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O medo é um sentimento muito complexo. Nem sempre é o potencial ofensivo de algo que o gera, mas o simbolismo e relativismo que criamos diante de uma situação ou personagem cotidiano em contexto misterioso.

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O Clube de Leitores Assassinos explora a coulrofobia (medo de palhaço), o que tem um potencial de alcançar um caminho lógico e promissor para gerar um bom filme de terror e suspense. O grande dilema é que por mais que pareça fácil gerar medo diante de uma história que trata sobre uma fobia, deve-se aprofundar e explorar todos os graus desse sentimento para atingir a expectativa do publico.

Leia a crítica do filme O Clube de Leitores Assassinos, da Netflix

Filme explora a coulrofobia (medo de palhaço). Foto: Felipe Hernández / Netflix

O grau de inocência e perversidade dos personagens devem ser bem distribuídos entre eles. É preciso limite para que todos sejam suspeitos a vilões, vitimas e todos terem medo. A reviravolta do protagonista precisa fazer sentido para gerar um mix de emoções inesperável. Mesmo que a emoção principal seja o medo, ele sozinho – ou sem uma motivação extraordinária, não gera o mesmo impacto.

É necessário que o publico consiga entender qual seu papel na história: observador, investigador ou entendedor? Qual o objetivo da trama? Observar a sobrevivência do protagonista? Investigar e descobrir quem é o vilão ou entender suas motivações? Quando a trama tenta misturar esses objetivos pode causar confusão e se perder produzindo um final menos assustador.

O grupo de oito amigos reúnem-se motivados pela paixão por literatura de terror. Foto: Felipe Hernández / Netflix

A trama

O enredo do filme consiste em um grupo de oito amigos que se reúnem motivados pela paixão por literatura de terror. Alguns tem o objetivo de se tornarem escritores e outros são apreciadores desse tipo de livro. Todos tem ligação com uma universidade voltado à literatura. Além disso, vídeos de pessoas se assustando com palhaços estava viralizando na época.

Ângela (Veki Velilla) titubeia em buscar orientação de um professor para melhorar como escritora. Assim, um e-mail indesejado é enviado a ele, que o motiva a se aproximar dela de forma abusiva. Seus amigos ao saberem do ocorrido, tramam um plano de vingança que culmina em um final trágico para o professor.

Este evento é usado como motivação para o desfecho de cada personagem e narrado por um escritor misterioso que se nomeia de “palhaço assassino”. Dessa maneira, cada um dos amigos de Ângela desempenham um papel fundamental para os planos do vilão. O filme ainda conta com alguns núcleos de romance e a história ruma para o plot twist.

Os plot twists se perdem na tentativa de revelar o vilão. Foto: Felipe Hernández / Netflix

Conclusão

As cenas de perseguição não empolgam por não conter uma sonografia que contribua para o suspense. Além disso, quando a narrativa detalha a morte de um importante personagem, os sobreviventes não tinham acesso ao cadáver, o que deixou até certo ponto a dúvida se eles de fato haviam morrido. Assim, quando outra vítima morre de forma convincente, o palhaço assassino não escreve sobre a história, o que, até então, parecia ser sua marca registrada. O enredo que girava entorno da escrita passa a desenrolar por meio de lives que só os personagens restantes conseguem assistir.

Os plot twists se perdem na tentativa de revelar o vilão, pois o enredo todo gira em torno da vingança, mas no fim parece ser mais uma admiração exagerada à protagonista – ou tentativa de alcançar a fama de escritora que ela ainda não havia atingido.

O filme consegue gerar terror e suspense sem explorar a atividade sobrenatural, apesar de citá-la como referencia as técnicas de escrita de terror, e apresenta reviravoltas surpreendentes ainda que um pouco previsíveis. Contudo, há o apelo para continuação mesmo sem deixar, ao meu ver, alguma ponta solta que se justifique.

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