Ao Seu Lado
Crítica do filme
Tem alguns filmes em que vemos trailer, olhamos o pôster, lemos a sinopse e pensamos na hora que eles podem ser bem ruins. De vez em quando, até temos uma boa surpresa e outros conseguem ser ainda pior do que imaginávamos. Darei uma chance para deduzirem em qual categoria o filme A Profecia do Mal (The Devil Conspiracy) se encaixa. Se você pensou em uma boa surpresa, errou. Caso tenha pensado que ele é pior do que poderia imaginar, acertou. É dessa forma, sem delongas e sem medo de ser feliz, que digo que essa produção é ruim demais. Tentarei elaborar mais a seguir.
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A história começa há milhares de anos quando o arcanjo Miguel prende Lúcifer no Inferno após uma luta no Céu. No presente, uma rica e poderosa empresa de biotecnologia tem criado clones de vários nomes famosos de nossa história. Ao roubarem o Santo Sudário na Itália, eles visam agora clonar Jesus Cristo. O problema é que essa empresa cultua o diabo e vai querer soltá-lo do Inferno para encarnar no corpo do novo bebê. Cabe a Miguel retornar à Terra encarnado dentro de um padre morto para salvar o Mundo de tal Apocalipse.
O peso da mediocridade foi possível se notar ao ler o texto dessa sinopse. É uma mistura tão grande de gêneros e conceitos que tudo parece incrivelmente absurdo. Em nenhum momento A Profecia do Mal consegue se definir se é um filme de terror, aventura ou comédia. Esse último gênero não acontece de forma proposital, mas é inevitável que o filme provoque pequenos sorrisos no espectador, tamanhas são suas bizarrices. Se foi terror, faltou assustar e, caso estivessem pensando na aventura, ela saiu bem fraca.
A maior culpa nisso tudo, ao meu ver, é do roteiro. Claramente ele foi picotado várias vezes. Muitas ideias devem ter surgido conforme foi sendo escrito, o que acabou tornando-o remendado. O texto tira várias soluções de absolutamente lugar nenhum. Não foram só uma vez ou duas, mas várias. Tudo nele foi resolvido pelo famoso poder do roteirista. Ele quis assim e é isso. Não reclama. Gostaria, veementemente, de citar algumas situações, mas a maioria seria spoiler, então, melhor deixar para lá. Apenas confiem em mim.
Esse é o maior problema de A Profecia do Mal, mas não é o único. Outros detalhes que se destacam negativamente é a escolha desse elenco maravilhoso (só que não) e a direção. Eles conseguiram deixar o demônio parecido com alguma maquiagem mal feita de “Todo Mundo em Pânico”. Junte a isso uma atuação soberba (continuo sarcástico) dos atores e mais umas frases bem canastronas ressonadas por Lúcifer, que é melhor embrulhar tudo e jogar fora.
A Profecia do Mal é ruim e não tem nada que tire isso do filme. Alguém pode ir e gostar pelo poder da bizarrice, mas nunca vai poder dizer que é um bom longa-metragem. O pior é que seu início mostrando Miguel e Lúcifer com aquele visual de arcanjo é bem legal. Se mantivessem essa pegada de épico com guerra santa, poderia ter sido algo muito mais interessante. Mas não, preferiram clonar Jesus Cristo e tentaram colocar Lúcifer dentro desse corpinho novo.
Além disso, não contava com um plot twist tão ruim, mas tão ruim, que foi surgido absolutamente do nada. Afinal, precisavam fechar o filme com um final feliz. Ainda em tempo: que diabos de criatura das trevas é aquela que vive normalmente entre os homens? Nem quero saber na verdade.
A saber, A Profecia do Mal estreia nesta quinta-feira, 26 de janeiro de 2023, exclusivamente nos cinemas brasileiros.
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Título original do filme: The Devil Conspiracy
Direção: Nathan Frankowski
Roteiro: Ed Alan
Duração: 111 minutos
País: República Tcheca
Gênero: terror, suspense
Ano: 2022
Classificação: 16 anos