Ao Seu Lado
Crítica do filme
Por três décadas, a Fear Factory tem previsto em suas letras, um futuro em que nossas vidas serão tão restritas e controladas que nossa própria humanidade começará a se corroer. Isso te lembra algo? Bom, seu 10.º álbum, “Aggression Continuum” não é só a resolução brutal deste aviso, mas também é o fim de uma era.
Primeiramente, para quem não conhece, Fear Factory é uma banda norte-americana de metal industrial extremo formada pelo guitarrista Dino Cazares, o ex-baterista Raymond Herrera e o vocalista Burton C. Bell. Donos de um som extremamente pesado e ao mesmo tempo carregado de uma melodia tecnológica, já excursionaram com bandas como Black Sabbath, Pantera, Megadeth, Iron Maiden, Slayer, Dream Theater, Ministry e Rammstein. Além disso, tocaram em três edições do Ozzfest e inauguraram o festival Gigantour. Seus álbuns, em suma, já chegaram a permanecer na Billboard e seus singles ficaram nas paradas da Mainstream Rock, ambos nos Estados Unidos.
Então, assim, sabemos não se tratar de uma banda novata. No entanto, a Fear Factory é persistentemente problemática, com muitas brigas internas, bem como disputas legais eternas entre seus integrantes. Só pra ilustrar, este é o último disco do agora ex-vocalista Burton C. Bell. Bom, que seja então porque este é um belo canto do cisne. Sua voz única, variando de um gutural de estourar o peito à melodia sombria e onírica, é ouvida já com um certo saudosismo. Na apropriadamente intitulada “End Of Line”, ele lamenta repetidamente ‘Como isso pode ser realidade?’ parece tanto uma despedida quanto um grito de desespero fechado.
A Fear Factory apresentou um grande desempenho em “Aggression Continuum“. É dinâmico, emocionante, pesado como o inferno e lindamente emotivo, tudo ao mesmo tempo. Há uma fórmula em uso aqui, com certeza, mas é uma que poucas bandas poderiam replicar. “Disruptor” é uma volta à sua fase mais rebelde e melodiosa, assim como a faixa de abertura “Recode” e o requintada “Manufactured Hope” que equilibra escuridão e luz tão efetivamente quanto qualquer coisa em seu conhecido repertório. O caos evolui para um caos afinado, pesado como Godzilla, e há até mesmo uma referência ao clássico álbum “Demanufacture”, de 1995, na música “Cognitive Dissonance” . Lindo de ouvir.
Por fim, esta encarnação de Fear Factory está se encerrando com um ato final tenso, agressivo e satisfatório. Não há exatamente nenhum sinal deles adotando novas abordagens, mas criticá-los por isso é como criticar o chocolate por continuar a ter um gosto achocolatado. Essa explosão catártica nos deixa com ouvidos zumbindo e grandes sorrisos, além da aceitação um pouco nervosa de que o presságio distópico de Fear Factory pode ter sido bem fundamentado, afinal.
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