Ao Seu Lado
Crítica do filme
A aclamada atriz Vera Holtz abriu as portas de sua casa em Mongaguá e suas intimidades para o público no belo documentário As Quatro Irmãs, dirigido por Evaldo Mocarzel (Até o Próximo Domingo).
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Na última quinta-feira, a artista recebeu a imprensa para responder a perguntas sobre a composição do longa em formato intimista. Ao contrário do que estamos acostumados em ocasiões do tipo, ela chegou com antecedência à exibição, tomou chá com os jornalistas, conversou sobre o que vem por aí na 42ª Mostra Internacional de Cinema e assistiu ao filme ao nosso lado, para, depois, na mesma sala do CineSesc São Paulo, na Rua Augusta, contar um pouco dos bastidores e de como chegaram ao produto final.
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– Me emocionei para valer. Principalmente por ver minha irmã Tereza na tela, que veio a falecer no meio do ano passado. É um filme ligado diretamente com a minha família, sobre as lembranças que eu tenho e as memórias que estão sendo esquecidas por mim aos poucos. É uma epifania reviver tudo isso na tela grande pela primeira vez, revendo essas pessoas queridas da vida, revelou a atriz.
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As Quatro Irmãs mostra um composição sensorial e artística unindo fatos reais da vida de Vera ao filmar conversas entre suas irmãs na casa em que viveram parte da infância e alguns takes surrealistas. O diretor Evaldo Mocarzel, aproveitando o gancho da brincadeira sobre a perda de memória ser a pior tragédia a acontecer com um ator, falou sobre a trama onde Vera vai ao encontro de suas memórias passadas para resgatar tudo o que foi perdido, relembrando sua trajetória junto às suas irmãs e aos seus pais, já falecidos.
– É um filme sobre as quatro irmãs: Teresa, Rosa, Vera e Regina. Resgatando a memória, transitando por esse casarão. Eu não podia transformar o filme numa ego trip da Vera ou num vídeo caseiro, de memórias. Procurei referências para conseguir criar um produto complexo, de linguagem narrativa que vai além do documentário e da ficção, e o clima dos bastidores foi muito bom. As irmãs de Vera faziam comida a todo o momento, como bacalhau do “pai Pedro”, disse o cineasta.
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Ao falar sobre as quatro irmãs, Vera Holtz menciona que elas são uma extensão de si mesma, juntando também as memórias sobre sua mãe. A partir disso, como tive tempo para fazer perguntas com exclusividade, questionei se ela as reconhecia em algumas personagens que já interpretou, seja na novela ou no cinema.
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– Sim! Dependendo da personagem e do lugar… Vamos falar, por exemplo, da última personagem, de “Orgulho e Paixão”. Ela tem sotaque carregado, tinha um pouquinho do Doda, que está no filme, tinha um pouquinho da minha irmã Rosa, um pouquinho da Joana, uma prima minha… então eu coloco um pouco do ritmo da fala, postura, olhar, sempre estou procurando nesse acervo familiar, que pode ser memória de amigos também, afirmou a atriz.
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A artista comentou ainda sobre a preferência de alguns atores por fazer uma imersão no próprio personagem e se distanciarem de experiências próprias.
– Há personagens que não têm nenhuma. Você pega, por exemplo, a “Lei do Amor”, uma personagem terrível. Você cria, pega referências externas na literatura ou cinematografia, porque não tem um arquivo pessoal de maldade, atitudes negativas, ou até mesmo posturas de rei, rainha, czar… tenho que procurar por fora. Mas para fazer personagens mais próximos, como, por exemplo, alguém de região mineira, no interior de São Paulo, gaúcha, aí se tem uma referência própria, contou Vera.
E quando é preciso chorar?
– Mato meus cachorrinhos, disse a atriz aos risos, acrescentando: Porque aí é memória emotiva, pois na nossa profissão é um instrumento de trabalho você utilizar memória emotiva para referência como algo que possa realmente te machucar e você conseguir chorar, finalizou.
As Quatro Irmãs será exibido na 42ª Mostra Internacional de Cinema e foi disponibilizado para a imprensa em uma pré-exibição, antecedendo as cabines de imprensa da Mostra. O filme estreia em circuito nacional em dezembro.