Ao Seu Lado
Crítica do filme
“Uma mulher trans sem estereótipos”. Assim definiu a cantora Liniker sobre sua personagem Cassandra na coletiva de imprensa sobre a série “Manhãs de Setembro” que estreia no Amazon Prime Video na próxima sexta-feira (25).
Na série, a artista interpreta Cassandra, uma cantora brasileira transexual que se muda para São Paulo para realizar o sonho de estrelato enquanto cover da cantora Vanusa. Quando consegue enfim alcançar uma pequena estabilidade profissional e emocional, sua vida muda completamente quando Leide (Karine Teles, de ‘Que Horas Ela Volta?’) , reaparece com um menino chamado Gersinho (Gustavo Coelho), que, a saber, é fruto do relacionamento de apenas uma noite, querendo conhecer o pai.
Com direção de Luis Pinheiro e Dainara Toffoli, Manhãs de Setembro conta também com nomes como Thomas Aquino (‘Bacurau’), Gero Camilo (‘Carandiru’) e o ex-titã Paulo Miklos (‘Califórnia’). A produção nacional foi gravada no Uruguai e no Brasil e, em suma, chega para quebrar estereótipos ao apresentar uma mulher trans sem ser um olhar marginalizado. Palavras da própria Liniker:
“O que mais me atraiu no roteiro foi a possibilidade de criar um imaginário real de uma figura trans dentro da realidade de uma pessoa trans e preta. Poder construir uma personagem a partir da questão do afeto e da rede de amor que ela tem foi o que me chamou a atenção e agradeço muito o pessoal do roteiro por humanizar ela. Ela não está encaixotada, não está à margem e nem em situação de olhar marginalizado”.
As roteiristas, a argentina Josefina Trotta e a trans Alice Marcone, aliás, acham que Manhãs de Setembro pode ser um divisor de águas na construção de novas personagens com essa diversidade.
“Ter uma representatividade tão humanizada, tão complexa, pautada pelo afeto, pela família, pelo amor, tudo isso gera esperança, né? É um sentimento que a gente precisa muito enquanto sociedade. Vejo que é possível ser e ver quem eu sou. É importante para pessoas trans pretas se sentirem refletidas ali e para a sociedade toda saber de uma realidade marginalizada. Criamos, sim, uma inclusão e podermos mudar o mundo a partir disso”, disse Alice.
“A série tem uma protagonista que, além de ser uma mulher negra e trans, é uma mulher independente financeiramente, num relacionamento amoroso estável, com uma rede de afeto sólida. É um diferencial para outros tipos de representação da mulher trans no audiovisual”, argumenta Josefina.
Por outro lado, o diretor Luís Pinheiro aponta como Manhãs de Setembro pode ser uma peça de resistência no momento brasileiro atual:
“Uma das coisas que o atual presidente disse era que iriam controlar falas e temas no audiovisual. E vemos que ainda temos espaço de liberdade para criar histórias onde validamos amores e personalidades plurais. A série atravessa a discussão sobre preconceitos ao falarmos de desafios de vida, de formação de família, de dificuldades do cotidiano. Isso passa um pouco a sensação de que estamos mais à frente”, finaliza.
Por fim, Manhãs de Setembro estreia no Amazon Prime Video na próxima sexta-feira (25). A primeira temporada conta com cinco episódios de 30 minutos.
Então, vai comprar algo na Amazon? Então, apoie o ULTRAVERSO comprando pelo nosso link: https://amzn.to/3mj4gJa.