Ao Seu Lado
Crítica do filme
O terror é um gênero difícil de ser feito hoje em dia. Por mais que a categoria tenha tido muitos filmes interessantes recentemente, parece que a falta de ideias no geral traz a sensação de tudo ser copiado ou refilmado. Ou pior: reinventado.
É claro que não poderíamos deixar de citar o filme Espiral: O Legado de Jogos Mortais (Spiral: From the Book of Saw). Sim, é mais uma tentativa de ressuscitar uma franquia que já morreu há mais de 10 anos. Em 2004, o primeiro Jogos Mortais foi incrivelmente bom. Orçamento pequeno, mas uma grande ideia e um final surpreendente transformou o longa na grande franquia de terror dos anos 2000.
A música-tema, o boneco assustador e a motivação do assassino (?) Jigsaw eram realmente impressionantes pra época. Isso sem falar no seu terror nível gore que realmente deixa frios na espinha. Aliás, muito antes de Ari Aster e companhia, já existia o horror comercial com ares de cult, vide também o O Albergue (2005).
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Muito bem, mas aí a franquia começou a enrolar demais e de um ou dois filmes, no máximo três, que poderiam ser bons, viraram oito sendo o último em 2017. Aliás, Jigsaw, o filme, é totalmente ruim e já tentava dar uma reformulada na franquia. O público respondeu negativamente e Hollywood deveria ter deixado isso de lado. Mas não, ela queria testar a fórmula mais uma vez e com outro filme sem graça.
Ou melhor, tentou colocar sim uma graça ao escalar ninguém menos que “Todo Mundo Odeia o Chris” Rock no papel do detetive que busca desvendar todos os crimes de um novo Jigsaw. E ainda temos “Muthafuckin” Samuel L. Jackson como o pai do personagem principal.
O ator parece uma escolha estranha para liderar um renascimento de Jogos Mortais, mas o ator era um fã fanático da série e veio aos produtores com a ideia de um novo filme.
E o que mais pode ser dito sobre isso? É claro que Chris Rock e o diretor Darren Lynn Bousman, retornando à série pela primeira vez após dirigir Jogos Mortais 2, 3 e 4, querem uma reinicialização da série com Espiral: O Legado de Jogos Mortais. Mesmo assim, todos ficam presos nas mesmas velhas armadilhas que já deram errado nos últimos anos.
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O filme começa com um detetive chamado Boswick (Dan Petronijevic), que é despachado em uma desagradável armadilha de metrô. Nos túneis, Bos é obrigado a arrancar sua própria língua enquanto um trem vem em sua direção. Seu amigo, Det. Zeke Banks (Chris Rock) assume a liderança no caso e logo fica claro que o assassino está utilizando os métodos do Jigsaw para atacar os policiais sujos. Banks também tem sua própria história. Ele não apenas é filho de um estimado chefe de polícia, agora aposentado (Samuel L. Jackson), mas Zeke se tornou um policial X-9 há 12 anos e foi condenado ao ostracismo por seus colegas desde então.
Atrelado a um novo parceiro recém-saído da academia (Max Minghella, de The Handmaid’s Tale) e pressionado pela atual chefe (Marisol Nichols), e advertido por seu pai das graves consequências caso o assassino seja de fato um imitador do Jigsaw, Zeke começa a receber mensagens gravadas e lembranças medonhas no correio do assassino – cimentando ainda mais o fato de que um novo acólito de Jigsaw está à solta e que este psicopata está emitindo um julgamento moral sobre toda a força policial.
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O positivo desde novo filme foi lembrar que o Jogos Mortais original , dirigido por James Wan no já citado ano de 2004, era mais um mistério do que um filme de terror, com dois homens acordando acorrentados dentro de uma sala com um cadáver entre eles. A dupla tenta descobrir como todos eles chegaram ali e o que fazer a seguir. Foi apenas com Jogos Mortais 2 que a ênfase mudou para o próprio vilão, Jigsaw, e suas armadilhas cada vez mais complexas e horríveis, tornando a série uma das principais luzes do subgênero chamado ‘torture porn’.
Portanto, o filme Espiral: O Legado de Jogos Mortais não apenas traz a série de volta às suas raízes misteriosas de algumas maneiras – mesmo que seja relativamente fácil de resolver -, mas molda sua história na forma de um procedimento policial. Isso não é ruim. O problema é a história ser rasa e previsível.
Por fim, é claro que o filme deixa a porta aberta para mais confusão, dependendo se as receitas de bilheteria o justificarem. Em um nível criativo, no entanto, não oferece nenhuma peça nova para o quebra-cabeça. Se Espiral pretendia ser uma reinvenção da fórmula da série, ninguém parece ter se esforçado muito.
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