Superman Entre a Foice e o Martelo animação

‘Superman: Entre a Foice e o Martelo’ | CRÍTICA

Fernando Coutinho

Para os não iniciados no mundo dos quadrinhos, é bom avisar que Superman: Entre a Foice e o Martelo (Supeman: Red Son, no original, ou Filho Vermelho, em tradução livre) se baseia em uma minissérie da linha Elseworlds, aqui no Brasil chamada de Túnel do Tempo.

É definido como a linha “onde os heróis da DC Comics são removidos de seu universo habitual e situados em cenários incomuns. Alguns desses cenários existiram ou podem ter existido, enquanto outros são totalmente inovadores”. Na prática, funciona como a linha “What If…” – por aqui chamada de “O Que Aconteceria Se…” – da Marvel.

Outro detalhe é que o longa apenas se baseia na HQ original, como foi dito acima. Com isso, para quem conhece a história original, irá notar que várias adaptações foram feitas, inclusive em relação ao desfecho da história, tendo o “epílogo” completamente limado.

A trama

Isto posto, temos, então, em Superman: Entre a Foice e o Martelo, uma história de uma realidade alternativa, onde a nave que trouxe o bebê Kal-El do planeta Kripton caiu na antiga União Soviética ao invés de cair em solo norte-americano. Com isso, ele foi criado de acordo com os ideais comunistas.

Ele surge ainda criança fugindo de outras crianças que provocam bullying contra ele. Na verdade, a fuga era por ter recém-descoberto seus poderes e receio pelo que poderia causar nas outras crianças se revidasse. Nesse episódio, ele é defendido por Lana, a quem revela então seus poderes para explicar a situação, e de quem recebe o conselho que tais habilidades devem ser usadas para o bem do Estado.

Já crescido, Superman é a maior arma e peça de propaganda soviética. É tratado por Stalin como um filho, numa espécie de relação paternal manipuladora.

Por outro lado, temos os Estados Unidos em uma situação complicada, de crise no capitalismo etc. O maior cérebro do país, Lex Luthor, se incumbe da iniciativa de manter a segurança do país contra a ameaça comunista e, obviamente, de sua maior arma, o Superman.

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Superman Entre a Foice e o Martelo

Temáticas atuais

Ao receber de Lois Lane informações sobre os gulags (espécies de campos de concentração soviéticos), Superman que, até então, ainda mantinha sua crença no comunismo de forma idealista (quase utópica), é despertado para as mazelas de seu sistema.

A relação com Stalin, já um tanto abalada por questionamentos do herói  ao ditador acaba ruindo de vez,  com o o herói desintegrando o líder comunista com sua visão de calor, assumindo o país e o compromisso de ampliar a influência soviética.

Assim, temos, a partir de então, a Mulher-Maravilha como fiel seguidora e apoiadora das ideias do Superman. Interessante que aqui a Amazona, após um “avanço” calculado do herói, deixa claro que vem de uma ilha somente de mulheres, e que, por isso, são elas que a interessam.

Em seguida, temos o ataque do “Homem Superior” criado por Lex Luthor – uma versão do Bizarro; de Brainiac, que acaba encolhendo uma cidade russa antes de ser derrotado e reprogramado pelo Superman; do Batman psicopata, que usa táticas de guerrilha contra o regime ditatorial e explode locais públicos para chamar a atenção do Superman; bem como de uma Tropa de Lanternas Verdes, liderada por Hal Jordan, contando também com John Stewart e Guy Gardner, entre outros soldados, quase dizimada pelo Superman.

Superman Entre a Foice e o Martelo crítica

Alterações com relação à obra original

O final, de certa forma previsível, acaba trazendo alguma redenção para o Superman e um estado de paz para o mundo. E, aqui, reside provavelmente a grande falha na adaptação da obra original, que dá um salto de milhões de anos no futuro trazendo o destino da Terra e criando um paradoxo ou loop temporal bastante interessante, sendo talvez a maior surpresa da história.

Enfim, Superman: Entre a Foice e o Martelo é uma animação que vale a pena ser assistida e analisada sob o ponto de vista político-ideológico que apresenta. E também procurar e ler a obra original, claro. Não por uma ser melhor que a outra, mas por ambas serem interessantes com suas diferenças.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Superman: Red Son
Direção: Sam Liu
Roteiro: J.M. DeMatteis, baseado na obra de Mark Millar
Elenco: Jason Isaacs, Roger Craig Smith, Diedrich Bader, Amy Acker, Vanessa Marshall, Paul Williams
Distribuição: Warner Bros. Home Entertainment
Data de estreia: ter, 25/02/20
País: Estados Unidos
Gênero: animação
Ano de produção: 2020
Duração: 84 minutos
Classificação: 14 anos

Fernando Coutinho

Profissional e professor de TI, é nerd desde antes do termo virar moda e da Internet ganhar o mundo. Antenado em tecnologia, literatura, filosofia, quadrinhos, filmes, séries, fotografia e boa música. Acredita que A Verdade Está Lá Fora e ao mesmo tempo dentro de cada um.
NAN