Taylor Swift não empolga com novo álbum ‘Evermore’
Rafael Vasco
A cantora Taylor Swift lançou o seu mais recente álbum, Evermore, no último dia 11 de dezembro. Anunciado apenas um dia antes de ser disponibilizado nas plataformas digitais, este é o seu nono trabalho de estúdio. O disco chega após cinco meses do antecessor “Folklore”. Dessa forma, a artista mergulha novamente em canções intimistas e pessoais.
Ademais, essa produtividade pode ser justificada pelo ano atípico em que estamos vivendo, devido ao isolamento social e preocupações sanitárias. Portanto, dificilmente em um mundo normal, com turnês e viagens, Taylor teria a ousadia de entregar dois álbuns em um espaço tão curto.
Por outro lado, este período reflexivo nos traz uma artista menos atenta às tendências pop, estilo que a consagrou nos últimos anos. Sendo assim, ela apresenta agora um repertório mais rebuscado e emocional, buscando estar distante do pedestal de diva e mais próxima de sua enorme base de fãs.
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Taylor Swift e o percurso de Evermore
A saber, em Evermore, Taylor entrega 15 faixas na sua versão padrão. Logo na abertura do disco nos deparamos com o single Willow, que inclusive já tem um videoclipe. Esta baladinha amorosa suave serve para apresentar a sonoridade que teremos a partir dali. Na sequência, vem a canção Champagne Problems, que apesar de soar calma, mostra mais uma desilusão, assunto recorrente em suas obras.
Nesse ponto do álbum começo a ter a sensação de que o repertório não terá muitas variações melódicas e nem temáticas, o que se confirma com a terceira faixa. Em Gold Rush, a cantora falha e não permite que a música cresça, senti falta de um refrão potente, ficou no quase. No entanto, os vocais de Taylor se destacam nessa gravação.
Logo, em Tis the damn season, a composição relata as desventuras amorosas de uma péssima temporada. Diferente das baladas anteriores, aqui temos uma letra mais agressiva, ponto forte da canção. Seguindo com Tolerate It, outro som tranquilo, ela fala de ter seu amor apenas tolerado pelo outro.
Taylor, melancolia e parcerias
Pois, chegamos aqui em No Body, No Crime, parceria com a banda indie HAIM, formado pelas irmãs Este, Alana e Danielle Haim. Com uma pegada folk, violões precisos e uma gaita de fundo, é o registro mais animado até o momento. Apesar disso, traz como ponto negativo a pouca participação do grupo feminino nos vocais, restrito a fazer coro para a dona do disco. Nesta faixa, Taylor brilha sozinha.
Pouco depois, de volta à melancolia com Happiness, mais uma canção linear e que não empolga. A artista diz aqui ao seu amor que haverá felicidade depois dela, mas que também houve felicidade por sua causa. Assim como as demais letras, a construção da narrativa é bem feita, porém, a melodia mais uma vez não valoriza esse esforço.
O álbum segue com Dorothea, aparentemente um recado a uma amiga com este nome, que está longe, mas sempre terá sua amizade. Entretanto, musicalmente a cantora não apresenta nada de novo com esta faixa, infelizmente.
Ao contrário da primeira parceria do trabalho, em Cone Island, ao lado da banda de indie rock The National, a balada ganha força quando Taylor divide os vocais. Desse modo, embalada, em Ivy, seu timbre marcante se sobressai no refrão, que desta vez consegue cativar quem ouve.
Altos e baixos
Irregular como se percebe, o disco volta a pecar pela repetição melódica em Cowboy like me. Temos a impressão que já ouvimos ao menos duas canções parecidas anteriormente, uma pena, pois a gravação é impecável.
Porém, a artista surpreende na próxima faixa, a primeira que soa totalmente oposta à proposta do repertório. Por isso, Long story short é um respiro, o momento de entrega em que a artista diz desistir do cabo de guerra e querer viver sua paixão.
Se aproximando das últimas faixas, Taylor apresenta sua principal cartada do disco, a emocionante Marjorie, canção em homenagem a sua falecida avó, também cantora. Com uma letra tocante, é possível notar o sentimento em cada palavra, “Eu devia ter te feito perguntas, eu devia ter te perguntado como ser”, diz a letra.
Por fim, as duas faixas que encerram o álbum resumem a proposta do trabalho, que é de apresentar um material menos pop e mais pessoal. Na triste Closure, da mesma forma que melancólica Evermore, cantada em parceria com Bon Iver, temos mais duas baladas repletas dos elementos que permeiam o disco.
Dessa maneira, o álbum Evermore traz como principais destaques a qualidade da produção, boas letras, além de vocais inspirados. No entanto, melodicamente não empolga e soa repetitivo, pois conta com uma sonoridade linear que incomoda. Mas, ainda assim, é possível entender que estas escolhas foram feitas por uma artista já consagrada, que neste momento pode se dar ao luxo de gravar exatamente o que bem entender. Portanto, não precisam concordar comigo, OUÇAM e tirem as suas conclusões.
Faixas de ‘Evermore’, de Taylor Swift
- Willow
- Champagne problems
- Gold rush
- ’Tis the damn season
- Tolerate it
- No body, no crime (feat. Haim)
- Happiness
- Dorothea
- Coney island (feat. The National)
- Ivy
- Cowboy like me
- Long story short
- Marjorie
- Closure
- Evermore (feat. Bon Iver)