Leia a crítica do filme The Flash 2023

‘The Flash’ é aquele clima de fim de festa, sempre um pouco amargo

Marcelo Fernandes

‘The Flash’ é um filme estranho. Não em sua composição, roteiro e atuações, que são o básico do gênero “filme de herói” sem nenhuma inovação. A questão é que o longa nasceu num limbo causado pelo fim do Snyderverso, as tretas do ator Ezra Miller no universo real, os atrasos na gravação, a saída de Ben Affleck e Henry Cavill, entre diversos outros problemas. E tantos contratempos nunca são um bom sinal sobre o resultado final dos filmes.

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O filme começar com uma cena de ação solucionada por um Deus ex machina apenas para mais um dos diversos easter eggs aparecerem na tela e nunca mais ser citado é outra. A avaliação ainda fica mais complicada pois depende da bagagem do espectador  ter visto filmes anteriores para entender algumas piadas, do próprio universo e um pouco além, com o exemplo mais óbvio do Batman de Michael Keaton. Isso acaba prejudicando inclusive a experiência do público, afinal, qual o motivo de se importar com um filme que deixa ganchos mas não terá continuação e sobre universos findados?

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Falta algo

O filme em si, como dito antes, é razoável sob os parâmetros de “filmes e mídias de quadrinhos sobre o multiverso”. Mas falta algo. Para se sustentar sozinho sem o antes e o depois obrigatórios da atualidade, deveria ter um pouco mais de estofo e não se basear tanto no CGI e fundos verdes, e mais nos atores e em contar a história.

O roteiro, que no trailer prometia encaixar o já citado BatKeaton, uma nova Supergirl interpretada por Sasha Calle e o retorno do vilão General Zod de Michael Shannon, foca apenas no personagem principal. Claro, é o nome dele que está no letreiro, mas o gosto que fica é que todas as promessas de pontas e de coadjuvante foram feitas apenas para o fã mais fervoroso gritar “olha ali”, e não que tenham relevância na história ou mesmo para o próprio personagem.

Personagens mal aproveitados

A pequena exceção é o Batkeaton, que ainda possui um arco, mínimo, é verdade, mas tem. Michael Shannon, que reclamou para quem quisesse ouvir sobre o seu personagem, está certo: Zod poderia ser substituído por qualquer outro antagonista, mesmo um desprovido de carisma como o Lobo da Estepe ou seja lá qual era o nemesis de Adão Negro e nenhuma diferença existiria.

Causa um pouco de decepção o subaproveitamento desses atores e personagens, e muitas vezes dá a impressão de que eles simplesmente desistiam enquanto avançavam as gravações, e o diretor preenchia o espaço com alguma outra participação. Nem Íris West, cortada do primeiro filme da Liga, se salva: mal tem falas, agência, ou importância na trama, e poderia ser substituída por qualquer outro personagem menor.

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Mas e o Ezra?

Todas essas questões atrapalham quem vê o filme, principalmente o espectador ocasional (que talvez nunca verá The Flash). A única exceção é Ezra Miller. Mesmo cometendo atos que talvez provoquem sua demissão e que provavelmente causarão seu afastamento de futuros blockbusters, ele ainda é um bom ator e entrega alguma emoção além das caras e bocas do filme da Liga da Justiça.

 Mas se o tal espectador ocasional quiser comprar o ingresso e simplesmente ignorar tudo isso para duas horas de briga de boneco e alguma interpretação e arcos dramáticos, talvez se divirta entre a pipoca e o refrigerante.

Sabe aquela sensação quando você se forma no Ensino Médio ou na faculdade? Como para cada pessoa a experiência foi diferente, o sentimento pode ser de saudades ou alívio, mas algo que é compartilhado entre todos é aquele clima de fim de festa, sempre é um pouco amargo. Mais ou menos como a cena pós-créditos, o Snyderverso que começou parecendo ser um caminho a ser seguido por muito tempo, termina como um de seus heróis: com a cara numa poça d’água numa calçada qualquer.

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Trailer – ‘The Flash’

Título Original: The Flash

Direção: Andy Muschietti

Roteiro: Christina Hodson, Joby Harold

Elenco: Ezra Miller, Maribel Verdú, Kiersey Clemons, Ben Affleck, Michael Keaton, Sasha Calle

Onde assistir: Cinemas

Data de estreia: 15 de junho de 2023

Duração: 144 minutos

País: Estados Unidos

Gênero: Aventura, Ação, Fantasia

Ano: 2023

Classificação: 14 anos

Marcelo Fernandes

Jornalista, músico diletante, produtor cultural e fã de guitarras distorcidas e bandas obscuras.
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