‘Te Amo Até a Morte’, o abuso infantil e a saúde mental

Wilson Spiler

Baseado em uma história real ocorrida no já distante ano de 2015, o filme Te Amo Até A Morte (Love You To Death) estreou recentemente no catálogo do Amazon Prime Video. O caso gerou tanta repercussão nos Estados Unidos que já havia ganho um documentário em 2017 pela HBO.

A história de Gypsy Rose

Como trata-se de uma história verdadeira, a trama, obviamente, é um spoiler do filme. Então, se não quer saber o que acontece, sugiro que passe a ler a crítica de Te Amo Até A Morte a partir da segunda parte do texto.

Em 2015, a mãe solteira Dee Dee Blanchard foi descoberta morta em sua casa em Springfield, Missouri. Sua filha adolescente, Gypsy Rose, não estava em lugar algum. A jovem teve várias condições médicas graves, incluindo distrofia muscular, asma, epilepsia e defeitos cromossômicos. Ela teve leucemia quando criança e, de acordo com a mãe, a capacidade mental de uma criança de 7 anos.

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Dee Dee teria trabalhado em tempo integral cuidando de sua filha doente. As duas moravam em uma casa construída pela Habitat for Humanity para a qual se mudaram depois que sua casa em Nova Orleans foi destruída pelo furacão Katrina. Com a captação de recursos realizada pela mãe para os cuidados de Gypsy Rose, elas, inclusive, viajaram para lugares como a Disney World com a ajuda de instituições de caridade e pareciam felizes, apesar dos problemas enfrentados.

Mas tudo mentira. Os médicos descobriram que Gypsy Rose não estava doente e sequer era adolescente (tinha 23 anos). Em vez disso, sua mãe, que sofria da Síndrome de Munchausen por Procuração, segundo especialistas, forçou a própria filha a parecer doente, controlando e abusando da jovem por anos. Então, após conhecer um namorado online, Gypsy revidou e matou a mãe. Em seguida, os dois fugiram para Wisconsin, onde foram presos pela polícia.

No julgamento, Gypsy recebeu a sentença mínima para um homicídio: 10 anos; enquanto seu namorado foi condenado à prisão perpétua por ter desferido os golpes, mesmo sem antecedentes criminais. A liberdade da jovem está programada para 2023, ano em que completará 32 anos.

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O filme Te Amo Até A Morte

Dirigido por Alex Kalymnios, experiente em série de TV, o filme Te Amo Até A Morte imprime um clima de tensão, desespero e urgência muito fortes. O mais interessante de tudo é que a diretora foca tanto na visão da mãe quanto da filha. Com uma paleta de cores dessaturada, a fotografia traduz a nébula que se tornou a vida de Gypsy. A trilha de Roger Kosteck e Perrine Virgile também é outro detalhe que vale destacar, ajudando a criar a atmosfera.

É bom destacar também que o filme altera os nomes originais, provavelmente por conta dos próprios personagens em questão que não autorizaram. Emily Skeggs, que interpreta Esme Stoller, a Gypsy Rose da vida real, faz um trabalho extraordinário, assim como Marcia Gay Harden (irreconhecível), que faz a Dee Dee Blanchard, chamada aqui de Camile Stoller.

Bizarro, tenso e triste. Assim podemos resumir o filme Te Amo Até A Morte. Em tempos de tanta angústia, talvez não seja a melhor indicação para um descanso da mente. Afinal, há momentos de embrulhar o estômago. Mas, como produção, em si, é um convite à reflexão sobre o abuso infantil e as doenças mentais.

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Trailer do filme Te Amo Até A Morte

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Elenco do Te Amo Até A Morte (Amazon Prime Video)

Marcia Gay Harden
Emily Skeggs
Brennan Keel Cook
Garfield Wilson
Kayla Deorksen
Heather Doerksen
Tate Donovan

Ficha Técnica

Título original do filme: Love You to Death
Direção:
Alex Kalymnios
Roteiro: Anthony Jaswinski
Onde assistir ao filme ‘Te Amo Até A Morte’: Amazon Prime Video
País: Estados Unidos
Gênero: drama
Duração: 97 minutos
Ano de produção: 2019
Classificação: 16 anos

Wilson Spiler

Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.
NAN