O frescor carioca na MPB de Silvia Autuori
Rafael Vasco
A cantora e compositora carioca Silvia Autuori acaba de lançar seu novo single, chamado ‘Labirinto’, uma faixa que mistura a clássica MPB com elementos do Pop atual. Nesse sentido, ela que também é multi-instrumentista surge como uma das apostas da cena musical brasileira.
A nova canção, que já conta com um videoclipe oficial, é encarregada de abrir os trabalhos de seu próximo EP, ‘Destinos Incertos’, ainda em processo de finalização. No entanto, a música já está disponível em todas as plataformas digitais.
Sendo assim, o ULTRAVERSO convidou a artista para uma conversa descontraída em que falou sobre carreira, representatividade, lançamentos e arte independente. Portanto, acompanhe o nosso bate papo:
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ULTRAVERSO: Além de cantora, você também compõe e é multi-instrumentista. Nesse sentido, conte como se descobriu artista e decidiu abraçar todos estes ofícios?
SILVIA: Na verdade eu nem me lembro da vida sem música. Inclusive, a primeira memória que tenho é de quando tinha 4 anos em uma das minhas primeiras aulas de violino, instrumento que me acompanha desde então. Logo, aos 10 entrei para um coral e aos 11 ganhei meu primeiro violão. Com isso, vieram as minhas primeiras composições e o gosto por externar sentimentos através de canções. A partir daí desenvolvi uma paixão por aprender novos instrumentos, como o baixo, caixa e o trompete. Todos eles me acompanham até hoje.
A saber, você lançou em 28 de junho o single ‘Labirinto’, coincidindo com o Dia do Orgulho LGBTQIA+. Desta forma, de que modo você enxerga as questões de diversidade e igualdade de gênero?
SILVIA: Infelizmente o Brasil continua sendo o país que mais mata LGBTQIA+ no mundo. Em 2020, por exemplo, foram mortos 175 transexuais, é o equivalente a uma morte a cada dois dias. Contudo, ao mesmo tempo esse país que mais mata transexual no mundo, é também entre todos o que mais consome pornografia transexual. Portanto, é uma hipocrisia sem tamanho. Então, é uma data muito bonita sim, mas uma data muito forte também. Ser LGBTQIA+ é sobre amor, é sobre amar o outro e a si mesmo do jeitinho que se é. Eu acredito que esse dia seja para celebrar que ainda estamos vivos.
Aliás, o vídeo deste single conta com a participação da atriz e comediante Karina Ramil. Sendo assim, de que maneira surgiu o nome dela e como foi feito esse convite?
SILVIA: Conheci a Karina quando fui convidada a tocar violino numa ‘esquete’ que ela dirigia. Com isso, desde lá já tive muita admiração por ela. Coincidentemente sua mãe, Luciana Duque, fazia a produção da banda que eu tocava. Logo, comentei com ela sobre a possibilidade e Luciana me incentivou a chamá-la para o videoclipe.
Estávamos nós três no carro, quando mostrei a música para a Karina, que prontamente aceitou o convite. Foi uma experiência muito bacana, pois, além de ser uma ótima profissional, ela é também uma pessoa incrível. Assim, acabou topando todas as nossas ideias e ainda sugeriu outras, e acabou contribuindo muito artisticamente.
Este single irá fazer parte de seu novo EP, que ainda está sendo preparado. Portanto, conte um pouco sobre a concepção que terá este trabalho?
SILVIA: Sim! ‘Labirinto’ é o primeiro single do EP chamado ‘Destinos Incertos’. Nele, vão conter 4 músicas. A primeira foi Labirinto, que acabei de lançar, a segunda é a que dá o nome ao EP, ‘Destinos Incertos’, a terceira se chama ‘Abraço’, e a quarta ‘Teatro Sem Roteiro’. Acredito que essas 4 canções conversem entre si, por isso a escolha de reuni-las juntas num mesmo projeto.
Já existe uma previsão para o lançamento?
SILVIA: A previsão é lançar single por single a cada um mês e meio, até fechar as quatro músicas unindo o EP. Então, até o final do ano estarão todas disponíveis nas plataformas digitais!
A propósito, você fez parte de um coletivo musical, chamado ‘Mulheres de buço’, que abordava questões como sexualidade e aceitação. Portanto, em que medida acredita que a música pode contribuir nestas questões?
SILVIA: Sim! Participei da banda por cerca de 3 anos. As integrantes do coletivo eram atrizes também, então os shows tinham muitas performances e ficamos em cartaz por alguns meses com uma peça-show. Eu acredito que trabalhos como este incentiva as pessoas a refletirem sobre seus lugares, atitudes e as consequências dos seus atos. Desse modo, não é possível desvincular a arte da política, assim como não é possível dissociar um artista de suas atitudes. Ser artista é um ato político.
É possível identificar elementos de MPB e música pop em seu trabalho. Mas, afinal, você consegue definir qual o seu estilo musical?
SILVIA: É verdade! Não só o single ‘Labirinto’, mas todo o EP tem essa pegada de MPB com Pop, é o que acredito ser a cara dessa Nova MPB, que mistura violão, percussão e beats com melodias e letras sensíveis.
Contudo, ainda sendo uma artista independente, consegue analisar os maiores obstáculos que tem encontrado?
SILVIA: Acredito que a maior dificuldade é ter que se dividir em várias. Além de estudar canto, composição, instrumentos e harmonia, nós, artistas independentes, temos que entender um pouco sobre gravação, edição, lançamento, marketing, gestão de carreira, produção de conteúdo, entre outros.. Sorte a minha ter uma namorada que me ajuda muitíssimo, porque é realmente muita coisa. Mas não existe nada mais prazeroso do que ver minhas músicas tocando as pessoas e receber o retorno disso, tanto os positivos, quanto os construtivos.
Por fim, como tem sido a produção musical ao longo deste período de isolamento social?
SILVIA: Pois é, um pouco solitária, né? Antes tinha uma banda de mulheres que me acompanhava e ajudava a pensar nos arranjos. Criávamos juntas. ‘Labirinto’ eu produzi no meu estúdio. As próximas músicas quem assina a produção é o Juliano Valle. Desta forma, eu envio uma guia de voz e violão gravada com metrônomo e algumas músicas de referência. E assim vamos dialogando sobre ideias até chegar num consenso artístico.
Enfim, acompanhe a Silvia Autuori
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Então você é artista e acha que não tem muito espaço? Fique à vontade para divulgar seu trabalho na coluna Contra Maré do ULTRAVERSO! Não fazemos qualquer distinção de gênero, apenas que a música seja boa e feita com paixão!
Além disso, claro, o (a) cantor(a) ou a banda precisa ter algo gravado com uma qualidade razoável. Afinal, só assim conseguiremos divulgar o seu trabalho. Enfim, sem mais delongas, entre em contato pelo e-mail guilherme@ultraverso.com.br! Aquele abraço!