 80 e 90, tanto glam, quanto urbana e underground, quisemos retratar essa solidão sentimental (mas nunca carente) repleta de sensualidade e movimento“, complementa Rohmanelli. Com coreografia floorwork, o artista criou um verdadeiro ritual de sedução. A direção é assinada por Bruno Ropelato com figurinos e make-up de Ricardo Saugo.
Sobre Rohmanelli
Radicado no Brasil há mais de duas décadas, o artista italiano Rohmanelli celebra seus 50 anos de vida cantando sua paixão e suas críticas para a terra que escolheu viver no disco ‘Brazil’ejru’. Pela primeira vez, ele lançou um disco inteiramente em português – daí o título inspirado na representação fonética da palavra “brasileiro”.
Primeiramente, usar a música como forma de questionar padrões sexuais, amorosos, políticos e religiosos faz parte do discurso forte na sua arte. Nesse sentido, reinvenção é palavra-chave no trabalho do artista que começou sua carreira profissional na música em 2014, com a banda Vita Balera. O projeto explorava o rock alternativo com letras em italiano e chegou a lançar um EP homônimo. Anteriormente, ele estudou música erudita e canto lírico. Logo depois, focou no seu projeto solo de música eletrônica alternativa ao lado do produtor e músico argentino Jeronimo Gonzalez.
Seus lançamentos mais recentes são um novo passo na sonoridade que une influências do punk, da eletrônica, do rock e do pop. Em suma, é o que Rohmanelli chama de “transpop”, uma musicalidade sem barreiras de gêneros e idiomas.