Febril é uma adaptação baseada na obra ‘O Idiota’ de Fiódor Dostoiévski. A peça se inicia com o assassinato de Nastácia Filíppovna e através desse episódio, a história é contada e desvendada diante dos nossos olhos através do ponto de vista do nosso narrador na figura do Príncipe Míchkin.

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É interessante, pois somos apresentados parte a parte como num quebra-cabeça. Todas as facetas são reveladas com uma precisão cirúrgica para prender, para surpreender o espectador na trama de tal forma que não podemos desvencilhar o olhar um só instante para não perdermos o desenrolar de cada cena.

Outro ponto que merece nota, a Cia. em Obra faz uso de uma banda ao vivo que dá o tom, sem dúvida, do espetáculo com suas melodias aceleradas, dramáticas e às vezes, trágicas. A Banda Irmãos Fiodorov é um acerto, pois dá um ar único e traz personalidade a montagem.

A instalação cênica do artista plástico e iluminador Tomás Ribas é muito impressionante e causa um impacto desde a primeira vista e continua surpreendendo positivamente ao longo do espetáculo através da escolha de cada holofote, como destaque a cor vermelha dá a característica febril atribuída acertadamente como título da peça.

Cabe salientar que a escolha do teatro para a exibição do espetáculo é importante e o espaço do Parque das Ruínas traz um charme e uma originalidade a mais. A galeria, onde foi escolhida para interpretação, deu uma atmosfera intimista, densa e soturna que a montagem propõe.

Pois ao escolher um dos livros mais icônicos de Dostoiévski, se pressupõe uma ligação intrínseca com o romance, porém a Cia. de teatro foi além de uma simples leitura e buscou uma releitura (por que não?), uma interpretação alinhada com a visão de mundo e a forma como os artistas da Cia. gostariam de ser vistos como atores, mas também como diretores, pois assinam a adaptação e a direção em conjunto com Pedro Emanuel e a Banda Irmãos Fiodorov que compõe também as melodias.

A montagem de ‘Febril’, sem dúvida, tem muitos acertos. Vale a ida ao teatro para conhecer essa adaptação despretensiosa e original ao mesmo tempo. Nos presenteia com frases de efeito e nos leva a reflexão com uma escrita que se mostra atual até hoje, algo que um grande autor como Dostoiévski pode despertar.

:: Ficha Técnica

Direção e Adaptação: Pedro Emanuel Com a Cia em Obra e a Banda Irmãos Fiodorov.

Elenco: Ana Luiza Cunha, Bruno Dubeux, Eduardo Parreira, João Lucas Romero, Julia Mendes, Marcos Derizans, Mario Terra, Paula Valente, Pedro Emanuel, Rubi Schumacher e Zeca Richa.

Supervisão de Direção: Fábio Ferreira Cenário: Carlos Augusto Campos.

Instalação Cênica: Tomás Ribas.

Iluminação: João Gioia.

Figurino: Tiago Ribeiro.

Composição Original das Músicas: Banda Irmãos Fiodorov.

Direção Musical: Pablo Romero.

Direção de Movimento: Rafaela Amodeo.

Maquiagem: Ludmila Rocha.

Pesquisa do Autor: Marcos Aurélio.

Assistência de Iluminação: Ana Luzia Molinari de Simoni.

Assessoria de Imprensa: Ney Motta.

Programação Visual: ZR Mosaico.

Fotos: Chico Monjellos, Philipp Lavra e Luana Muller.

Produção e Realização: Cia em Obra.