Ao Seu Lado
Crítica do filme
Ah, a sorte. Em suma, esse pequeno acidente feliz que nem todo mundo consegue achar em seu caminho. Contudo, no rock and roll, muitas bandas e artistas são repletos de grandes canções que só ganharam vida como resultado da mão do destino. Afinal, nem todo single de sucesso é cuidadosamente construído em árduas sessões de escrita. Alguns acontecem no calor do momento quando a senhora da sorte intervém… como essas grandes bandas provam… Então, confira nossa lista de 10 músicas que aconteceram meio que ‘sem querer’:
Começamos a nossa lista de músicas meio ‘sem querer’ com um clássico do heavy metal, com os pais supremos da barulheira e bater de cabeças: Black Sabbath. Quando dizemos que a maioria das canções descartáveis das bandas merece o termo, em geral é isso mesmo. Mas esta é a maior exceção à regra. E tudo aconteceu graças a evitarem alguns goles de álcool a mais naquele dia e algumas táticas por parte da gravadora que queria um single curto e amigável para as rádios. No tempo que levaria para tomar mais uma rodada de bebidas, o Black Sabbath devidamente tocou um dos hinos mais distintos do metal e a coisa toda foi feita em 20 minutos, com Tony Iommi invocando instintivamente aquela introdução icônica e o resto da banda seguindo seu exemplo. Às vezes, sair do bar mais cedo pode ser uma boa ideia.
Vamos de outro clássico dos anos 70. Semelhantemente a diversas outras, esta veio de outra jam de ensaio solta, enquanto o lendário quarteto britânico lutava para terminar a composição de “Four Sticks”. Escondidos na mansão alugada em Headley Grange em Hampshire, Reino Unido, o baterista John Bonham lançou a introdução de “Keep-A-Knockin” de Little Richard para levantar o clima, o que despertou o guitarrista Jimmy Page, adicionando um riff que ele achou que soava como algo que Chuck Berry poderia jogar. Por sorte, a jam estava sendo gravada e, incrivelmente, “Rock And Roll” foi feita em 15 minutos. Mágico!
Algumas pessoas passam a vida inteira tentando escrever a música perfeita. Para outros, às vezes a mágica acontece antes. Esse foi o caso para este icônico hit do Guns N’Roses. Quando aquele riff de abertura inesquecível apareceu para Slash durante um exercício que ele fazia na guitarra, no longínquo verão de 1986, o sentimento foi de catarse: “Aquele pequeno riff estúpido não saía da minha cabeça e mostrei para Axl ao telefone”, o guitarrista lembrou.
“Segure o telefone, porra! Isso é incrível!”, disse Axl. E a partir daí, a música ganhou asas apesar do resto da banda inicialmente desconsiderar seu potencial. Seja como for, a história com certeza provaria que Axl estava certo.
Sem dúvida, essa abre os anos 90. Warrant. A maioria das pessoas só os conhece por essa música e, embora tenha se tornado uma faixa internacionalmente amada, ela ofuscou completamente toda a carreira da banda e se tornou uma espécie de maldição. E, novamente, seria alguma interferência de uma gravadora clássica que levou à ideia inicial. Com “Love in an Elevator”, do Aerosmith, dominando as paradas da época, a Columbia Records queria sua mão em algo similar. Enfurecido, o vocalista do Warrant, Jani Lane, rabiscou desdenhosamente algumas letras em uma caixa de pizza e em 15 minutos, “Cherry Pie” foi escrita. A gravadora conseguiu o que queria, no entanto, e de repente o álbum da banda de 1990 recebeu o nome da música, a turnê subsequente foi renomeada e, sem dúvida, a forma como a história vê esses roqueiros de Hollywood mudou para sempre.
Tanto quanto poderíamos imaginar, esta música aparentemente tem o destino costurado em seu DNA. No final de 1990, enquanto faziam compras no mercado, Kathleen Hanna e Tobi Vail, integrantes da banda Bikini Kill avistaram um desodorante chamado Teen Spirit. Ambas acharam graça e aquilo se tornou uma piada entre as duas. Mais tarde, na noite daquele mesmo dia, a dupla estava saindo com ninguém menos que Kurt Cobain e Dave Grohl, do Nirvana. Uns gorós a mais e Kathleen pixou ‘Kurt Smells Like Teen Spirit’ na parede. No dia seguinte, alheio à marca de spray corporal, Kurt viu a frase e presumiu que significava algo mais profundo. A música ganhou vida e a história do rock foi alterada para sempre.
