Ao Seu Lado
Crítica do filme
‘Divaldo – O Mensageiro da Paz‘ é sobre Divaldo Pereira Franco, professor, médium, filantropo e orador espírita brasileiro.
Estamos na cidade de Feira de Santana em 1933 quando começamos a acompanhar a história, vendo o pequeno Divaldo, ou Didi, no seio familiar. O garoto não quer dormir longe da irmã, a qual vai se casar e está de mudança. Enquanto todos os irmãos dormem tranquilos e profundamente, Didi sofre por ver coisas que ninguém mais vê: espíritos. Automaticamente lembrei do filme “O Sexto Sentido” de M. Night Shyamalan.
Enfim, fica claro que não é fácil ser médium. Inclusive, o pai de Didi não o compreende e a procura por ajuda na igreja católica se mostra infrutífera.
Inclusive, os filmes espíritas são um nicho importante do cinema brasileiro, o qual já nos trouxe bons exemplares como ‘Nosso Lar‘ e ‘Chico Xavier‘ que atingiram grande público. Ademais, devo ressaltar que quando essas iniciativas vem com a intenção de funcionar primariamente como cinema a mensagem alcança mais pessoas.
Afinal, ‘Divaldo – O Mensageiro da Paz‘ é bem escrito e dirigido por Clóvis Mello. Tanto o roteiro quanto a direção estão redondos, levando um filme naturalista e biográfico com eficiência.
Impossível não ser tocado pela atuação intensa de Laila Garin como Dona Ana, mãe de Divaldo. Sem dúvidas, ela é responsável por alguns dos momentos mais emocionantes da película. Assim como deve-se destacar Marcos Veras, muito conhecido por seu trabalho com humor. Contudo, aqui, Marcos ganha mais uma chance de mostrar outra faceta – e faz com competência um espírito atormentado e perturbador. Personagem vingativo sempre em busca de tirar Divaldo dos eixos.
Definitivamente os elogios ao elenco não terminaram ainda, pois Regiane Alves é a união perfeita de doçura e firmeza como o espírito amigo – guia – de Divaldo Pereira Franco.
Álamo Facó tem participação rápida, porém marcante, como o mais famoso médium brasileiro, Chico Xavier. Além disso, Guilherme Lobo traz a sensibilidade e a confusão que o jovem Divaldo pede, juntamente com uma amizade fraterna com Bruno Suzano (de ‘Belchior – O Musical‘), eficaz como Nilson, fiel escudeiro e companheiro. A química entre eles é evidente e acrescenta ao filme. Bruno Garcia finaliza a história como um Divaldo mais maduro, efetivo em representar austeridade, resignação e maturidade, pois a felicidade não é a ausência da dor, mas a compreensão de sua finalidade.
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O filme apresenta os contrastes entre a religião católica e a espírita, porém, diferentemente de ‘Kardec‘, onde o contraponto é mais evidente, aqui a mensagem maior é de união, pois Deus é um só. Os ensinamentos sobre a morte segundo a filosofia espírita tem grande destaque em passagens como “Nada acontece sem a vontade de Deus”.
Na cena em que Divaldo pega o trem, o diretor deixa claro que ali o médium inicia nova fase indo para o mundo, deixando a família e o passado para trás com o intuito de ir de encontro a sua missão.
Em síntese, o longa-metragem ensina sobre a utilização do amor e da compreensão para auxiliar o próximo – seja nesse ou em outros planos. Afinal, a humildade não deve vir da retórica, mas sim do exemplo, e assim o protagonista é apresentado em um bom exemplar da versatilidade do cinema brasileiro. ‘Divaldo – O Mensageiro da Paz’ é uma boa pedida para quem gosta da sétima arte e tem curiosidade sobre outros mundos.
Título: Divaldo – O Mensageiro da Paz
Diretor: Clovis Mello
Elenco: Guilherme Lobo, Bruno Garcia, Laila Garin, Regiane Alves, Marcos Veras, Bruno Suzano, Álamo Facó
Distribuição: Fox Film do Brasil
Data de estreia: qui, 12/09/2019
País: Brasil
Gênero: Drama
Ano de produção: 2019