Ao Seu Lado
Crítica do filme
Sinceramente me questiono por que algumas franquias tem de se prolongar tanto até que um fiasco apareça no fim de tudo? Alguns dizem que foi assim com a trilogia do Homem-Aranha, outros mencionam Jogos Mortais (desandou um pouco no meio), dentre outras franquias que seriam soberanas se tivessem de parar no tempo certo.
Não é nada diferente com Atividade Paranormal – Marcados pelo Mal. O filme que ganhou diversos prêmios, foi aclamado nos sete mares pela sua introdução no primeiro longa, começa a desandar seriamente na ”sequência”.
Escrito por Christopher Landon, o spin-off apresentará um elenco latino no meio das investigações de um fenômeno sobrenatural dentro da Igreja Católica. Voltado para o mercado latino-americano, o diretor tentou ao máximo equilibrar tudo que viesse acontecer com os atores neste longa. Devido ao sucesso da franquia “Atividade Paranormal”, esse spin-off tem uma temática voltada para a cultura latina, incorporando elementos de catolicismo na trama sobrenatural. Mas, de boa, não afeta nem o cérebro de ninguém. O famoso Jump Scary não funciona aqui.
No filme, Jesse (Andrew Jacobs) é um adolescente latino do subúrbio de Los Angeles que, após acordar com uma estranha marca em seu corpo, começa a ser perseguido por forças misteriosas, enquanto sua família e amigos tentam salvá-lo. Tudo que acontece com Jesse é pra lá de esquisito mesmo, de todos os longas até agora, este é o que pareceu ser mais legal inicialmente, ver o menino ganhando poderes incríveis depois de visitar uma casa de uma ”bruja”. Pois é… Aí que o caldo desanda mesmo. Pense… em todas as franquias. Nada foi feito desta forma. Você tenta inovar e se vê num mar de rosas cheias de espinhos. O roteiro não funciona muito bem, há furos, que verão por si próprios (sim, eu sei que todo longa tem furos no roteiro), mas acho que um longa de suspense deveria ter o mínimo possível, senão não funciona direito.
Um dos ”furos’ é que a produção tem mais cenas cômicas do que necessariamente suspense. É meio que besteirol, tendo, inclusive, uma soma de gírias e palavrões por parte dos protagonistas, que deixa o sangue quente de raiva. É ”C’mon bro, what the fuck” pra lá e pra cá. O filme é mais uma espécie de produções a la Chris Tucker com Ice Cube (pela quantidade de gírias e xingamentos) do que necessariamente algo que venha a entreter de forma apavorante. Aliás, apavora sim, mas pela parte cômica em si. Ou seja, são Marcados pelo Mal ou pelo Espírito do Jackie Chan e Mr. Bean para fazer do longa algo cômico ou quem sabe irrisório?
Sim sim, há sim, cenas que prendem, mas nada que fizesse com que minha nota aumentasse, afinal, por mais que eu não queira reconhecer, os longas anteriores, especialmente o primeiro, tiveram sim algo de bom, e posso afirmar que senti medo no primeiro.
Agora, abusar da cena dos olhos negros ou brancos para tentar impor supremacia no quesito pavor, sinto muito, mas dá até asco. Eu sinceramente previa que haveria possessões, afinal, no trailer aparentava isso, mas me decepcionei ao ver que não era algo tão legal quanto pensava.
O mais bizarro de tudo foi ver no telona aquele antigo jogo Genius em que você memorizava as cores e as tocava em sequência, responder SIM ou NÃO à todas as perguntas de Jesse. ”Ah c’mon man”! Para quem assistiu filmes e filmes de terror, especificamente com ”espíritos zombeteiros”, satânicos e afins, sabem que tais espíritos não podem possuir objetos, então está aí um furo ”toscão” que me irritou seriamente.
Aliás, o que você faria se descobrisse que tem super poderes? Que pode flutuar, super força, voar, dentre outras coisas tão clichês que o filme realmente aparentou mais ser algo super heróico do que um suspense/terror. Todos sabemos que Atividade Paranormal – Marcados Pelo Mal é um derivado da franquia, e sim, é verdade, pois não foca na família Kristi, mas há algo familiar que nos leva ao filme 4.
Pode ser sim chamada de sequência (5), uma vez que há elementos dos filmes 2 e 1, ainda que de forma totalmente estranha. Para quem realmente curtiu a franquia até agora, provavelmente vai gostar desta peça, ainda que de forma muito bisonha.
Um outro elemento bizarro foi o uso de portais dimensionais para chegar sabe-se lá onde, até que a cena final leva você a um local que, se você não assistir nenhum dos longas (especialmente o primeiro), não entenderá nadinha do que acontece.
A cena final é horripilantemente cômica, sem nexo, e que, apesar de criar uma conexão com os longas anteriores, na minha concepção, não deveria de ter sequer acontecido, afinal ela tenta tapar um buraco como foi feito perfeitamente na franquia Velozes e Furiosos.
Estou certo de que o diretor Christopher Landon, que dirigiu as sequencias 2,3,4 de Atividade Paranormal, sentiu na alma que deveria unir os filmes mesmo, mas ficou ”tão tosco, tão tosco” que a tal viagem no tempo parecia ter acontecido a um tempo totalmente descabido de sentido, como se houvesse viajado 100 anos atrás.
Não sei onde, mas li que a plateia se apavorou ao assistir o longa que teve pré-estreia em algumas cidades. Santa inocência.
Liguem os celulares e joguem Pou, ou quem sabe assistam ao famoso filme do Pelé, pois este longa é perda de tempo.
BEM NA FITA: Há efeitos especiais interessantes, especialmente do portal que distorce a realidade quando Jesse é benzido.
QUEIMOU O FILME: Quase que tudo, roteiro, fotograria, atores (que não possuem uma boa interpretação), etc etc.
FICHA TÉCNICA:
Diretor: Christopher Landon.
Elenco: Richard Cabral, Carlos Pratts, Eddie J. Fernandez, Jorge Diaz, Andrew Jacobs, Crystal Santos, Gloria Sandoval, Kimberly Ables, Jindra Lucy Chambers, Tonja Kahlens
Produção: Christopher Landon
Roteiro: Christopher Beau Landon
Fotografia: Adriano Goldman
Trilha Sonora: Gustavo Santaolalla
Duração: 73 min
Ano: 2013
País: Estados Unidos