A Black Music carioca da cantora Thami
Rafael Vasco
Trazendo sua mistura de ritmos, a cantora Thami apresenta o EP Nua, que vem com quatro canções autorais da artista carioca. Aliás, o trabalho aposta na sonoridade Pop, mas com fortes influências de R&B e Black Music. Portanto, o material já pode ser conferido nas plataformas digitais.
A saber, com este projeto, a cantora Thami buscou mostrar suas fragilidades, forças e vivências através da música. Sendo assim, as faixas revelam aspectos autobiográficos de sua vida, se despindo de dentro para fora. Em outras palavras, o resultado final de Nua empolga e vale a sua atenta audição.
Desse modo, o ULTRAVERSO convidou a artista para um bate papo em que falamos sobre o novo EP, carreira, influências musicais e expectativa para os palcos. Então, confira a nossa conversa:
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ULTRAVERSO: Thami, você está no mundo das artes há muito tempo, atuou como dançarina durante 20 anos. Porém, em que momento a música passou na frente e se tornou o seu principal ofício?
THAMI: No final de 2017 me perguntaram qual era o meu sonho. Naquele momento não soube responder e me bateu um desespero. Logo, a sensação era de ter ido no caminho que apareceu e não ter construído nada do que realmente queria. Portanto, foi a partir dessa pergunta que comecei a olhar para mim e entender que eu era uma artista e que a música sempre fez parte de mim e da minha construção.
Assim, depois disso, comecei a estudar o canto, aperfeiçoar a minha voz e fiz um “quadro” na Internet chamado #quintadathami, em que cantava covers e ia lapidando minhas referências. Com isso, conheci novos artistas, fui perdendo o medo e a vergonha de cantar. Essa experiência foi importante para eu entender qual sonoridade e estilo musical queria seguir.
Você lançou recentemente o EP ‘Nua’, um disco que fala de amor, dor, silêncio e atitude. Nesse sentido, como surgiu a ideia para criar este projeto?
THAMI: A ideia surgiu da necessidade de mostrar quem eu sou como artista. Eu já tinha lançado 5 singles num intervalo de 8 meses com o objetivo de ser percebida no cenário musical. Contudo, depois disso, quis fazer o EP com a intenção de mostrar a minha sonoridade, os meus processos, minhas referências, contar um pouco da minha história e personalidade. Por isso, “Nua” para mim significa se despir de dentro para fora, expor minhas vivências boas e ruins, mostrar minhas fragilidades e também minha força e resiliência.
O single de trabalho é ‘Segue o Baile’, uma letra empoderada que mostra a importância de seguirmos em frente. Assim, de que maneira essa faixa reflete suas experiências pessoais?
THAMI: Tive um período muito caótico na minha adolescência, onde não enxergava a beleza que eu tinha. Não me via nos lugares e as definições de beleza não se encaixavam em mim em nenhuma parte. Portanto, estava com sérios problemas de autoestima e isso me trouxe muitas sequelas. Além disso, o fato de ser uma mulher preta também me trazia muita solidão. Não me sentia amada, nem desejada.
Nessa faixa eu trouxe uma experiência real, de rejeição que vivi simplesmente por ser quem eu sou. Dessa forma, hoje a Thamires é uma mulher forte, que se ama e jamais permitiria ser menosprezada. Então essa canção é uma resposta a todos que de uma maneira me machucaram e me fizeram sentir menor. “Segue o baile” é um grito de liberdade e amor próprio.
O EP traz a participação da cantora paulistana Tassia Reis, na faixa ‘Chega de Esperar’. De que maneira vocês se conheceram e como essa letra foi construída?
THAMI: Conheci a Tassia em São Paulo, através do Caio Nunez. Na época eu estava lançando um single com ele e fomos para lá gravar o clipe. Me conectei com ela de cara. Logo, a partir desse primeiro encontro fomos nos aproximando, estreitando os laços. Ela vinha para o Rio e ficava na minha casa, isso nos uniu muito também. Com isso, em agosto de 2021 eu mostrei o som para ela, expliquei a ideia do EP, que queria contar minhas vivências que também são vivências de outras mulheres.
Sendo assim, “Chega de Esperar” fala sobre uma mulher decidida, que sabe para onde vai, onde quer chegar e com quem quer chegar. Uma mulher que tem medo, mas que vai com medo mesmo. Que não fica em cima do muro quando precisa se posicionar e que sabe o seu valor.
A sonoridade de suas canções vai desde o R&B até o Pop. Porém, consegue definir o seu trabalho como parte de algum estilo musical?
THAMI: Olha, não consigo encaixar minha música num estilo só. Eu sou muitas coisas e isso reflete na minha música também. Portanto, tenho várias referências do gospel, já que cresci na igreja. Então, a Black Music, o soul, o R&B e o Pop formam a THAMI. Claro, isso tudo acaba estando presente em todas as minhas faixas.
Aliás, quais são as suas principais referências na música e que de alguma forma estão presentes no resultado da sua obra?
THAMI: Como tenho essa história com a igreja evangélica, a minha maior referência vem do gospel. Por esse motivo, Kirk Franklin, Leonardo Gonçalves, Raiz Coral, Thales Roberto, Eli Soares e muitos outros artistas têm influência direta no som que faço. Porém, depois que comecei a estudar música com mais profundidade, me apaixonei por Lianne La Havas, Ari Lennox, Bruno Mars, Alicia Keys, Ella Mai, Lauren Hill e Jessie J.
Já no Brasil, o Djavan, Tim Maia, Cassiano, Youn e muitos outros são uma verdadeira escola de sonoridade, voz, originalidade. Desse modo, acho que referência é tudo! Quanto mais escutamos, ampliam-se as possibilidades durante o processo de criação do nosso som.
Para finalizar, quais são as expectativas de poder tocar suas novas faixas ao vivo para o público?
THAMI: Meu sobrenome poderia facilmente ser ansiedade. Por isso, estou contando os dias para conseguir me encontrar com as pessoas e mostrar o meu som. A última vez que fiz show foi em março de 2020, um dia antes de fechar tudo por conta da pandemia. Portanto, esse momento vai ser bem especial e sonho em viver isso o mais breve possível.
Enfim, acompanhe a cantora Thami nas redes
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Então você é artista e acha que não tem muito espaço? Fique à vontade para divulgar seu trabalho na coluna Contra Maré do ULTRAVERSO! Não fazemos qualquer distinção de gênero, apenas que a música seja boa e feita com paixão!
Além disso, claro, o (a) cantor(a) ou a banda precisa ter algo gravado com uma qualidade razoável. Afinal, só assim conseguiremos divulgar o seu trabalho. Enfim, sem mais delongas, entre em contato pelo e-mail guilherme@ultraverso.com.br! Aquele abraço!