Está em cartaz no  Teatro Sesc Ginástico, no Rio de Janeiro, até 02 de novembro, a peça Entredentes. Com texto e direção de Gerald Thomas, a montagem parece ter sido feita sob medida para Ney Latorraca, que divide o palco com o ator Edi Botelho e a atriz portuguesa Maria de Lima.

De uma forma bem abstrata e com humor nonsense, o espetáculo fala sobre inúmeros problemas contemporâneos como preconceito, política e religião. É recomendado estar muito bem informado para acompanhar essa peça, além disso, uma boa noção de História Mundial também é aconselhada devido às inúmeras referências que o texto traz.

Repleto de falas extremamente rápidas e irônicas e temperado, com muita metalinguagem, Entredentes parece uma grande brincadeira entre talentosos artistas-amigos (principalmente nas partes em que há referência a história do próprio Ney Latorraca). O espectador é convidado a refletir e interpretar livremente sobre as falas e tudo que acontece no palco. Na plateia (ao menos na sessão em que estive), o riso não é coletivo e ao mesmo tempo, mas cada hora um grupo ou até mesmo pessoa dá uma risada (prova da total subjetividade e simbolismo do texto).

Dois religiosos radicais: um islâmico (Botelho) e judeu / médium (Latorraca) se encontram no Muro das Lamentações. Mas, a peça leva o público à Lua e a muitos outros lugares e tempos inusitados.

As atuações são excelentes. A personagem de Maria de Lima enriquece demais a peça. Ela dança, grita, interpreta (até ao som de ‘Cocaine’ de Eric Clapton). Aliás, a trilha sonora é bem legal. Ney Latorraca canta, logo no início do espetáculo ‘Chão de Estrelas’ de Silvio Caldas.

Subjetividade artística. Essa é a expressão que define Entredentes. Então é natural que as pessoas que curtem uma história linear e fechada (principio, meio e fim bem definidos) não gostem muito desse espetáculo (mas, afinal é Gerald Thomas, então não há porque esperar isso, não é?). O ideal é que você vá tirar suas próprias conclusões…

Foto: Divulgação / Guga Melgar