Não é de hoje que o canal CW vem criando crossovers no decorrer de sua existência. Não estamos falando somente no mundo dos ‘heróis’, mas isso também aconteceu, por exemplo, em The Vampire Diaries / The Originals.

Tivemos diversos crossovers no passado entre Arrow e Flash, Arrow e Legends of Tomorrow, mas agora, chegou o momento verdadeira ‘Liga da Justiça’ aparecer. O oitavo episódio da segunda temporada de Supergirl, “Medusa”, deu início ao primeiro crossover que reuniria praticamente todos os heróis do universo da DC. Todos poderiam crer que seriam mais heróis do que fora mostrado para conter uma ameaça tão grande quanto foi o caso da Terra de Barry Allen ao ser invadida por aliens (uma referência ao arco Invasão), que também teve sua ilustre homenagem no desenho da Liga da Justiça nos três primeiros episódios da série.

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Canário Branco, Nuclear, Speedy, Supergirl, Átomo, Onda Térmica

Aqui, pra variar, tivemos uma certa perda de tempo, pois todo o episódio da super-moça teve como foco um vírus criado pelo pai biológico de Kara para defender o povo de Krypton de ameaças externas, na verdade um projeto chamado Medusa. O vírus extermina qualquer raça alienígena, menos humanos e kryptonianos. A arma pode ser utilizada através de um ativo dissipado pelo ar. Mas o que isso interessa se o o foco central dos quatro episódios seria um crossover? Por que gastar longos 39 minutos do seriado mostrando que o Flash estaria tentando chegar à terra de Kara, mas não vinha conseguindo e somente no finalzinho do episódio conseguiu? Por fim, tudo termina bem, apesar dos pesares, Kara salva o dia, até rola aquele beijinho com Lar Grand, e Barry (Grant Gustin) aparece na casa da heroína pedindo ajuda.

Cão Raivoso, Retalho, The Flash, Senhor Fantástico

Cão Raivoso, Retalho, The Flash, Senhor Fantástico

O maior erro do crossover é que, se você sabe que enfrentará uma raça alienígena boladona, que tá invadindo toda a Terra, por que não chamou o primo (Superman), ou o Caçador de Marte, ou até mesmo Lar Grand (Mon-El)? Esse erro resvala também para a próxima série onde dá-se continuidade ao encontro dos heróis. Aliás, se Kara enfrentou o projeto medusa que extermina raças alienígenas, poderia muito bem ir à sua Terra e buscar essa ferramenta e aniquilá-los facilmente, mas e aí? Será que isso acontece?

Indo ao encontro ao seriado de Flash, ele tenta mostrar como tudo aconteceu 10 horas antes de Barry ir buscar Supergirl na sua terra. Ainda que cada série viva em seu próprio universo paralelo, todas elas tem por lógica compartilhar o mesmo mundo, ainda que televisivo ou cinematográfico e, por isso, a invasão alienígena, que inicialmente assola Central City, logo se espalha pelo mundo e todos os heróis precisam se movimentar para proteger o planeta. Isso também acontecerá em Liga da Justiça nos cinemas, quando Darkside decidir vir à Terra. Mas, voltando ao seriado, não interessa se Kara está em outra terra paralela ou as lendas estão salvando o mundo indo do passado ao futuro. A melhor parte de todas em Flash, além do rapto de alguns heróis, foi a forma como transformaram o Star Labs no mesmo formato do Palácio da Justiça como podem ver abaixo. Ficou idêntico ao palácio nos desenhos dos famosos Super Amigos, lembram?

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Palácio da Justiça / Star Labs

