Superando dificuldades, Festival do Rio chega à 20ª edição

Cadu Costa

Foi na luta, cinéfilos, mas foi merecido. Superando diversas dificuldades financeiras, enfim temos a 20ª edição do Festival do Rio. A abertura do grande evento de cinema aconteceu no Cine Odeon, na Cinelândia, nesta última quinta-feira (01/11). A noite de gala contou com a presença de diversos artistas e a exibição do filme “As Viúvas”, de Steve McQueen. Durante todo o festival serão 200 títulos de 60 países exibidos em 20 locais da cidade. O encerramento, aliás, será com a exibição de O Grande Circo Místico, de Cacá Diegues, o representante do Brasil na corrida pelo Oscar em 2019.

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JULIA LEMMERTZ NA ABERTURA DO FESTIVAL COM O FILME “AS VIÚVAS” | FOTO: DIVULGAÇÃO| FESTIVAL DO RIO 2018

A falta de patrocinadores provocou o adiamento do festival, que deveria ter sido realizado nas primeiras semanas de outubro, e quase o cancelamento do mesmo. Prova disso é termos 50 filmes a menos que em 2017 e 150 a menos que em 2014.

— Estivemos na iminência de não ter o festival. Mas contamos com a ajuda de parceiros e amigos para conseguirmos. Este festival é da democracia e da diversidade e que procura abraçar tudo que acontece no Brasil e no mundo. E continuaremos assim porque juntos somos fortes. Cultura é fundamental para o desenvolvimento de um país, cultura é indústria, cultura gera emprego, cultura paga impostos, cultura é a arma mais poderosa de uma nação – disse uma das organizadoras do festival, Valquíria Barbosa, sendo ovacionada em seguida.

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Em vários momentos pensamos em recuar. O que entregamos hoje à cidade é resultado de um esforço enorme. Quero agradecer aos nossos patrocinadores que, faço questão de dizer, nos apoiaram por meio da Lei Rouanet, afirmou a outra organizadora do evento, Ilda Santiago, sendo também muito aplaudida. Inegável o clima político e de luta (justa) na fala dessas duas grandes mulheres.

WALKIRIA BARBOSA E ILDA SANTIAGO – FOTO: DIVULGAÇÃO | FESTIVAL DO RIO 2018

Voltando à programação, teremos muitas variedades como a exibição das novas obras dos diretores consagrados Spike Lee, com o seu premiado em Cannes “Infiltrado na Klan”, Lars Von Trier (A Casa Que Jack Construiu”), Gus Van Sant (A Pé, Ele Não Vai Longe”), Jean-Luc Godard (Imagem e Palavra”), entre diversos outros estrangeiros. Além deles, veremos Imagine”, de John Lennon e Yoko Ono;  o vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim, Não Me Toque, de Adina Pintilie e os premiados no Festival de Cannes, Assunto de Família” (Palma de Ouro), de Hirokazu Kore-Eda e Em Chamas” (Prêmio da Crítica), de Lee Chang-dong.

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Este ano teremos seis mostras: Panorama, Expectativa 2018, Première Latina, Midnight e Film Doc e uma das mais aguardadas, a Première Brasil, que vai exibir os títulos mais cobiçados de diretores estreantes e consagrados do nosso cinema. As sessões de gala dessa mostra serão divididas entre o Estação Net Gávea, Estação Net Botafogo e Cine Odeon. As já tradicionais sessões populares seguidas de conversas do público com realizadores e atores dos filmes terão lugar no Centro Cultural Cine Odeon e no Estação NET Rio. Teremos ainda sessões ao ar livre no MAC em Niterói e exibições de filmes em Nova Iguaçu, São João de Meriti, São Gonçalo e Tijuca através do apoio do SESC RJ. O mesmo ocorre em São Paulo, também numa parceria SESC SP.

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Ao todo, serão 84 obras brasileiras a serem vistas no evento. De quebra, quatro longas clássicos do cinema nacional serão exibidos em versões restauradas: Rio 40 graus (1955) e Rio Zona Norte (1957), ambos de Nelson Pereira dos Santos – morto em abril deste ano –, Pixote: a lei do mais fraco (1981), de Hector Babenco, e Central do Brasil (1998), de Walter Salles. O Festival do Rio também trará uma série de convidados especiais do exterior – entre eles, o diretor francês Olivier Assayas, dos filmes premiados Acima das Nuvens” (2014) e Personal Shopper” (2016).

CHICO DIAZ, BRENO SILVEIRA, BARBARA PAZ E ANTONIO PITANGA – FOTO: DIVULGAÇÃO | FESTIVAL DO RIO 2018

Também serão distribuídos no festival os prêmios Felix, para filmes de temática LGBT, para o qual concorrem 29 títulos, e Geração, para um dos seis filmes direcionados ao público infanto-juvenil.  As obras brasileiras têm a oportunidade de concorrer aos tradicionais Troféu Redentor, Novos Rumos e à Première Brasil, que recebem o Prêmio Petrobrás de Cinema. Haverá também oportunidades de negócios com a área RioMarket, um dos maiores eventos do mercado do audiovisual do país, que este ano será na Casa Firjan, em Botafogo. A programação inclui seminários, workshops, masterclasses e rodadas de negócios. Ótima chance para parcerias produtivas.

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Festival do Rio, junto com a gravadora Biscoito Fino, trará música no dia 9, dentro do formato Sofar Sound, um modelo onde as pessoas pagam por shows surpresa, em locais secretos, de artistas que elas não sabem quem são. No sábado, dia 3, a Orquestra Petrobras Sinfônica se apresenta no Teatro Rival, na Cinelândia, um repertório de trilhas sonoras dançantes dos anos 1970 e 1980.

O Festival do Rio 2018 acontece do dia 1º a 11 de novembro.

A programação completa você vê no site http://www.festivaldorio.com.br/

Cadu Costa

Cadu Costa era um camisa 10 campeão do Vasco da Gama nos anos 80 até ser picado por uma aranha radioativa e assumir o manto do Homem-Aranha. Pra manter sua identidade secreta, resolveu ser um astro do rock e rodar o mundo. Hoje prefere ser somente um jornalista bêbado amante de animais que ouve Paulinho da Viola e chora pelos amores vividos. Até porque está ficando velho e esse mundo nem merece mais ser salvo.
NAN