‘Star Wars Jedi: Survivor’ é a evolução de Fallen Order que todo fã da franquia precisa jogar
Felipe de Andrade
Após o sucesso de crítica e de vendas de Star Wars Jedi: Fallen Order, era certo que uma sequência seria lançada pela EA Games, a produtora responsável por diversos jogos da franquia também conhecida por aqui como Guerra nas Estrelas. O original, apesar de ser um produto de qualidade, não trouxe uma grande inovação ao gênero de ação / aventura. Ao invés disso o título apostou certo em diversas inspirações em jogos como Uncharted, Tomb Raider, Assassin’s Creed, além de títulos do estilo MetroidVania, possuindo elementos reconhecíveis para quem é fã dessas franquias.
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Para sequência a Respawn Entertainment, a mesma de Apex Legends e Titanfall, retorna para dar seguimento a história de Cal Kestis, um Jedi sobrevivente da famigerada ordem 66. Star Wars Jedi: Survivor se passa 5 anos após os eventos de Fallen Order, e traz um Cal que não é mais um Padawan que vive se escondendo, e sim um cavaleiro Jedi mais amadurecida, com certa experiência em combate e exploração, que sente o peso do que sobrou da ordem, com uma enorme responsabilidade em seus ombros enquanto luta contra o Império.
Esta sequência está para seu antecessor da mesma forma que acontece com os 2 jogos mais recentes da franquia God of War, com Ragnarok sendo uma sequência direta e uma evolução do jogo de 2018. Eu quero dizer que nos 2 casos você pode até jogar o segundo sem ter começado o primeiro (as 2 sequências até trazem vídeos com um resumo da história original), mas muito da experiência será perdida caso o jogador não conheça a primeira parte. E portanto, nas 2 franquias é muito recomendado por este que vos fala que se jogue o primeiro jogo para ficar por dentro de todos os acontecimentos.
A nova jornada de Cal Kestis
Em sua jornada Cal descobrirá novos planetas e também passará por alguns cenários conhecidos de Star Wars já vistos em outras mídias, como filmes, HQs ou séries. Diversos novos personagens farão sua estreia na franquia, assim como alguns conhecidos retornam para apoiar o destemido Jedi, ou até mesmo enfrentá-lo em combates de tirar o fôlego, com direito ao uso da força somada às habilidades conhecidas do jogo anterior e outras novidades disponíveis para serem destravadas durante a campanha.
No quesito história Survivor sofre do mesmo mal do primeiro jogo: ela é muito bem escrita, com ótimos diálogos e diversos detalhes que enriquecem muita a lore de Star Wars. Entretanto, conta com muitos altos e baixos em meio a contrapontos entre momentos incríveis e super empolgantes, com horas de exploração que fazem o maior fã da franquia sofrer de monotonia. Por vezes você se pegará explorando uma área grande do mapa e enfrentando vários inimigos para no final desbloquear um casaco ou um novo corte de cabelo. Eu mesmo fui surpreendido por um sono repentino por algumas vezes e acabei dormindo com o dualsense na mão.
Menos planetas para explorar
O jogo segue a cartilha de Fallen Order, e é construído de forma bem similar garantindo familiaridade instantânea para aqueles que colocaram as mãos na primeira aventura. Após a primeira missão passamos a poder circular no interior da nave de Cal, a Mantis, que segue sem grandes novidades. É através dela que acessamos os planetas “em uma galáxia muito, muito distante”. Aqui ao contrário do que se esperava, visitamos uma quantidade estranhamente menor de planetas do que no jogo anterior.
Felizmente para compensar, todos eles possuem áreas enormes construídas para serem exploradas de formas variadas, com direito a mais de uma visita durante ao campanha. A nave também traz algumas funcionalidades como mostrar os colecionáveis obtidos nas aventuras de Cal entre um jogo e outro, 1 ponto de meditação, uma bancada para modificar o visual do sabre de luz ou BD-1, e é só.
Mapa 3D está de volta
Todos os cenários exploráveis novamente contam com uma recriação em miniatura 3d como mapa, assim como antes. Através dele ainda podemos conferir áreas já visitadas, portas abertas ou fechadas e a localização de objetivos, dos pontos de meditação e dos atalhos liberados durante a exploração, também é possível colocar marcadores de pontos de interesse.
As novidades ficam por conta de uma linha que sinaliza o percurso recente feito pelo protagonista, que tem o intuito de melhorar a localização e evitar momentos que ficamos perdidos sem lembrar de alguns caminhos tomados durante as fases (sendo bem sincero, essa adição não faz diferença alguma, pois a confusão continua), a outra inclusão que foi feita após muitos pedidos da comunidade de jogadores é a opção de fast travel, ou viagem rápida. Ela faz muita diferença, já que antes era necessário andar por todo o mapa novamente após destravar uma porta ou liberar uma nova habilidade para acessar áreas ou objetivos antes impossíveis. Agora basta selecionar o ponto de meditação descoberto mais próximo do objetivo e seguir instantaneamente, estando em um ponto de meditação qualquer.
Habilidades mantidas
Sendo uma sequência direta, se difere de jogos como God of War por exemplo, onde sempre acontece algo que faz com que Kratos perca ou esqueça as suas habilidades. Aqui Cal carrega toda a experiência obtida anteriormente seguindo com tudo o que aprendeu para a sua nova empreitada. Ações como o pulo duplo, atirar os sabres de luz nos inimigos, esquiva dupla, rebater disparos de blasters e correr pelas paredes fazem parte do pacote inicial das habilidades.