Ainda que o crossover sirva principalmente para unir os heróis numa proporção jamais vista antes nas telinhas, cada um dos programas tem sua própria trama para explorar, além de participar do encontro. E é aí onde mora o problema em certos ‘nuances’. Na verdade o contato com os aliens é bem pouco durante os três primeiros episódios (Supergirl, The Flash e Arrow), visto que o capítulo da super-moça gastou todo seu tempo com o projeto Medusa, o do Flash passou mais tempo juntando o time e mostrando as ameaças que os aliens trouxeram ao nosso sistema solar, e – para variar – em Arrow, por ser o centésimo, muita coisa aconteceu. Por terem raptados alguns heróis, os aliens começaram a dominar sua mente, e com isso certas viagens bem estilo ‘Pink Floyd’ começaram a aparecer. Por conta do histórico número de 100 capítulos, houve uma bonita homenagem ao Arqueiro Verde. Seus maiores temores apareceram. Pelo lado de galeria de vilões, o Exterminador, Damian Darkh e o Arqueiro Negro assombram a mente do herói. Enquanto sua família vive numa felicidade só, Oliver Queen está praticamente de casamento marcado com Laurel Lance, e aí vem aquela menção ao episódio do desenho da Liga da Justiça (Para o Homem Que Tinha Tudo), que também apareceu em Supergirl quando foi atacada pela planta alienígena chamada Clemência Negra. As características são muito similares à trama originalmente publicada em 1985 na revista americana Superman Annual” #11, pois a vida que Oliver Queen, Thea, Sarah, Diggle e Ray Palmer estão levando enquanto dominados mentalmente pelos aliens é tudo que eles sempre quiseram, sabe? Quando então, tudo se desmorona como se fosse um sonho qualquer. Foi algo legal de se ver, mas, como mencionado, as três séries perderam muito tempo em suas tramas próprias e removendo aquele crossover definitivo. Exemplo disso é que só vimos o team Arrow quando chegou no episódio do mesmo. Só foi possível assistir à Vixen e ao Cidadão Aço quando chegou ao capítulo de Legends of Tomorrow.

Sabemos que, a logística necessária para unir todos os heróis e seus colegas é complicada e por mais que hoje todas as séries sejam rodadas no mesmo estúdio em Vancouver, os calendários são bem diferentes. Unir tamanhas ‘lendas’ como Flash, Arrow, Legends of Tomorrow e Supergirl como um time em apenas quatro episódios, totalizando um filme de quase que duas horas e meia de pura adrenalina, acaba sendo um evento que poderia ter sido melhor aproveitado. Esse episódio Medusa poderia ter sido outro à parte do crossover.

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Em Legends of Tomorrow, o tempo gasto tem a mesma proporção com os demais episódios anteriores. Aqui tudo é resumido ao Flashpoint. Flash é a razão pela qual os alienígenas querem exterminar a Terra. Em total condição de renda-se ou veja seu mundo perecer, Barry está acoado, mas ao mesmo tempo com seus amigos ao redor dando-lhe força para a luta final, o mesmo decide não desistir e ir para a batalha. Enquanto isso, o time Legends of Tomorrow tenta acertar o futuro do planeta viajando ao passado ao descobrir que a ameaça que está em seu próprio ambiente, que já esteve aqui antes, em 1951. Praticamente todos os quatro episódios dão a entender que tudo que acontecer daqui pra frente é culpa do Flashpoint ocasionado pelo velocista escarlate. Além disso, esta foi uma boa oportunidade para avançar a história de Wally, aliás, de todos que ali estão.

O crossover tinha a finalidade de fundir os heróis e fazer com que se tornasse o maior evento da DC nas telinhas e, olhando por esse ângulo, até que funcionou bem. Para evitar que muitos heróis estivessem juntos em uma mesma cena, fizeram com que o time da Supergirl estivesse em seu episódio, o time Flash, ficasse em seu episodio, assim como Arrow e Legends, cada um tendo seu tempo correto de aparecer. Foi legal ver que não esqueceram o Cão Raivoso, Retalho e Senhor Fantástico. Trabalharam bem com intuito de ajudar o mundo, mas ficaram ali, somente no episódio da série do Arrow, pois não eram heróis protagonistas.

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Mas o maior defeito mesmo de todo esse crossover foi a perda de tempo com o episódio da Supergirl (desnecessário falar que foi crossover quando só utilizou 30 segundos para introduzir Flash e Vibro), gastar maior tempão com flashbacks do Oliver Queen e momentos felizes dele com a família, e ver seus maiores inimigos confrontado-o. O problema do professor Stein com sua filha em Legends of Tomorrow também foi outro pé no saco, correto? Enquanto isso, os aliens mesmo pouco apareceram. Se tiveram 10 minutos de 44 que cada série possui, foi muito. Com diversas referências aos quadrinhos e muito tempo gasto com besteira e itens desnecessários, o crossover que tinha de tudo para se tornar algo épico, apesar dos pesares, acabou virando farinha do mesmo saco e sendo mais um furo da DC.