Ao Seu Lado
Crítica do filme
Sequência da animação de 2013, o filme Os Croods 2: Uma Nova Era (The Croods: A New Age), enfim chega aos cinemas brasileiros. O longa, que já pode ser encontrado há bastante tempo para compra e aluguel na Play Store, agora aporta em terra tupiniquim. Mas isso não é exatamente culpa (apenas) do nosso país, afinal, a estreia estava prevista para dezembro, mas tivemos uma pandemia pela frente.
Pois bem. Se no original, a aventura era basicamente composta pela família pré-histórica que dá nome ao filme, em Croods 2, ela é desafiada por uma família rival, os Bettermans (ou na versão em português, os Bem Melhores). Como diz o próprio nome, eles se consideram melhores e mais evoluídos.
E, de fato, são mais evoluídos. Enquanto os Croods atuam como verdadeiros primatas, os Bem Melhores têm uma casa com mais alegorias, com direito a elevadores e suas própria plantação para subsistência. Acontece que essa evolução tem um custo.
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É aí que mora o grande diferencial de Croods 2. Afinal, mesmo se passando em uma era pré-histórica, a animação debate temáticas atuais, como diferenças, independência, amadurecimento, meio ambiente, machismo, feminismo e racismo.
As diferenças já se mostram óbvias desde o início, quando os Bem Melhores recusam-se a conviver com os Croods, enxergando-se como uma raça superior. Além disso, um muro é construído ao entre a parte selvagem e a “civilizada” para que as duas regiões não se misturassem. Alguém pensou muro entre México e Estados Unidos? Ou melhor: em fascismo? Ao meu ver, é uma analogia bem clara.
A independência e o amadurecimento ficam por parte do casal principal, Eep e Guy, dublados na versão original por ninguém menos que Emma Stone e Ryan Reynolds, respectivamente. Os dois pretendem formar um lar juntos, mas o elo dos pais de Eep dificulta o corte do “cordão umbilical”. Além disso, a dificuldade de aceitação das diferenças entre as famílias e o próprio casal também faz parte desse amadurecimento.
A questão ambiental de Grug fica a custo, dublado por Nicolas Cage, que é mais evoluído porque simplesmente roubou água de “micos-murros” e colocou toda a espécie em risco de extinção, visto que eles plantavam banana para evitar a ameaça de um monstro que vinha todas as noites buscar pelas frutas.
Por fim, o machismo e o feminismo podem ser facilmente visualizados quando Guy percebe que pediu à Eep que mudasse, se tornando mais “evoluída”. O feminismo se revela na própria ação das mulheres, que são as verdadeiras protagonistas do filme Croods 2, salvando os homens enquanto eles brigavam entre si por puro ego. Por outro lado, além das questões de diferenças, o racismo pode ser compreendido claramente quando Hope (Leslie Mann) se descobre sua identidade durante a caça, deixando os cabelos sem alisamento e mais volumosos. Ou seja, naturais. Numa aceitação de si própria.
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Além disso, como filme, Os Croods 2: Uma Nova Era consegue divertir bastante, principalmente nas partes dos “micos-murros” e quando Dawn (Kelly Marie Tran) se torna amiga de Eep, ultrapassando a barreira na qual vivia.
Vale destacar ainda quando Thunk (Clark Duke), o mais ingênuo do grupo, digamos assim, acredita que a janela da casa seja uma espécie de programação de TV. Em determinado momento da busca pelos desaparecidos, o personagem, com galhos em formato retangular simbolizando uma televisão, afirma: “Acho que, na janela pela qual eu tô vendo, o mundo tá com defeito”.
E, assim, Croods 2 se mostra uma bela maneira de ensinar várias lições de forma didática sem o espectador perceber que está recebendo uma verdadeira aula de humanidade. É hora de consertar o mundo, de uma “nova era”.
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Título original do filme: The Croods: A New Age
Direção: Joel Crawford
Roteiro: Kevin Hageman, Dan Hageman, Paul Fisher, Bob Logan
Elenco de vozes: Nicolas Cage, Emma Stone, Ryan Reynolds
Distribuição: Universal
Data de estreia: qui, 01/07/21
Onde assistir ao filme ‘Os Croods 2’: nos cinemas e na Play Store
País: Estados Unidos
Gênero: animação
Duração: 95 minutos
Classificação: livre