‘The Marvelous Mrs. Maisel’ – 3ª Temporada | Crítica

A terceira temporada de The Marvelous Mrs. Maisel estreou em Dezembro de 2019 na Amazon Prime – e logo foi acompanhada por excelentes notícias para os fãs da série: ela foi renovada para a 4ª temporada.
Se você ainda não viu a série e quer saber se vale a pena, confira aqui a crítica à primeira temporada. Só não se esqueça de voltar e comentar o que achou da terceira temporada depois, combinado?
A terceira temporada começa com a trama girando ao redor da turnê de Shy Baldwin (Leroy McClain). O cantor, que conheceu Midge (Rachel Brosnahan) no evento televisivo e se encantou pela performance da comediante. Três personagens guiam a trama e os episódios e, uma vez que cada um teve uma trajetória bem distinta dos demais, essa resenha será dividida com base neles:

• Miriam Maisel
• Susie Myerson
• Joel Maisel

Miriam Maisel: os altos e baixos da vida real

Miriam Maisel começa a temporada se preparando para sair em turnê. Naturalmente, há vários detalhes e minúcias com as quais lidar antes da empolgante viagem – os pais dela, por exemplo, que ainda não parecem se conformar com a carreira da filha. A preparação em si já traz cenas hilárias, como os debates sempre bem vindos entre Midge e o pai dela, os diálogos sarcásticos com a mãe, além de um divórcio (finalmente!) cômico.
Na turnê, Midge é exposta a um mundo além do privilégio em que ela cresceu. De hotéis de beira de estrada caindo aos pedaços a problemas de falta de dinheiro, a comediante se vê em situações e desafios inovadores – e que demandam mais do que ela esperava. Naturalmente, Midge consegue contornar os problemas e cumprir com as próprias metas e desafios, dando passos incertos rumo ao futuro que ela quer.
Uma cena que gerou controvérsia entre os fãs foi o casamento com Joel – logo após o divórcio, enquanto estavam bêbados em Vegas. De fato, as idas e vindas do casal já esgotaram os ânimos, mas a verdade é que é bem realista: do ponto de vista da personagem, pelo menos. Afinal, Midge está em um mundo completamente novo, andando às escuras.
É natural que o fim de um relacionamento amoroso seja conturbado e confuso por si só, mas em meio a toda a bagunça da vida da comediante, não é tão surpreendente que ela encontre uma sensação de segurança e constância em Joel – afinal, sequer os pais dela estão em situação comum: ambos estão pobres, morando com os pais de Joel, e passando por problemas e fases. Assim, por mais frustrante que a volta do casal seja (ao menos no papel), é consistente com os personagens.

Midge e Lenny Bruce

Um destaque vai para as cenas com Lenny Bruce (Luke Kirby). Os atores têm tanta química nas telas que a audiência fica na ponta dos pés, torcendo para que aconteça algo. No entanto, por ser uma personalidade real, é natural que os produtores não induzam nada entre Lenny e Midge (até porque, o verdadeiro Lenny Bruce teve um fim triste e trágico na vida real). No entanto, isso não impede que apresentem cenas maravilhosas, como a dança e a despedida dos dois à noite.
Por fim, outro ponto valioso é a amizade de Midge e Shy, sendo que ela tem uma facilidade e naturalidade para lidar com as pessoas nas situações mais delicadas, e aceita Shy como ele é, independente da época em que vivem. É essa amizade e essa aceitação, na verdade, que colocam Midge em seu maior desafio até então: saber quando não fazer piada com algo.
Na inocência, por desconhecer as consequências de algumas ações para os não-privilegiados, Midge faz algo que pode arruinar ou ao menos humilhar a carreira do cantor – e que leva a um final de temporada triste.

