O cantor, compositor e violonista carioca Alan Bernardes lançou nesta quinta (9) o EP ‘Fruto Bruto’. Com cinco faixas, duas delas inéditas, o trabalho versa sobre cura, amor e a saga do artista independente no Brasil, entre cenários urbanos, reais e imaginários. “A cidade é fonte de inspiração de muitas faixas, que falam sobre as distâncias geográficas e paisagens naturais e utópicas“, explica.

Buscamos uma sonoridade mais pop, com músicas que compus há alguns anos e sempre foram muito pedidas pelo meu público em shows e lives. Recebi muitas mensagens pedindo para tê-las nas plataformas digitais“, comenta Alan.

O conceito do EP

Acima de tudo, “Fruto Bruto” reúne elementos orgânicos e eletrônicos, com violão, baixo, sopros, bateria e percussão misturados a beats digitais e samples na medida do contemporâneo. Além disso, nasceu da angústia do isolamento social, da incerteza do amanhã. Alan aprendeu a proteger a própria semente, a essência, enquanto o mundo silenciava e corria em busca da vacina lá fora.

O fruto fala sobre ciclos, mas também sobre florescer e ser alimento, que traz o que foi a arte para todos nós durante o isolamento social“. Aliás, foram os seus amigos e fãs que viabilizaram a gravação do EP, através de financiamento coletivo. A saber, a meta foi batida antes do esperado e os três singles já alcançaram 120 mil plays só no Spotify.

As canções

“Passarela”, a faixa um, já abre com um sample do clássico “Trem Azul”, de Lô Borges. Lançada num dos auges da pandemia, as palavras ‘sara’ e ‘cura’ são repetidas quase como um mantra. O clipe, rodado em Barra de Guaratiba, foi bastante elogiado. Em seguida é a vez de “Jagunço”. “As pessoas conheceram ‘Jagunço’ nas lives. Virou a mais pedida! Era impossível deixar ela de fora do repertório. Quando surgiu a possibilidade de gravar o EP, não pensei duas vezes em incluí-la. Fala sobre os amores situados em lados opostos da cidade, que dialogam entre o desejo e as diferenças locais de hábitos, costumes e vivências“, conta.

“Dim Dom”, também há meses no stream, tem um lado lúdico que agrada muito ao artista. A letra revela uma paixão oculta em que os pássaros fazem pontes para os amantes, levando os cortejos como mensageiros, transportando sentimentos e novas sementes para o quintal. É bem clima do subúrbio de antigamente, onde Alan, 28 anos, se criou. Ele é de Campo Grande e mora atualmente na Tijuca.

Novidades

Ficaram para o final as duas inéditas, que abordam os dilemas da vida artística. A inspiração para “Acho que ainda tô dando flor” veio quando um integrante de uma banda do Alan anunciou a sua saída, alegando que trabalhar com música é coisa de sonhador. “Foi nesse momento que descobri que estava no lugar certo“, diz o músico.

Ele destaca o refrão que “‘transborda a esperança de sonhadores como eu, que se adaptam a qualquer tipo de terra, explorando o nutriente que o solo tiver em abundância só para seguir florescendo“. A música pode ser considerada um lamento. Continuado em “Fruto Bruto”, a derradeira.

Na faixa-título, Alan optou por beats mais pesados, levando o som para uma linguagem hip hop. “A letra, além de questionar os moldes impostos pela indústria fonográfica, faz uma analogia dos frutos das árvores com os frutos colhidos pelo trabalho artístico de uma forma bem direta“. No meio, entra o áudio de uma conversa com um amigo produtor, via WhatsApp, falando sobre a dificuldade de manter as contas pagas.

Sobre o artista

Alan Bernardes iniciou sua carreira musical em 2009, quando começou a publicar suas primeiras canções autorais no YouTube. Nesse sentido, sua música nasce da fusão de influências distintas, tanto da MPB, como do samba e do funk. Seu violão traz uma pluralidade harmônica enquanto as narrativas de suas canções trazem um olhar sensível sobre o cotidiano, sentimentos e vivências. Já lançou dois discos: ‘867‘ (2016), voz e violão, feito todo no seu quarto. E ‘Maré Vazante‘ (2020), com 10 faixas que passeiam entre o funk, o samba, o coco, baião, jazz e balada.

Enfim, ouça o EP ‘Fruto Bruto’ do cantor Alan Bernardes

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