2019 se foi, mas o festival de listas está só começando. Essa aqui, porém, não é uma lista, mas faz seus destaques nacionais. A coluna Bônus pausou no Natal, mas não no Ano Novo. Primeira quarta-feira do ano de 2020, ano de Xangô, ligado à justiça. Será que teremos então um ano onde o cinema nacional estará mais valorizado? A esperança segue.

Em 2019 tivemos ótimos filmes que fizeram barulho, em especial, Bacurau, de Kleber Mendonça. Película diferenciada, seguindo um estilo único, cheia de simbologias. Alguns disseram que lembrava Tarantino, entretanto preza por uma mistura de gêneros que traz referências a produções norte-americanas dos anos 70 e também a cinematografia brasileira, como “Brasil Ano 2000”, de Walter Lima Jr (1969). Namora com o surrealismo. Indubitavelmente, amado ou odiado, foi o nacional que mais deu o que falar nesse ano que passou.

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A Vida Invisível, de Karim Ainouz, é muito bom, talvez, um pouco longo, mas é uma saga, e o tempo do longa-metragem tem tudo a ver com a proposta. Não tinha muita chance de lutar pelo Oscar, mas vale assistir para quem não viu. Uma ode ao feminismo, uma aula sobre machismo. Outra exibição que me emocionou muito foi de Pureza, com Dira Paes, história real de uma guerreira brasileira que sai em busca de seu filho e acaba enfrentando barões da escravidão no Brasil. Foi vista no Festival do Rio 2019. Esse filme somente estreia agora em 2020. Fique de olho!

Dira Paes em Pureza

(Festival do Rio 2019. Foto por Alvaro Tallarico)

Azougue da Mônica

Aliás, tivemos também em 2019 Azougue Nazaré, falando de carnaval, a maior festa brasileira, mais especificamente o Maracatu que mobiliza uma cidade do interior  Esse filme mostra um grupo de pessoas vivendo suas vidas e rotinas, com tensões, desafios, sonhos, pesadelos – e também rituais fantásticos e sinistros. Tem comédia e terror, folclore, tradição, modernidade e nordestinidade.

Ah, não dá para esquecer de Turma da Mônica! Um sonho virando realidade – e com muita sensibilidade. Não podia ser diferente. Essa turminha merecia um filme que fizesse jus a tantos anos de alegria e aprendizado. É saboroso, bonito, fofo, engraçado, com uma participação especial e ótima de Rodrigo Santoro.

Hebe, A Estrela do Brasil, poderia ser melhor, mas também não decepciona.Carcereiros é um bom filme de ação e realiza bem sua proposta. Ainda tivemos os espíritas marcando presença com a vida de Divaldo Pereira Franco. Inclusive, o sucessor de Chico Xavier virou um filme redondo, sem ousadia, longe de ser celestial, contudo, eficaz. Vale destacar o documentário Flores no Cárcere, sobre ex-presidiárias, forte, real e didático.

No teatro e na dança o destaque ficou pela continuidade do espetáculo Cosmogonia Africana – A Visão de Mundo do Povo Iorubá, cuja foto é a de capa dessa coluna. Criado por Aninha Catão em cima do trabalho de pesquisa do babalaô Marcelo Monteiro, é uma mescla de coreografias estilosas, religiosidade, ancestralidade, africanismo, mitologia e tudo mais que uma boa apresentação pede. Louvando mitos e lendas oriundas do continente africano.

*Em suma, gente boa, a coluna BÔNUS, do jornalista cultural Alvaro Tallarico @viventeandante, sai toda quarta-feira no  BLAHZINGA!