The Idol Série

‘The Idol’ termina antes do previsto e é candidata ao posto de pior série da História

Marcelo Fernandes

Uma das frases mais famosas de Nelson Rodrigues é que “toda unanimidade é burra”. Bom, talvez Abel Tesfaye (The Weeknd), pense que fez uma obra-prima, pois todo o resto da humanidade concorda em algo: ‘The Ido’ é uma das piores, provavelmente a pior série de todos os tempos. Não importa se você é de esquerda, direita, ateu, religioso, qual time você torce: a série que terminou na HBO não é apenas ofensiva, ela é um erro.

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A esperança na melhora e o nome do criador de Euphoria envolvido levaram muitas pessoas a acompanharem até o fim. Mas não melhora: a série consegue ofender qualquer um esperando o mínimo de nexo de roteiro, de coerência de personagens, de qualquer coisa, mesmo desconsiderando o espírito meio “soft porn” que impregna a obra.

O começo de The Idol, suas gravações e sua pré-produção já tinham boatos e matérias sobre o caos que se instalava. Diretora demitida, The Weenknd acreditando que tinha o toque de Midas em uma série como tem na música, Sam Levinson abandonando mais uma temporada de sua série-sucesso. De todos os três, somente Amy Seimetz, que convidada a se retirar do projeto por “diferenças criativas em sua visão muito feminista”, pode se considerar vitoriosa: não ter o programa no currículo hoje deve ser um motivo de felicidade, para dizer o mínimo.

Mudanças abruptas no roteiro

De todos os pontos a serem criticados, o principal é o roteiro: personagens mudam de atitude, de posicionamento, sem nenhuma continuidade. Alguém é torturado, e seu plot é abandonado. Os grandes empresários da música pop, poderosíssimos, veem uma jam que parece a preliminar de um programa de canto na TV e ficam embevecidos vendo cifrões como se não houvesse dezenas de pessoas parecidas em cada barzinho. E alguns entram e saem sem nenhum começo ou desfecho, somente um meio de narrativa sem nenhum desenvolvimento.

As cenas são o que os jovens chamam de cringe, e os adultos de constrangedor. Mesmo que este fosse o objetivo declarado dos criadores, para mostrar as entranhas da indústria musical e sua podridão, o incômodo causado não leva à reflexão de quem assiste, e sim a desejar que acabe logo para algum diálogo que dê sentido àquilo. Mas os diálogos vem, e o sentimento de constrangimento não passa. Se na tela estão representadas as pessoas mais sagazes da música, talvez seja hora da Inteligência Artificial tomar conta de tudo, mesmo.

The Idol Série

Os protagonistas

Vale destacar os dois protagonistas por diferentes motivos. Jocelyn, interpretada estoicamente por Lily Rose-Depp, não tem nenhuma frase, não tem personalidade, seu traumas (como a morte da mãe que a agredia) são explorados de forma rasa, e ela fica flanando da tela com roupas minúsculas até para tomar café da manhã.

Se Lily Rose se esforça para tirar leite de pedra, não fica bem claro se Abel The Weeknd ao menos tenta interpretar. Seu Tedros como líder de culto não tem carisma, como sedutor da maior estrela do pop naquela história não tem apelo, e como estrategista com o objetivo de se infiltrar nos grandes escalões da música é patético. Se um ator razoável o interpretasse já seria terrível, mas em sua egotrip Abel acreditou que poderia segurar o rojão do protagonismo da série em uma das principais emissoras do mundo no seu horário mais nobre. Não conseguiu.

Tudo isso talvez explique o corte de um dos episódios (The Idol deveria ter 6, e seu finale ocorreu no quinto).

Conclusão

No fim, é como terminar um bingo sem acertar nenhum número: não importa qual a ótica que você avalie The Idol, seja roteiro, interpretação, texto, denúncia, sensualidade, música. Tudo é muito, muito ruim. E por isso deve ser para sempre lembrada, com o intuito de mostrar onde os egos inflados podem causar.

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Trailer – ‘The Idol’

Ficha Técnica

Título original: The Idol
Criador: Reza Fahim, Sam Levinson, The Weeknd
Elenco: The Weeknd, Lily-Rose Depp, Suzanna Son
Onde assistir: HBO Max
Data de estreia: 04 de junho de 2023
Temporada: 1
Episódios: 5
País: Estados Unidos
Gênero: Drama
Ano: 2023
Classificação: 18 anos

Marcelo Fernandes

Jornalista, músico diletante, produtor cultural e fã de guitarras distorcidas e bandas obscuras.
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