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Crítica do filme
A atitude drástica tomada por Tyrion Lannister no episódio final da quarta temporada de Game of Thrones, exibido no domingo pela HBO, chocou muitos fãs. Autor dos livros que inspiraram o seriado, George R.R. Martin, fez uma análise do comportamento do anão, seu personagem favorito.
[alert type=red ]ATENÇÃO: SPOILERS A SEGUIR![/alert]
Em entrevista a “Entertainment Weekly”, o escritor buscou respostas para o motivo do personagem ter ficado tão violento de uma hora para a outra.
Condenado à morte numa sentença proferida por seu próprio pai, ele tem sua fuga facilitada pelo irmão, Jaime, e por Lord Varys. Mas, antes de escapar, mata sua ex-amante, a prostituta Shae, e o próprio pai, Tywin Lannister — os dois, aliás, estavam tendo um caso. Uma das justificativas do escritor é que Tyrion perdeu tudo e não tinha mais uma perspectiva sequer de futuro.
“Ele perdeu tudo. Ele vai escapar para algum lugar seguro, mas o que vai fazer lá? Ele perdeu seu cargo, sua posição na Casa dos Lannisters, todo o seu dinheiro. Por mais que ele tenha tido desvantagens na vida por ser um anão, ele tinha a vantagem de ter um sobrenome poderoso e tradicional e de ter todo o ouro que queria para comprar coisas – inclusive seguidores como Bronn e outras pessoas para defendê-lo. Agora ele perdeu tudo isso”, diz Martin, acrescentando uma trama que só é vista no livro: “Ele também descobriu que Jaime, seu único laço de sangue que o ama e o defende, também teve um papel nesse momento traumático de sua vida, nessa traição. Ele está tão machucado que quer machucar outras pessoas”, explica o autor.
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Os assassinatos cometidos por Tyrion não vão afastar os fãs dele, acredita Martin. “Eu acho que, algumas vezes, as pessoas são pressionadas até o seu limite, e se quebram. Eu acho que Tyrion alcançou esse ponto. Ele tem passado o diabo, encarou a morte mais de uma vez, e foi traído por pessoas que protegeu e de quem tentou buscar aprovação. Ele tenta conseguir a aprovação do pai por toda a sua vida e era apaixonado por Shae”, explica.
Mas, segundo o autor, há diferenças entre o que vemos na série de TV e o que se passa no livro. Na história original, esse momento de Tyrion é ainda mais complicado, uma vez que ele descobre que sua primeira mulher não era uma prostituta que estava com ele só por dinheiro, como seus parentes o fizeram acreditar. O escritor admite, no entanto, que o personagem vai se sentir culpado a vida inteira por ter assassinado o pai. E que, de certa forma, ele foi cruel ao estrangular a ex-amante. “Com Shae é diferente e, de certa forma, cruel. Não é uma ação de momento porque ele a estrangula lentamente, poderia ter parado. Mas sua raiva e sua sensação de traição são tão grandes…”, diz Martin, acrescentando que Shae foi bastante modificada na série. Segundo ele, na tela, a personagem parece realmente amar o anão, o que não ocorre no livro.
Sobre a morte de dois dos maiores vilões da história, o rei Joffrey e o Lord Tywin, Martin diz que não foi de caso pensado. Ele conta que não toma essas decisões racionalmente, afirma que usa uma “parte diferente do cérebro”. “Eu boto os personagens em movimento, eu boto a história em movimento, e eles me guiam a certos lugares. Admito que, algumas vezes, eles me levam a um beco sem saída e eu preciso voltar atrás. Mas outras vezes eles me levam a lugares muito poderosos”, finaliza.
Tyrion Lannister é interpretado por Peter Dinklage, vencedor do Globo de Ouro e do Emmy de melhor ator coadjuvante. Vítima de preconceito da família e de todo o povo de Westeros por ser anão, Tyrion é também um dos mais queridos dos fãs de Game of Thrones. A série é exibida todos os domingos, tanto na HBO norte-americana, quanto na brasileira.