A princípio, uma das melhores músicas do Red Hot Chili Peppers foi feita ‘sem querer’. Ou seja: quase veio a nunca acontecer. O mundo tem a agradecer ao produtor Rick Rubin, por sua natureza curiosa. Para começar, “Under The Bridge” foi um poema, escrito pelo vocalista Anthony Kiedis em seu ponto mais baixo de tristeza, vindo de momentos pesados com drogas debilitantes e anos de hedonismo. Enquanto folheava os cadernos pessoais de Kiedis no processo de fazer o premiado “Blood Sugar Sex Magik” de 1991, Rick encontrou as palavras escritas e sentiu que havia algum ouro nas composições. Apesar de a banda relutar em se afastar de seu som funk party para algo possivelmente piegas, acabou se revelando um golpe de mestre e se tornou um de seus maiores sucessos. É, ser intrometido às vezes compensa.
Essa história aqui é bonitinha. Em 1990, enquanto o Metallica estava ocupado se preparando para o álbum que consolidaria seu lugar como superstars do metal mundial, o apaixonado vocalista James Hetfield sentia falta de sua então namorada. Assim sendo, ele ligou para ela e arrancou preguiçosamente algumas notas em seu violão. Essas mesmas notas se tornariam o ponto de partida para a balada “Nothing Else Matters” do “The Black Album”. Todavia, só mais tarde, quando o baterista Lars Ulrich ouviu e insistiu que o vocalista estava em algo. O relacionamento que o inspirou pode ter sido passageiro, mas a música continua sendo imprescindível nos setlists do Metallica, agora dedicado aos fãs da banda.
Primeiramente, imagine a cena: Eddie Vedder está sentado no vaso de um banheiro pequeno em San Francisco, onde ele dormiu durante as gravações de “Vs”, o segundo álbum do Pearl Jam. Ele está cantarolando e dedilhando alguns acordes e palavras que ele juntou em questão de minutos e é isso. Nunca foi pretendido ser nada mais do que um cantarolar durante uma cagada. Felizmente, o guitarrista Stone Gossard estava sentado do lado de fora lendo o jornal quando ouviu tudo e – muito bem impressionado – insistiu que a música era perfeita para a banda. Até hoje, ainda é tocada em quase todos os shows da banda de Seattle.
Antes de mais nada, quem nunca gritou um ‘U-hul’ dos anos 90 em diante, por favor, retire-se daqui. Claro que estamos falando de “Song 2” da britânica Blur. Reza a lenda que esse megahit deveria ser uma paródia do grunge e apenas uma piada particular. Mas, de acordo com o guitarrista Graham Coxon, no entanto, eram somente dois dedos levantados e seu nome era somente um título provisório que representava sua posição na lista de faixas do álbum “Blur”. Mas o nome permaneceu, já que a canção tem dois minutos e dois segundos de duração, dois versos, e dois refrões. Além disso, ela foi o segundo single de trabalho do disco homônimo. Mas, soa irônico o próprio Blur, pois apesar de três décadas de trabalho e muitos outros singles de sucesso, eles sejam para sempre conhecidos por muitas pessoas ao redor do mundo simplesmente como a banda do ‘U-hul’.
Por fim, o vocalista Chino Moreno já declarou publicamente que chamou essa música de um erro. Notoriamente protestando contra ser erroneamente confundido com a multidão do nu-metal na época (Leia-se Korn, Limp Bizkit, Slipknot e afins), o terceiro álbum do Deftones, “White Pony”, foi um esforço muito mais artístico e ambicioso que buscou separar a banda daquela associação de uma vez por todas. Porém, quando a gravadora quis um single comercializável, os integrantes foram contra. Tanto que a primeira edição do álbum não continha “Back To School”. Chino Moreno, irritado, decidiu “mostrar a esses imbecis como era fácil criar algo descartável” e fez esta faixa em menos de meia hora.
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