Sandman

‘Sandman’ da Netflix é uma aula de adaptação

Pedro Marco

Constantemente o apego de um leitor com suas obras literárias causa um sentimento dispare entre querer ver aqueles personagens em carne e osso, mas também acreditar que ela seja inadaptável. Mesmo com o recurso visual gerado pelos desenhos, nomes como ‘Watchmen’, ‘Maus’ e ‘Cavaleiro das Trevas’ eram acreditados como restritas à nona arte em toda sua glória e complexidade.

Também neste time, estava a saga do perpétuo ‘Sandman’, e seu fã número era ninguém menos do que Neil Gaiman, o próprio autor da obra.

Sonho antigo

Desde o lançamento de sua primeira edição em 1989, o sucesso absoluto fez Hollywood voltar seus olhos para as intrigantes e apaixonantes histórias do sonhar. No entanto, o desejo de transformar as três mil páginas em um único filme, ou mesmo propostas de adaptações que fugiam à essência da obra, fizeram com que roteiros ficassem engavetados por mais de 15 anos.

Sem aviso prévio, o serviço de streaming da Netflix assumiu a responsabilidade de trazer algo que agradece autor, leitores e público alheio à obra, mesmo após as recepções mistas de ‘Deuses Americanos’ e ‘Belas Maldições’.

A adaptação

A série estreou na última sexta (5) com 10 episódios adaptando as primeiras 16 edições da revista. Os arcos “Prelúdios e Noturnos” e “A Casa de Bonecas” foram transcritos de forma cuidadosa, precisa e com um carinho que construiu uma versão tão atemporal quanto seu material original.

O conto da personificação dos sonhos que acaba sendo aprisionado por engano em um ritual para aprisionar a morte, respeita o seu texto de origem em ser uma história sobre contar histórias. Personagens cativantes e reais envoltos uma filosofia que consegue abordar diferentes culturas, idades, religiões e visões do mundo, colocou Sandman no merecido topo de público e crítica que se era esperado. Como se cada dia aguardado entre adiamentos tivessem valido a pena.

A linguagem

Além dos personagens que ganharam vida da forma que os leitores sempre sonharam, o texto, em suma, foi adaptado de uma forma necessária para um público 30 anos no futuro. Uma linguagem mais moderna e uma grande representatividade (que já eram ambos presentes no texto de Gaiman), cravam a série como algo que veio para incomodar quem precisa ser incomodado, e, assim, levantar discussões tão diversas que o espaço de espera para a próxima temporada passará num piscar de olhos.

Portanto, quem deu play buscando uma adaptação literal a irá encontrar quando preciso, e quem queria algo novo mas que passasse a mesma mensagem, também terá este belo presente de duas obras espetaculares em mídias distintas. Um Neil Gaiman mais maduro transpõe seu próprio texto com três novas décadas de experiência e feedbacks nas costas, apresentando melhores amarras e motivações não tão dicotômicas.

Cinco temporadas são aguardadas, e uma série de spin-offs já vem sendo discutidos, o que mostra Sandman da Netflix como um grande evento da TV, assim como seu antecessor foi nos quadrinhos.

Onde assistir à série Sandman?

A saber, Sandman está disponível para assinantes da Netflix desde sexta-feira (05).

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 Trailer da série Sandman, da Netflix

https://www.youtube.com/watch?v=fUg4xE-7LyM

Sandman (Netflix): elenco da série

Tom Sturridge
Boyd Holbrook
Patton Oswalt
Vivienne Acheampong
Gwendoline Christie
Charles Dance
Jenna Coleman

Ficha Técnica

Título original: Sandman
Criação: Neil Gaiman, David S. Goyer, Allan Heinberg
Direção: Jamie Childs, Andrés Baiz, Louise Hooper, Mairzee Almas, Mike Barker, Coralie Fargeat, Hisko Hulsing
Roteiro: Vanessa Benton, Neil Gaiman, David S. Goyer, Allan Heinberg, Catherine Smyth-McMullen, Lauren Bello, Heather Bellson, Jim Campolongo, Jay Franklin, Austin Guzman, Alexander Newman, Ameni Rozsa, Mike Dringenberg, Sam Kieth
Temporada: 1
Episódios: 10
Duração: 50 minutos
País: Estados Unidos, Reino Unido
Gênero: drama, fantasia, terror

Pedro Marco

Pedro Px é a prova de que ser loiro do olho azul e com cabelos e barbas longas, não te garantem ser parecido com o Thor. Solteiro, brasiliense e cozinheiro, se destaca como autor de 7 livros, host do Pipocast, membro da Academia de Letras de sua cidade, fundador de Atlética universitária, padrinho da Helena, e nos tempos livres faz 40h semanais como engenheiro civil. Escreve sobre cinema desde que tudo aqui era mato, sendo Titanic seu filme favorito
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