Sting ressurge com o peso da nostalgia em ‘The Bridge’
Cadu Costa
Existem músicas e artistas atemporais para quem os anos são apenas detalhes de uma obra que transcende qualquer época. Assim como existem aqueles que ficam perdido em um tempo e fama anteriores onde a evolução não faz sentido.
O cantor britânico Sting, um ícone dos anos 70/80 graças ao seu trabalho solo e claro, como líder da banda The Police, é um misto dos dois exemplos. Apesar de seu inegável talento e fama, seu novo álbum The Bridge é o Sting em sua forma mais parecida com o Sting. Ou seja, vai saciar os fãs do The Police, bem como apresentar os mesmos toques de jazz e pop de sua própria era.
O melhor exemplo disso é a faixa que abre o disco, “Rushing Water”. Basta os primeiros acordes entrarem e a voz de Sting aparecer e temos a impressão de estarmos em 1985. Ou se tivermos a memória aguçada, a segunda música “If It’s Love” poderia muito bem estar na trilha sonora de algum desenho da Disney de 1990 em diante.
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Bom e ruim
Mas, é claro que The Bridge é bom, vamos ser sinceros. Apenas está fora do seu tempo. A música é confortável demais para qualquer conflito ou crítica mais contundente, afinal há mais do que o suficiente aqui para satisfazer os ouvidos carentes de boa música. A voz de Sting ainda soa ótima, também há uma nitidez melódica bastante característica.
Então, o que há de errado com The Bridge? O mesmo que o faz ser um bom disco. Em uma época de streaming e consumo aleatório de músicas, um álbum de 20 músicas soando exatamente iguais às canções de outro tempo não parece a melhor opção de diversão. A mesma textura de Sting e The Police está por todo o trabalho.
The Police e Sting em estado puro
Pegue “Loving You”, por exemplo. Desafiamos quem não ficar na expectativa de quando irá ouvir um “ROOOOXANNEEEEE” no meio da música. E aquele sax de “Harmony Road” então? Alguma mensagem na garrafa que não percebemos, talvez? Ok, sem trocadilhos, mas essa prole de coincidências poderia ser menor.
Nas letras, há uma conexão entre pessoas, vida e morte que dá a ideia de um álbum conceitual, mas essa ponte não é tão nítida e limpa quanto seu último disco de 2016, o elogiado 57TH & 9TH. Porém, mais uma vez, The Bridge tem seus méritos como um disco para ser apreciado num ambiente mais introspectivo. Você, uma sala meio escura, sua bebida favorita e todos os pensamentos que sua mente puder forjar. Se essa for sua vibe, vá em frente e aproveite. Caso contrário, vá logo para Ghost in the Machine, o renomado álbum do The Police de 1981, vencedor de três Grammys.
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