É preciso que alguém possa e tenha capacidade de de unir a todos. Em Nubla acontece basicamente isso. No decorrer do jogo, há certas formas de tergiversação cartunesca e, ao mesmo tempo, de exaltação grandiloquente. Estava com receio de iniciar esse jogo e, infelizmente, atrasei mais do que deveria para iniciar esse game que é uma obra de arte.

Nubla certamente arrancará dos mais céticos um belo sorriso, mesmo que o jogo se demonstre imerso em um tom dark, onde os puzzles poderão amenizar essa dor incessante de ter o mínimo possível de cores. O game, na verdade, mostra como melhorar seu dia com um formato onde somente alguns quebra-cabeças podem solucionar o problema de ausência de luz. O jogo praticamente se passa, pelo que pude perceber, dentro do museu Thyssen-Bornemisza, em Madri. Embora não que não seja tão esplendoroso quanto o Louvre, em Paris, ele possui uma coleção estonteante. Rubens, Picasso, Klee, Van Gogh, Dürer, Caravaggio, Van Eyck e Constable foram algumas das aquisições. Com o desejo de achar um lar permanente para sua incrível coleção, os barões Thyssen-Bornemisza fecharam um acordo muito bem costurado com o governo espanhol, que cedeu o neoclássico Palácio Villahermosa.

Nubla faz com que amantes de quadros possam ficar deslumbrados com tamanho toque singelo dado ao início de uma trilogia. Mas uma coisa é certa: se você não é simpatizante da arte da pintura, seja ela contemporânea ou barroca, é melhor não adentrar no submundo do jogo. Aqui você terá contato direto e indireto sobre as cores que tudo formam, alguns raios solares, que ao serem encontrados mostrarão uma infinidade de cores que se mesclam junto a tudo que se move. Parece que você está dentro de uma pintura que se locomove.

Nubla descaracteriza todos os jogos que você teve contato até então – e é bem sério isso. Sem uma narrativa inicial, o jogo é dividido em contos, exatamente como em uma fábula, e ainda que feito desta forma, o jogo não tem uma narrativa que o guie até seu grand finale. O gameplay descontentará qualquer um que tenha em mente um jogo Plataforma 2D que possa, por exemplo, disferir alguns golpes. Não, não, não! Nubla é um conto sobre a arte, feito para aqueles que amam um Michelangelo da vida, mas possuem um videogame em casa. Altamente didático e com poucas falas, são os puzzles que farão você quebrar a cabeça aqui. Cada capítulo pode ser finalizado da forma mais rápida possível, com uma historinha simples girando em torno de 10 minutos de jogabilidade e que só dependerá do jogador sair ou não do puzzle.

Aliás, apesar de possuir tons tétricos, o jogo não deixa o usuário imerso na solidão da grande sofrência. Há inúmeros personagens que vão aparecer durante a aventura (até para dar uma certa vida ao mesmo) com intuito de completar as ‘charadas’ que aparecem na trajetória, a fim de restaurar algumas peças do museu. O mais engraçado de tudo é a profundidade do game. Enquanto você trilha com seu personagem no ‘andar’ do jogo, na segunda parte do mesmo, outros personagens interagem com o seu passando pelos quadros que estariam sem vida.

O VEREDICTO

Nubla pode parecer um jogo medíocre, sem graça e sem cor, mas não o é. Simples e de fácil entendimento, é um game feito para aumentar mais ainda seu gosto por peças de arte, quadros e afins. O jogo proporciona a habilidade de explorar e degustar cada vez mais obras de arte, não sendo somente do museu Thyssen-Bornemisza. O game tem algo que lhe proporciona paz sem precedentes em um ambiente desprovido até mesmo de trilha sonora em boa parte do jogo. Não serão todos que amarão esse título, mas uma coisa é certa: eu adorei e recomendo.

Nubla foi testado pela equipe do Blah Cultural no console PlayStation 4. O game foi gentilmente cedido pela Gammera Nest.

TRAILER