Susie Myerson: as batalhas e pressões da carreira

Enquanto Midge enfrentava os altos e baixos da carreira, Susie descobria o que é ser uma agente de verdade. A agente começa a temporada dividida entre a lealdade a Miriam e a necessidade de conseguir mais clientes – e dinheiro. A dúvida foi plantada por ninguém menos que Sophie Lennon, que insiste para que Susie se torne sua agente. E, após conflitos e discussões com Midge, Susie aceita – e descobre que não se brinca com tubarões. Por causa de burocracia, contratos e jogos de poder, Susie se vê trabalhando para uma comediante que vale muito dinheiro, mas a agente não recebe praticamente nada.
Talvez pela pressão, talvez pelo cansaço depois de tanto tempo trabalhando sem uma contrapartida, talvez por ver o que o dinheiro pode trazer ao conviver com Midge, qualquer que fosse o motivo, Susie começa a ingressar no mundo das apostas. E, como em todo jogo que depende de sorte, não acaba bem.
A trajetória de Susie nessa temporada foi a mais interessante da personagem: foi a primeira temporada que vimos a agente viver a vida profissional independentemente de Midge, e sendo uma agente para alguém com personalidade completamente diversa da talentosa Sra. Maisel. Além disso, Susie como sempre faz parte de cenas engraçadíssimas – como a que Midge tenta ensiná-la a nadar.
O desfecho da história dela, em especial da questão das apostas e da má administração do dinheiro dela e de Midge está entre os pontos mais esperados para a temporada seguinte – especialmente levando em conta que Midge já estava fazendo planos e avanços na vida em função do dinheiro.

Joel Maisel: orgulho e preconceito

A trajetória de Joel Maisel se mantém surpreendentemente consistente com o que nos foi apresentado sobre o personagem. Na primeira temporada, Joel se afasta de Midge porque ela era intensa demais – ele prefere a secretária, representada como uma mulher menos dominante, aquela típica donzela ingênua que vive por conta do marido. No entanto, não demora para que ele perceba que aquilo não é suficiente e se arrependa. Assim que percebe que Midge é quem ele realmente ama, Joel descobre a vida secreta da comediante – e se afasta novamente. Não por desaprovar, mas por não dar conta de estar com alguém que ganhe a vida transformando a vida do casal em comédia.
Joel é retratado como um personagem apaixonado por Midge, mesmo com todas as próprias limitações. O problema, nas duas primeiras temporadas, era que a intensidade da protagonista era demais para ele – e o orgulho falava mais alto. Na terceira temporada, as idas e vindas de Joel e Midge se repetem, de forma frustrante, mas coerente com a trajetória dos dois. Independente dos problemas do casamento, e dos problemas pessoais, a atração e o amor existente entre eles é inegável.
Mas Joel já não está mais focado em Midge: finalmente está em busca de mais independência. E é essa busca que o leva a tentar abrir uma boate.
Entre todos os personagens na terceira temporada, a história de Joel foi a mais fraca. Ele finalmente toma algum controle sobre o que faz, mas não houve muito progresso além disso. A nova namorada, Mei, que parecia uma personagem interessante, foi limitada a ser alguém “misteriosa”. Na verdade, a única cena realmente marcante dos dois foi a de Joel reclamando quando descobriu que ela o estava ajudando a progredir na abertura da boate. Cena tal que mostra que a incapacidade de Joel de aceitar ajuda ou apoio de uma mulher ainda existe.

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Temporada forte, fraca ou média?

Considerando as duas primeiras temporadas, diria que a terceira foi a que teve mais altos e baixos. A trajetória de Midge foi mais realista, e finalmente houve o desfecho da história de Midge e Benjamin. Além disso, as crises de identidade e carreira de Abe foram divertidíssimas, e mesmo Susie teve uma história mais complexa e envolvente. No entanto, personagens como Joel, Imogene e Archie tomaram muito tempo de cena para, no final, não avançar tanto a trama.
A temporada definitivamente é excelente, e recomendada para quem já gosta da série. E, após o último episódio, certamente há muito pelo que se esperar para a próxima temporada!
E você, já assistiu a terceira temporada? O que achou?

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: The Marvelous Mrs. Maisel
Temporada: 3
Criação: Amy Sherman-Palladino, Daniel Palladino, Scott Ellis, Jamie Babbit
Elenco: Rachel Brosnahan, Michael Zegen, Alex Borstein, Zachary Levy, Marin Hinkle, Kevin Pollak, Tony Shalhoub
Distribuição: Amazon Prime Video
Gênero: Drama, Comédia
Ano: 2019