Ao Seu Lado
Crítica do filme
The Handmaid’s Tale voltou para a sua quarta e penúltima temporada com exclusividade no Paramount+. Depois de sofrer um certo atraso devido à pandemia da Covid-19, agora temos o retorno de Elizabeth Moss no papel de June Osbourne.
Antes de mais nada, queremos deixar claro, The Handmaid’s Tale retorna diferente nesta quarta temporada. Ao contrário dos três primeiros anos, onde via-se muita retaliação quanto às aias por serem insubordinadas, fugitivas e muito além, agora temos um novo ano mais temperamental.
Há muito mais daquilo que se aproxima do humano, usando mais da inteligência e menos da brutalidade. Há mais sentimentalismo, há questões muito além do burocrático e em paralelo o fã vai chorar bastante. Principalmente ao chegar na metade da série onde há muito plot twist envolvido.
Ao final da terceira temporada, vimos Fred (Joseph Fiennes) e Serena (Yvonne Strahovsk) praticamente presos e agora estão sob custódia do governo canadense. Assim, enquanto de um lado o casal sofre diversas sanções do governo do Canadá, June ainda tenta escarafunchar métodos para recuperar Hannah visto que seu método para retirar as crianças de Gilead foi concluído com sucesso, mas não como ela gostaria.
June consegue, de certo modo, quebrar o sistema por dentro. Esse sempre foi o objetivo da aia durante toda terceira temporada. Ela contou – e ainda conta – com a ajuda de Lawrence (Bradley Whitford), comandante que a acolhe depois de ter sido expulsa da residência agora destruída.
Nossa protagonista sempre irá contra Fred Waterford, afinal ele não é só acusado de estupro, mas de diversas brutalidades. Assim, precisamos lembrar que isso inclui também ter cortado um dos dedos de Serena lá atrás nas temporadas iniciais. A heroína cria uma rebelião que vai contra Gilead, mas para tudo há dois pesos e duas medidas. Após muito tentar, ao lado de Janine (Madeline Brewer), ela consegue se libertar de Gilead, e, assim muita coisa acontece.
No Canadá, os Waterford ainda colaboram com provas e informações de tudo o que aconteceu em Gilead, na tentativa de uma possível intervenção internacional e, até mesmo, soltura do casal. Mas o que Serena não esperava é que Fred fosse novamente, unir-se a ela. Já no limite de sua resistência, ela acaba cedendo. Agora, ambos estão respondendo sobre crimes e atentados contra a vida humana, mas unidos por uma causa ainda maior. E isso, sem dúvidas, fez valer cada momento desta temporada.
Que June se safaria da opressão de Gilead todos sabiam, afinal algumas cenas vazaram nos trailers da vindoura temporada! No entanto, com a chegada dela ao Canadá, muita coisa ficou confusa. Na verdade, aquele país possui uma atmosfera com misto de sentimentos. Teoricamente a heroína até está livre. Mas Fred e Serena estão logo ali, tendo June que prestar alguns depoimentos contra o comandante e sua amada esposa. Com isso, o tom da série muda totalmente.
Hannah continua presa com Gilead e está assustada ao dar de cara com sua mãe legítima. Ela está bem, saudável e com uma família nova. Ao mesmo tempo a menina está sendo “sacrificada” ao longo do caminho. Afinal, vive sob um regime totalitário e sem muitas regalias. Nesta temporada sabemos para onde ela foi e onde está.
Assim, agora temos uma protagonista iniciando de fato sua verdadeira luta, mesmo que ela diga que ”uma boa mãe deve seguir em frente”. O primeiro ato, no ápice de sua tolerância com tanto mal, foi encabeçar a fuga de crianças. Junto de Marthas, a Aia conseguiu organizar a fuga de diversas crianças para deixarem Gilead.
Desde o primeiro minuto desta temporada, fomos brindados com grandes momentos envolvendo os coadjuvantes. Mckenna Grace rouba a cena em alguns episódios vivendo Sra. Keyes, uma personagem rebelde, turbulenta e subversiva, mas até descartável. Ainda assim, da pra ver que no íntimo da alma, Keyes nada mais é que uma nova June Osbourne que vem por ai. Entupida de estratégias para safar-se, mas que comerá, antes disso, o pão que Gilead ainda amassa com seu sistema opressor!
O final que ela merece é longe de tudo e de todos e próxima de sua filha Hannah e sua nova bebê. Mesmo diante de sua suposta ‘liberdade’ no Canadá, ainda não dá para enxergar um final feliz para June, em meio a tantas tragédias. Ficou muito claro quando ela ouviu que Waterford seria solto em troca de informações privilegiadas. Ela praticamente surtou quando ouviu isso e de imediato ameaçou de morte um agente.
Os riscos que ela correu, nesta reta final, mostram que June está chegando em um pouco que ela não se importa muito mais com sua vida. Também ficou claro numa cena de embrulhar o estomago quando ela e Luke estão na cama, você sabe fazendo o que! Ela está destruída, corrompida por dentro e há bem pouco do que existiu nela antes de ser levada a Gilead. Ela se sente suja e usada por um governo que ruiu qualquer base de direitos humanos. Mas enquanto ela ainda não salvar sua filha, ela ainda precisa lutar. E no caminho, ela ainda deverá salvar mais pessoas ou condenar-se até lá. Talvez até chegue a morrer mesmo, num último momento, como vimos em Penny Dreadful com a protagonista.
Precisamos entender que June foi traída pela Lei. Vimos a personagem recriar o Círculo do Centro Vermelho para punir a tia de Emily chamada Irene. Assim, tenta, de alguma forma, remover tamanha frustração de estar em um país de mãos atadas, vivendo uma vida que ela não tinha interesse algum. Afinal fica ainda mais difícil agora conseguir salvar Hannah, independente da ajuda ou não de Nick e Lawrence. Mas, a que se faz, a que se paga. Uma punição severa para um comandante de Gilead, por um comandante de Gilead. O season finale foi diferente do esperado e confessamos que, um bocado enfadonho. Isso porque June se vinga de Fred da forma menos criativa possível. Afinal, isso será o bastante pra ela? O bastante para se ver livre de Fred?
June sempre foi um símbolo de esperança. É a pessoa a qual precisa estar ali, para ajudar acabar com esse governo. Somente ela terá a coragem para fazer o que for preciso. Mas até que ponto isso fará com que Hannah seja salva? Sabemos que o final pelo qual até aqui chegamos não é o que June merece e nem que gostaríamos de ver, mas é o que temos por enquanto e que venha o quinto ano.
Título original: The Handmaid’s Tale
Temporada: 4
Episódios: 10
Criação: Bruce Miller
Produção: Margaret Atwood, Elisabeth Moss
Elenco: Elisabeth Moss, Yvonne Strahovski, Joseph Fiennes, Ann Dowd, Madeline Brewer, Amanda Brugel, O-T Fagbenle, Max Minghella, Samira Wiley, Bradley Whitford, Stephen Kunken
Onde assistir: Paramount+
Gênero: drama
Ano: 2021
País: Estados Unidos, Canadá
Classificação: 16