Como não poderia deixar de ser, existe uma nova leva de habilidades a serem destravadas referentes ao uso da força ou às novas posturas de batalha disponíveis. Essas habilidades se fazem necessárias para acessar novas áreas, um exemplo disso é o dash aéreo que Cal consegue realizar após o pulo duplo, aumentando muito a agilidade no combate e seu alcance em plataformas suspensas.
Novas posturas de batalha
Ainda sobre as posturas, além das duas que vieram direto do primeiro jogo, a simples e a lâmina dupla, agora é possível destravar mais três novas:
Blaster – combina um sabre de luz e uma pistola blaster para incrementar o combate à distância. É versátil para enfrentar todo tipo de inimigos, desde que em grupos pequenos. Ainda conta com tiros carregados e saque rápido atingindo vários inimigos em questão de segundos, no melhor estilo Red Dead Redemption 2;
Dupla Empunhadura – postura basicamente ofensiva onde Cal segura um sabre em cada mão para sobrecarregar e quebrar a defesa dos inimigos ou derrotá-los com poucos golpes, o que vier primeiro. Possui a melhor técnica de defesa e contra-ataque do jogo;
Guarda – com ataques mais lentos utilizando o sabre com as 2 mãos, o que torna todos os ataques devastadores, desde que os inimigos não desviem. Postura que exige mais técnica e observação dos movimentos inimigos para ataques certeiros.
Desta vez, além do fast travel, temos acesso à montarias que são uma novidade bem-vinda à franquia. Pena que não podemos fazer uso delas a qualquer momento. Apesar de serem uma boa adição, a sua única serventia é se deslocar mais rápido em algumas áreas abertas e nada mais.
Novos personagens jogáveis?
Outra novidade do gameplay é poder “usar” alguns personagens secundários que estejam acompanhando Cal durante o combate ou a exploração, acionando um ou outro comando para atacar um alvo ou acessar algo fora do alcance do Jedi. Assim como o ponto acima, aqui também careceu de um pouco mais de criatividade por parte dos desenvolvedores já que seu uso traz poucos momentos diferenciados que justifiquem a existência dessa opção.
A última novidade que vale a pena ser mencionada é a possibilidade de equipar os talentos, que nada mais são do que habilidades passivas que ficam ativas durante toda a partida. Como exemplo temos: resiliência – aumenta o medidor de bloqueio; quebra – facilita a quebra de guarda dos inimigos; sabedoria – garante mais ganho de XP por inimigos derrotados, e por aí vai. Alguns talentos, itens cosméticos e equipamentos podem ser comprados em lojas durante a jornada em diferentes planetas.
Evolução do antecessor
Como citado anteriormente, Star Wars Jedi: Survivor é uma evolução de seu antecessor em todos os sentidos, com mais posturas, poderes e animações de combate, cenas de corte mais bem desenvolvidas, mais inimigos, cenários bem maiores e mais vivos, mais opções de personalização para Cal e BD-1, para citar alguns pontos. Infelizmente toda esta ambição do estúdio de criar um produto grandioso trouxe um custo pesado para o jogo: a sua performance.
Somando estes itens com o fato do jogo possui gráficos incríveis e cheios de detalhes e mais complexidade, com cenários abertos com escalas enormes de área construída (que me lembraram do visual fantástico dos cenários do jogo dos Guardiões da Galáxia), parece faltar otimização do jogo para que rode sem problemas nas plataformas e que foi lançado. Há diversos relatos de que o título estava quase injogável nos PCs logo nos primeiros dias de vida.
Durante o tempo que joguei Survivor no PS5 para escrever este review, foram lançados 2 patchs com diversas correções, mas ainda foi possível perceber muitos problemas técnicos como quedas constantes de frames sem motivos aparentes, problemas com a movimentação do Cal que atrapalham o gameplay, inimigos desaparecimento do nada bem na nossa frente, eu até ficarem paralisados, músicas que travam e depois voltam a tocar, os cabelos do Cal se comportando de forma bizarra a todo momento, BD-1 acompanhando o Cal por debaixo do chão ou como se estivesse preso nos pés do protagonista, isso só para citar alguns problemas que eu presenciei.
Com certeza estes e outros problemas existentes serão corrigidos pelo estúdio em atualizações futuras. O lançamento de Star Wars Jedi: Survivor não foi tão problemático quando o de Cyberpunk 2077, mas ainda vai ficar marcado como mais um jogo incrível que foi lançado cheio de defeitos.
Star Wars Jedi: Survivor – Veredito
O novo título é a evolução esperada de Fallen Order que todo fã da franquia deveria jogar. Controlar uns dos maiores Jedis em sua segunda aventura é uma das melhores formas de fazer o uso da força, ou pelo menos uma das mais acessíveis e contando com uma boa história.
Infelizmente problemas técnicos de performance e bugs se fazem presentes para quebrar a imersão a todo momento, sendo necessário fazer muitos ajustes e correções por parte do estúdio. Ainda assim, a diversão está garantida com Cal Kestis e sua jornada. Que a força esteja com você!
Prós
- Diversas opções de Acessibilidade para jogadores quando se cidades especiais
- gráficos incríveis
- ótima localização em PT BR
- boa evolução para a qual durante a campanha
- BD-1 tem mais utilidade
Contras
- chefes poucos inspirados
- performance ruim em todas as plataformas
- o tamanho ocupado de 148 GB
- história com altos e baixos
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