‘The Feed’ (Amazon Prime) | CRÍTICA
Alvaro Tallarico
The Feed é mais uma nova série da Amazon Prime Video. Ficção científica, meio thriller, meio drama psicológico-tecnológico. Estamos em um futuro próximo, talvez muito mais próximo do que imaginamos, ou quem sabe já está acontecendo de alguma forma. O negócio é que, em um piscar de olhos, você agora está conectado com todo mundo. Não, não é pelo smartphone, é direto na sua cabeça, na sua face, no seu cérebro. O smartphone está dentro da sua cabeça, você cria mundos, vê o que quiser – inclusive o que outros estão vendo – vive nas redes sociais… piscando.
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A narração da abertura da série é um grande texto publicitário com todas as maravilhas da tecnologia Feed. Realmente, dá vontade ter um. O British Museum pode virar o Japão, por exemplo, é só todo mundo olhar e se conectar pelo QR Code. O primeiro episódio começa deveras curioso: uma mistura de Reino Unido com Japão, com toda direção de arte puxando para o vermelho, denotando perigo. Algo está para acontecer. E, de repente, lá está Michelle Fairley, a Catelyn Stark de Game of Thrones, vivendo uma mulher forte, Meredith, CEO da companhia global que controla a tecnologia que nomeia a série. Impossível não sentir a referência ao casamento vermelho (3×09 de GoT). Aliás, ela vive uma personagem fria e calculista de forma convincente, se destacando sempre que aparece.
Remo Lupin Dominador
Lawrence Hatfield é vivido por David Thewlis, o Remo Lupin de Harry Potter, o qual, sem dúvidas, traz um peso como ótimo ator que é, fazendo o homem que inventou a viciante tecnologia. Até que precisa da ajuda do filho vivido por Guy Burnet, um psicólogo de Feed. Em alguns momentos do início da temporada acaba lembrando a série Em Terapia, mas com um toque de tecnologia e investigação. Porque o Feed está começando a dar um probleminhas. O elenco é bom e cria certa curiosidade para assistir, mas alguns são muito irregulares.
The Feed é baseada em um livro escrito por Nick Clark Windo, todavia, a série é criação de Channing Powell e segue uma linha Black Mirror. Ainda tem como trama Nina Toussaint White como Kate e sua gravidez. O episódio de abertura presenteia com um final daqueles que fazem dar play no próximo sem pestanejar. Clare-Hope Ashitey apresenta elegância ao dar vida a Evelyn, uma personagem inteligente e de personalidade.
O ritmo parece que vai cair no segundo episódio, mas a trama paralela de Marcus começa a ficar interessante. O ator Shaquille Ali-Yebuah é carismático. Além disso, a segunda metade traz cenas fortes e o suspense segue num crescente a partir das novas descobertas dos protagonistas que vão investigando os estranhos acontecimentos. A família Hatfield é complicada e ficamos curiosos para saber mais sobre o que está por trás das falhas na tecnologia, a política e quais seus reais interesses. Sobretudo, em quem é possível confiar? Na família, talvez?
Minority Report + V de Vingança + Black Mirror
O terceiro começa mostrando dois casais em caminhos paralelos, fica com cara de filme de fuga. Dirigido por Tinge Krishnan, pode-se perceber mais cenas utilizando a profundidade de campo, focando e desfocando o fundo, além de tomadas aéreas. Os cortes são bem utilizados como na saída do elevador seguido por abrir de cortinas de um novo e atemorizante cenário. Aliás, a cena final do segundo episódio faz com que o espectador fique ansioso pelo terceiro.
O seriado me fez lembrar Minority Report (2002), que se passa no ano de 2054, onde há um sistema que permite que crimes sejam previstos, também senti um ar de V de Vingança (2005), pois temos um grupo de rebeldes, hackers. Vemos uma luta por liberdade e desconexão tecnológica em um mundo extremamente interconectado, talvez seja esse o subtexto mais relevante. A partir do quarto episódio a questão LGBT começa a ser levantada, inclusive com alguns momentos singelos.
A direção de Jill Robertson no quinto episódio eleva a qualidade com closes bem utilizados, e começamos a encarar novas descobertas e outros mistérios. Aliás, o corte de uma lágrima para o cair de cinzas de um cigarro é poesia audiovisual. Aplicativos espiões que trazem problemas já são algo bem comum hoje em dia e tal tema também acaba sendo abordado. Ademais, as reviravoltas que acontecem nesse momento da temporada dão um novo ânimo. Seguindo para um sexto episódio com bastante suspense, e um final – quase – inesperado.
Em suma, The Feed é uma série que aborda vários temas relevantes, atuais – e futuros. Está no começo e vai plantando diversas sementes, conspirações, e, quando parece que vem um resposta, pula uma pergunta. Afinal, você quer estar conectado o tempo todo?
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: The Feed
Temporada: 1
Número de episódios: 10
Direção: Carl Tibbetts, Tinge Krishnan, Misha Manson-Smith, Jill Robertson, Colin Teague
Roteiro: Michael Clarkson, Rachel De-Lahay, Tom Moran, Channing Powell, Nick Clark Windo
Produtores: Julie Clark, Rachelle Constant, Susan Hogg, Simon Lewis, Sara Murray, Stephen Lambert
Elenco: Guy Burnet, David Thewlis, Shaquille Ali-Yebuah, Michelle Fairley, Osy Ikhile, Simran Kaur, Jing Lusi, Jeremy Neumark, Chris Reilly, Nina Toussaint-White
Distribuição: Amazon Prime Video
Data de estreia: dom, 20/10/19
Gênero: ação, drama
Ano de produção: 2019
Classificação: 18 anos