Show de Angela Rô Rô na abertura do 9º For Rainbow termina de maneira lamentável

Larissa Bello

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2 de outubro de 2015

Aconteceu na noite de ontem (1º de outubro) a abertura do 9º For Rainbow – Festival de Cinema e Cultura da Diversidade Sexual, em Fortaleza/CE. A cerimônia aconteceu no Anfiteatro Ministro Sérgio Motta, dentro do Centro Cultural Dragão do Mar.

O evento, que é organizado pela jornalista e cineasta Verônica Guedes, vem ganhando cada vez mais peso como um dos mais importantes espaços de debate e difusão do respeito à pluralidade sexual e de gênero no Brasil. Vale destacar que a entrada é gratuita para toda sua programação, que engloba exibição de filmes, teatro, dança, shows e feirinhas. A partir da 4ª edição, a mostra dos filmes passou a ser competitiva e premiar as produções nas seguintes categorias: Melhor Longa Metragem Nacional, Melhor Longa Metragem Internacional, Melhor Curta Metragem Nacional, Melhor Curta Metragem Internacional, Melhor Direção, Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Roteiro, Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Direção de Arte, Melhor Desenho Sonoro, Melhor Ator e Melhor Atriz.

A cantora, compositora e pianista, Angela Rô Rô foi homenageada e convidada para fazer o show de abertura. Ela recebeu o prêmio das mãos do vereador Paulo Diógenes. Diógenes, que também é ator humorista, fez um belo discurso lembrando o quanto foi difícil viver personagens travestido de mulher nos anos 80 e ainda se assumir gay dentro da câmara dos vereadores. Angela agradeceu e disse estar “se coçando” de tão louca que estava para cantar, pois o evento sofreu um imenso atraso para começar.12092286_1504228689897802_266764985_n

Rô Rô começou cantando “Eu sei que vou te amar”, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes e depois cantou algumas músicas do seu último disco “Feliz da Vida” (2013), que apresenta composições em parceria com Paulo Moska e Jorge Vercilo. E ainda canções mais conhecidas como “Só nos resta viver”. Infelizmente, da metade do show em diante a noite terminou em fiasco total.

A cantora se desentendeu de maneira lamentável com uma parte do público que estava presente. Um grupo de jovens adolescentes se amontou em frente ao palco gritando para a cantora, desde o início da sua aparição. Alguns fumavam e sentavam à beira do palco. Angela, que hoje não fuma e nem bebe mais, pediu, encarecida e repetidamente, que as pessoas não fumassem próximo ao palco, pois a fumaça incomodava e atrapalhava, não só a sua voz, como a todos aqueles que não são fumantes. O grupo então seguiu fumando e com uma empolgação um pouco fora do tom para um show que se propunha um formato mais intimista, pois a cantora se apresentou acompanhada somente de um piano elétrico tocado por Ricardo MacCord. Angela, também fez menção a iluminação do show que, realmente não estava boa, dizendo que parassem de iluminar a plateia pois isso poderia causar algum problema aos possíveis casais que estivessem traindo.

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Na tentativa de conter um pouco a euforia desse pequeno grupo à frente do palco, a cantora percebeu que uma cadeirante estava na plateia e se dirigiu a ela dizendo: “Olá, amiga! Obrigada por estar aqui vendo o meu show. Sei que deve estar sendo difícil ver daí sentada, mas não se preocupe que eu farei o show aqui para você. Parabéns! E saiba que mesmo sem andar, você vai mais longe do que muita gente!”

E assim o show continuou, até o momento em que ela ficou mais irritada com dois jovens sentados no palco. Ela encostou o pé neles pedindo que se retirassem dali. Um deles saiu e outro permaneceu sentado. Então, ela começou a chutar o rapaz, que depois ameaçou chutá-la também. A partir daí o show foi ganhando um tom mais agressivo, tanto por parte da cantora quanto por parte do público. Angela ficou se referindo ao rapaz dizendo que ele estaria tão drogado que não conseguiu nem chutá-la. Disse ainda que em dezembro completa 66 anos, mas ainda tem forças para chutar cafajestes. E ainda usou o termo “viadinho” de forma pejorativa.

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Depois disso, um técnico da equipe do Anfiteatro, retirou uma menina que também se sentou no palco e a cantora foi falar com ele, o chamando de “caboclo” e dizendo que quando os rapazes estavam sentados ele não fez nada, mas quando a menina sentou, ele a retirou. Provavelmente o técnico respondeu à cantora e esta lhe jogou água. O rapaz revidou segurando-a pelo braço. A cantora disse que iria interromper o show por agressão e que só continuaria cantando se o técnico saísse do palco. A coisa toda foi tomando uma proporção extremamente desnecessária até que uma briga começou na frente do palco entre os jovens que ali estavam. Angela tentou continuar cantando, mas recebeu várias jorradas de água e cerveja, além de vaias. Uma menina subiu ao palco e pegou o microfone dizendo que não iria tolerar racismo e sexismo em um evento sobre diversidade cultural e sexual.

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O que aconteceu nada mais foi uma demonstração lamentável de uma série enorme de equívocos: da organização do evento, da cantora e do público. Realmente é uma pena, pois a incoerência prevaleceu quando poderia ter sido uma noite linda de embalada por uma belíssima voz que ressoaria em todos mais respeito e tolerância.

Larissa Bello

Graduada em Rádio & TV. Pós-graduada em Leitura e Produção Textual. Capixaba, residiu por 8 anos no Rio de Janeiro, onde atuou em diversas áreas do audiovisual. Atualmente reside em Fortaleza/CE, onde é afiliada da ACECCINE (Associação Cearense de Críticos de Cinema) e é autora do blog Cine em Foco (https://cineemfoco.blogspot.com/).
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