O sentimento mais perturbador numa relação colocado diante do objeto desejado nomeia o filme do diretor Philippe Garrel (Amantes constantes, Um verão escaldante), O Ciúme. Garrel traz seu filho Louis para viver o papel de protagonista nesta história quase autobiográfica cuja história permeia um episódio vivido com seus pais.

Na trama, Louis (Louis Garrel) se separa de Clotilde (Rebecca Convenant) para ficar com Claudia (Anna Mouglalis), que é atriz e trabalha com ele no teatro. Ela o ama, mas tem medo de perdê-lo. À frente, em uma noite, Claudia conhece um arquiteto e acaba deixando Louis inseguro. Louis tem uma filha que o faz lembrar que não pode perder o foco nem deixar de seguir rumo à estabilidade profissional e, por conseguinte financeira.

O filme, selecionado para a competição do Festival de Veneza 2013, traz o galã francês Louis Garrel, que tem em sua filmografia “Saint Laurent”, “Os Sonhadores”, “Amores Imaginários”, em uma atuação mediana. Mouglalis e Convenant, seus pares em cena, conseguem transmitir maior verdade para o espectador. Charlotte, filha de Louis, é vivida pela talentosa e carismática Olga Milshtein.

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O Ciúme não é palatável. É dessas produções introspectivas que retratam relacionamentos e conflitos humanos, um lamento longo pela ausência da pessoa amada – tema central desta película. O amor retratado aqui é mais bruto e frio, fugindo da estética americana. Aliás, Philippe Garrel optou pela fotografia toda em preto e branco justamente para acentuar a melancolia nas cenas e trazer para a narrativa uma certa nostalgia, aproximando-se e muito da nouvelle vague. O responsável pela fotografia, Willy Kurant, já havia trabalhado com cineasta em outra oportunidade, além de ter feito parceria com Godard.

O ritmo lento dado ao longa tem a intenção de fazer com que o espectador caia na armadilha aqui bem colocada do existencialismo junto às complexidades das relações humanas. Muitos acharão maçantes os 77 minutos de exibição de um cotidiano sendo eivado de súbitas mudanças atrelada à evolução do ciúme.

A questão posta é como encarar o mundo depois de ter os sentimentos esgarçados por outra pessoa. Como voltar a confiar em outro da mesma espécie? A vida não para por causa de corações despedaçados ou intranquilos. A única certeza é de que ela continua apesar de mim e você. Dos que respiram hoje apaixonados e amanhã suspiram em lembrança de um momento que ficou no passado.

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A sequência de cenas arrastadas desestimula acompanhar até o fim a história que não tem lá muito rumo certo, já que funciona como um espiral ininterrupto, levando-nos sempre ao mesmo ponto, talvez porque os personagens não tenham muitas escolhas a fazer.

BEM NA FITA: a simplicidade como é tratada a questão dos relacionamentos e conflitos humanos, além das belas atuações das atrizes Rebecca Convenant e Anna Mouglalis.

QUEIMOU O FILME: sequências arrastadas, trama sem muito rumo.

TRAILER

FICHA TÉCNICA

Título Original: La Jalousie
Direção: Philippe Garrel
Roteiro: Philippe Garrel
Elenco: Louis Garrel, Anna Mouglais, Rebecca Convenant, Olga Milshtein, Esther Garrel
Fotografia: Willy Kaurant
Montagem: Yann Dedet
Música: Jean-Louis Aubert
Gênero: Drama
Duração: 1h17min
País: França
Ano: 2013