‘Salt and Sacrifice’ é um jogo divertido, mas repetitivo

Felipe de Andrade

‘Salt and Sacrifice’ segue tão de perto a fórmula de seu antecessor, ‘Salt and Sanctuary’, que mais pode parecer uma expansão do que uma sequência propriamente dita. Manter a essência do game original com sua jogabilidade baseada no gênero Soulslike irá agradar aos fãs dos jogos da From Software. A saber, estúdio responsável por Bloodborne e Dark Souls, conhecidos por sua dificuldade extrema. Assim como a quem gostou game anterior e sua necessidade obrigatória de farmar itens por horas para evoluir nosso personagem para progredir na campanha.

Como plot inicial da história, jogamos com um personagem que cometeu um crime considerado grave em sua terra natal, o que lhe resultou na punição derradeira do seu Reino. Sua única alternativa para evitar a morte foi tornar-se um Inquisidor Marcado, através do Rito da Ruína dos Magos. Assim ele se torna um guerreiro imortal que passa a ter como objetivo caçar e destruir seres poderosos, conhecidos como Magos, que estão dizimando e aterrorizando áreas inteiras, devorando seu coração ao fim de cada batalha.

Salt and Sacrifice

Objetivo

E este é o objetivo principal em Salt and Sacrifice. Ou seja, entrar em uma área através de um portal e caçar os Magos que estiverem presentes nela. Neste jogo, eles são os chefões que temos que derrotar para conseguir avançar na história, e fazer isso é mais difícil do que parece. Afinal, eles são seres gigantes e poderosos, que precisam ter seus movimentos estudados através de tentativas frustradas e várias mortes até montarmos a melhor estratégia de combate para garantir a vitória, e sair com vida para caçar o próximo Mago.

Após conseguir matar um Mago ele deixa alguns itens especiais para serem coletados. Assim, podemos juntar com partes de seu corpo que podem ser obtidas para confeccionar novos equipamentos, itens, armas, munições, armaduras e amuletos. Além disso, podemos primorar suas características, se tornando um Inquisidor mais forte ou resistente quando esses itens são equipados.

Como evoluir

Outra forma de evoluir é através da coleta de Sal que os inimigos dropam quando morrem. Ao coletar Sal o suficiente é possível ir até um altar, presente na área principal do jogo, e subir o nível do Inquisidor melhorando aspectos como a vida, vigor, foco e por aí vai. Sempre que aumentámos o nível uma Pedra Negra Escalar é liberada para ser usada na Árvore de Técnicas, onde é possível destravar algumas habilidades referentes a classe do Inquisidor (selecionada na criação do personagem, no início do jogo), golpes novos, além de pontos permanentes de força, foco, resistência, convicção e vitalidade.

 Nos dois parágrafos acima eu dei alguns exemplos sobre a necessidade de farmar itens citada no começo do review, sendo que esse processo precisa ser executado com o devido cuidado depois a cada morte perdemos o Sal coletado necessário para upar o Inquisidor. E caso ocorra uma nova morte todo o sal e experiência perdida desaparece, passando a contar somente da morte mais recente, assim como acontece no título anterior. Novas runs por cenários já concluídos não se tornam necessariamente mais fáceis do que as anteriores, pois todos os inimigos reaparecem, inclusive os Magos derrotados podem voltar mais fortes e difíceis do que antes.

Salt and Sacrifice

Mais magos

Ainda sobre a volta dos Magos, existem grandes possibilidades de encontrar dois ou mais deles revividos na mesma área e vê-los entrarem em combate entre si, enquanto tentamos sobreviver para devorar o último que sobrar.

O próprio jogo nos obriga a uma repetição constante pelas fases em busca de caçar os mesmos Magos por diversas vezes, visando conseguir tornar o Inquisidor cada vez mais forte para prosseguir sua jornada. Esta repetição pode agradar os fãs do primeiro jogo e os que acompanham games no estilo Soulslike, pois já estão mais familiarizados com esse tipo de gameplay. O mesmo já não pode ser dito de quem busca jogar um RPG de plataforma no melhor estilo MetroidVania em Salt and Sacrifice, já que pode se frustrar aqui com a lentidão na evolução do jogo em si.

Falha na exploração do game

Outro fator que pode não agradar tanto no quesito exploração é o fato de não existir viagem rápida pelos cenários. Mesmo divididos em áreas separadas, ao invés de um mapa interligado como no primeiro jogo, ainda que fazendo uso de equipamentos que facilita a exploração como o gancho de Escalada e a tirolesa em determinados pontos do mapa, todo o trajeto deve ser refeito por completo a cada nova visita em uma área.

 Ademais, para os que desejam se aprofundar na história, essa repetição da exploração se faz necessária a fim de encontrar novos NPCs, itens ou locais que nos transmitam um pouco do background diluído do universo de Salt and Sacrifice.

Salt and Sacrifice

Comparação com o game anterior

Comparado com o primeiro jogo os gráficos seguem praticamente os mesmos e sem grande evolução no geral. Os personagens possuem um nível maior de detalhes em suas feições, vestimentas e animações os cenários também seguem uma boa qualidade visual, com um estilo que lembra arte feita a mão, além de bons efeitos e filtros de partículas, neblina, fumaça e fogo. Infelizmente este quesito não é só elogios, já que a repetição ou reaproveitamento de pedaços das fases é notório e repetitivo derrubando a imersão do jogador.

Contando com poucas músicas durante o gameplay, e composto basicamente de efeitos sonoros de boa qualidade, o áudio do jogo é um dos melhores acertos do título que apesar de se desenrolar em segunda pessoa, o som garante uma boa localização pelo cenário além de revelar o posicionamento de inimigos mesmo antes de aparecerem na tela.

Transição entre cenários

A transição entre o cenário aberto e fechado também ocorre de forma orgânica, como os efeitos sonoros da nova área se sobressaindo aos da área anterior com bastante naturalidade.

 O jogo ainda conta com a localização total das legendas para o português que, mesmo com uma série de erros de tradução ou de digitação, ainda garante total entendimento dos diálogos e dos menus presentes no jogo.

Salt and Sacrifice

Veredito

Salt and Sacrifice busca se distanciar do seu antecessor trocando a exploração dos cenários enormes e interligados por caçar Magos em áreas menores como objetivo principal. Com isso a alta taxa de repetição da jogatina se instala, diminuindo boa parte do brilho do título, apesar de, ainda assim, garantir horas de diversão exploração para os fãs do gênero.

Prós

  • jogabilidade complexa, mas recompensadora
  • dificuldade elevada
  • Áudio competente

 Contras

  • Gameplay repetitiva
  • Evolução demorada do personagem
  • Gráficos fracos
  • História complexa

Felipe de Andrade

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