‘Tesla – O Homem Elétrico’ varia demais entre o regular e o ruim
Bruno Oliveira
Muito provavelmente você já ouviu falar em Nikola Tesla (1856 – 1943), talvez só não saiba quem ele foi exatamente. Resumindo muito, posso dizer que ele é o principal responsável pelo moderno sistema de fornecimento de eletricidade que conhecemos hoje e que temos acesso. Historicamente, ele foi injustiçado por não receber muitas glórias de invenções que usavam de suas patentes para o sucesso. De certo modo, ele fracassou também por não conseguir completar um projeto ambicioso de fornecer energia elétrica sem fio e daí dever alguns milhares de dólares para seu investidor. Embora não seja glorificado por suas invenções, é preciso dar o crédito de sua inventividade possuindo cerca de 300 patentes e por nos ajudar a viver no mundo atual.
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Nesse filme, acompanhamos a vida do brilhante e visionário Nikola Tesla (Ethan Hawke) travando uma batalha árdua para concretizar as ideias de seus inventos. No meio do caminho, vemos a sua interação junto com pessoas históricas como Thomas Edison (Kyle MacLachlan), Goerge Westinghouse (Jim Gaffigan), Sarah Bernhardt (Rebecca Dayan), entre outros. Além disso, acompanhamos a amizade dele com Anne Morgan (Ewe Hewson), filha do milionário J. P. Morgan (Donnie Keshawarz).
Tom documental e escolhas narrativas fracas empobrecem o valor da obra
Esse filme data de 2020 e só está chegando agora por aqui. Não me surpreende o fato de não haver um interesse com ele, pois é um longa difícil de ser visto. Ele é romanceado, mas tem toda a pinta daqueles documentários históricos encenados que vemos por aí nos canais a cabo. A principal diferença é que temos atores renomados nos papéis principais e isso deveria significar e somar alguma coisa no valor de produção.
Esse tom de programa documental nem é o que me incomodou mais, pois, sendo justo, o que aprendi historicamente com ele foi bastante válido e me fez entender mais a figura de Nikola Tesla. O que me incomodou mais foram as escolhas narrativas usadas aqui. O tom cômico para mostrar eventos que nunca aconteceram não funciona aqui e nem quando a 4º parede é quebrada para nos dar uma informação a mais sobre tal situação abordada.
O seu tom sempre escuro contrasta demais com o fato de estarmos falando de um dos padroeiros da eletricidade. A falta de dinheiro, ou até mesmo somente uma escolha narrativa, nos faz colocar nosso protagonista em telas paisagísticas falsas para mostrá-lo em escopo maior. Isso não é um defeito, é uma escolha que achei pobre e que merecia um tratamento muito melhor.
Momento bizarro
Eu já estava amplamente cansado de tudo o que estava vendo até o momento em que Nikola Tesla pega o microfone e canta “Everybody Wants to Rule the World” do Tears for Fears, de uma forma desafinada e nem um pouco pomposa. Ao mesmo tempo que valeu por ser inusitado, me fez rir, e duvido que esse foi o efeito que queriam aqui. Fiquei muito pensativo sobre se considerava Ethan Hawke (Dia de Treinamento) um gênio ou se sentia uma certa dose de vergonha alheia nesse momento.
‘Tesla – O Homem Elétrico’ com certeza não é um filme que indicaria livremente. Ele varia demais entre o regular e o ruim. Mesmo assim, acredito que ainda pode servir como uma biografia boa para compreender mais sobre esse gênio injustiçado. Eu mesmo não saberia recomendar uma obra melhor para tentar entender esse homem. Na dúvida, veja-o e discorde de mim ou, simplesmente, se junte a mim nas risadas do momento musical único dessa obra.
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Trailer do filme – ‘Tesla – O Homem Elétrico’
Ficha Técnica
Título original: Tesla
Diretor: Michael Almereyda
Roteiro: Michael Almereyda
Elenco: Ethan Hawke, Eve Hewson, Josh Hamilton, Kyle MacLachlan, Ebon Moss-Bachrach, Jim Gaffigan, Rebecca Dayan e Donnie Keshawarz
Onde assistir: cinemas
Data de estreia: 19 de abril no Festival Filmelier
Duração: 1h 42min (102 minutos)
País: Estados Unidos
Gênero: Drama, Biografia
Ano: 2020
Classificação: 14 anos