Ao Seu Lado
Crítica do filme
O Amazon Prime Video anunciou na última sexta (2) seu novo filme de ficção científica estrelado por Chris Pratt, A Guerra do Amanhã (The Tomorrow War). E o que achamos? De cara, saibam que esse é um blockbuster que não ganhará nenhum prêmio, mas diverte um bocado.
No filme A Guerra do Amanhã, o mundo fica pasmo quando um grupo de viajantes do tempo chega do ano 2051 para entregar uma mensagem urgente que, 30 anos no futuro, a humanidade está perdendo uma guerra global contra uma espécie alienígena mortal. A única esperança de sobrevivência é que os soldados e civis do presente sejam transportados para o futuro e se juntem à luta.
Entre os recrutados está o professor de ensino médio e pai de família Dan Forester (Chris Pratt). Entretanto, aprendemos nas primeiras linhas do filme que, por baixo do seu papel cotidiano de educador estão a mente e o corpo de um ex-soldado das Forças Especiais do Exército dos EUA, é claro.
A diversão já começa quando a mensagem dos viajantes do tempo é transmitida ao mundo durante a final da Copa do Mundo FIFA 2022 no Qatar – daqui a apenas 18 meses – entre o Brasil e um time não identificado (provavelmente por questão de direitos). O placar está empatado em 3 a 3, faltando cerca de um minuto para o fim, quando um jogador brasileiro se encaminha para o gol vazio. De repente, em frente ao Estádio Lusail com 80.000 lugares, um portal do tempo se abre em campo. Com o mundo inteiro assistindo, uma equipe de soldados do futuro emerge em meio a uma nuvem de fagulhas e fumaça. Mas tinha de ser na hora do gol do Brasil?
Pequenos resmungos à parte, o blockbuster entra em ação muito rapidamente. Em menos de oito minutos, na verdade. No entanto, para fazer isso, o longa passa por cima de alguns pontos importantes. Primeiramente quando ficamos sabendo que os soldados foram recrutados antes que a situação se tornasse tão terrível que os civis fossem necessários. Ainda assim, parece que as forças armadas do mundo não foram capazes de derrotar os invasores alienígenas.
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Um problema significativo com a viagem no tempo é ignorado em todo filme ou programa de TV que a incorpore é que o planeta Terra se move através do espaço. Pegue De Volta Para o Futuro, por exemplo. Marty McFly viaja do estacionamento do Twin Pines Mall em 26 de outubro de 1985 para a fazenda Peabody em 5 de novembro de 1955, basicamente no mesmo local. Mas ele viajou no tempo, não no espaço. Então o fato de as datas serem diferentes significa que a Terra estava em um lugar diferente em sua órbita. Para todos os efeitos, Marty deveria ter aparecido no meio do espaço, simultaneamente congelando e sufocando e destinado a continuar viajando através do cosmos por meio da inércia por toda a eternidade porque o sul da Califórnia estava 16 milhões de milhas (26 milhões de quilômetros) mais adiante ao sol.
Incorporar este fato poderia significar elogios colossais sendo amontoados sobre este filme, mas, infelizmente, não era para ser. Aprendemos que, para se “qualificar” para ser enviado 29 anos no futuro, você deve ter morrido, em algum momento no futuro, antes de 2051, para evitar um paradoxo. Este é um belo toque e se você já viu o thriller de ficção científica Millennium, de 1989, estrelado por Kris Kristofferson e Cheryl Ladd, então você sabe como um paradoxo pode ser ruim para quase todo mundo.
Mas voltando ao A Guerra do Amanhã, o filme não quer ser sério e explicar tudo isso. Os próprios alienígenas invasores demoram para aparecer e serem entendidos como uma raça invasora. São até meio fofos. O diretor Chris McKay disse em uma entrevista como parte da promoção do filme:
“Obviamente, há algumas marcas de alto nível no que diz respeito a designs alienígenas, seja se é o alienígena Xenomorphian ou se é o Predador. Estivemos tentando chegar em algum lugar não somente perto disso, mas também para tentar encontrar algo que sirva ao propósito do filme e seja memorável e em sua face horripilante.”
Independente disso, A Guerra do Amanhã, certamente, lembrará seus espectadores de vários filmes de ficção científica que eles viram antes. De cara, temos exemplos como Tropas Estelares (1997); O Enigma do Outro Mundo (1982); No Limite do Amanhã (2014); e até Interestelar (2014). Ainda assim, ele ostenta efeitos visuais e de ação impressionantes e uma mensagem surpreendentemente pró-ciência. Algo extremamente importante no mundo negacionista que vivemos hoje.
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Ao longo do caminho, algumas reviravoltas razoavelmente previsíveis são reveladas, e assim temos certeza de que permitir que os próprios personagens possam falar e ouvir sobre passado e futuro causaria um paradoxo por si só. Além disso, alguns problemas parentais de pai e filha são colocados na mistura e o excesso de drama causa um certo desconforto por conta do exagero. Um filme com tiros, porradas e bombas em cima de aliens não precisa necessariamente de uma dose de novelão, certo?
Isso sem contar que Chris Pratt continua no mesmo papel de Senhor das Estrelas. Algo que já vimos também em Jurassic World (2015). O ator usa e abusa de toda a influência e popularidade que acumulou com o mesmo tipo de personagem cômico e heroico.
No entanto, apesar de suas falhas, A Guerra do Amanhã é um filme divertido e, definitivamente, imperdível. Eu só gostaria de ter visto isso em uma tela muito maior. A diversão seria muito melhor.
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Título original do filme: The Tomorrow War
Direção: Chris McKay
Roteiro: Zach Dean
Elenco: Chris Pratt, J.K. Simmons, Yvonne Strahovski
Data de estreia: qui, 18/06/21
Onde assistir ao filme ‘A Guerra do Amanhã’: Amazon Prime Video
País: Estados Unidos
Gênero: ficção científica
Duração: 138 minutos
Classificação: 14 anos