Thor Amor e Trovão crítica do filme com spoilers

Foto: Marvel / Divulgação

Thor: Amor e Trovão | Taika Waititi aponta um caminho para o UCM [COM SPOILERS]

Guilherme Farizeli

Antes de mais nada, ele está entre nós! O quarto filme de Thor (Chris Hemsworth), o Deus do Trovão do Universo Cinematográfico da Marvel, enfim é uma realidade. Thor: Amor e Trovão (Thor: Love and Thunder) é o segundo filme do herói dirigido por Taika Waititi, que implementou uma verdadeira guinada na franquia. Há quem não goste da faceta assumidamente cômica nas aventuras solo mais recentes do personagem. Eu super entendo, mas não é o meu caso. De qualquer forma, difícil mesmo é achar quem goste dos dois primeiros filmes do herói no UCM, lançados em 2011 e 2013.

Com um processo que começou em Thor: Ragnarok (2017), o diretor definiu premissas muito claras na sua abordagem ao personagem. Uma delas é filmar boas histórias, sem a necessidade constante de manter laços tão fortes com o universo compartilhado. Ainda que, obviamente, essa conexão exista. E a outra premissa é a mudança de estilo. São filmes de comédia, fato. Embora as missões ainda estejam relacionadas com o futuro do universo e/ou qualquer outra treta grandiosa que heróis resolvem. Na minha humilde opinião, é uma sacada genial.

Taika não precisa se preocupar em alcançar o nível de Capitão América 2: O Soldado Invernal (2014) ou Vingadores: Guerra Infinita (2018), o que (sejamos honestos) dificilmente alguém vai conseguir. Mas ele envereda por um caminho diferente, apostando nas suas qualidades como diretor e nos pontos fortes de seu protagonista para revolucionar o UCM dentro do que é possível. Tacada de mestre. Ainda mais se analisarmos o que tem rolado nessa Fase 4…

A partir de agora, esta crítica de Thor: Amor e Trovão segue com SPOILERS. Portanto, se você ainda não assistiu o filme, siga por sua conta e risco! SPOILER ALERT, literalmente!

A trama de Thor: Amor e Trovão (com spoilers)

Embora o filme não nos diga exatamente onde estamos na linha do tempo do UCM, os primeiros minutos de Thor na tela são reservados para nos situar. O que rolou na vida do nosso herói barrigudo após os eventos de Vingadores: Ultimato (2019)? Korg (Taika Waititi) conta tudo pra gente, no melhor estilo de Luis, o fofoqueiro que a gente ama dos filmes do Homem-Formiga.

Somos apresentados a um “Thor crossfiteiro”, correndo atrás do tempo perdido. E testemunhamos um pouco da sua convivência com os Guardiões da Galáxia, num cameo super divertido. Que inclusive “debocha” da diferença de poderes entre essas duas “entidades”. No fim das contas, Thor está perdido, buscando uma razão para viver. E a motivação chega através da mensagem de uma figura conhecida, Sif (Jaimie Alexander), que foi atacada pelo vilão Gorr (Christian Bale). Não vou estragar a experiência de vocês, mas a introdução do vilão é bem legal. Como revelado nos trailers, a ideia de Gorr é matar todos os deuses. E para isso, ele vai até a Nova Asgard atrás de Thor.

Gorr não é o melhor vilão do MCU (como as primeiras reações na gringa davam conta), mas é divertido demais e absurdamente eficiente na missão de navegar entre a seriedade que o papel demanda e o estilo preponderante no filme. Não consigo pensar em muitos atores que conseguiriam achar esse ajuste fino no tom do personagem. O que mostra como foi (ainda mais) acertada a escolha de Bale.

Gorr, O Carniceiro dos Deuses

Poderosa (Jane Fonda, Jodie Foster) Thor

Confesso que ainda não consegui formar opinião sobre o arco da Dra. Jane Foster em Thor: Amor e Trovão. Já te explico o motivo. Natalie Portman está excelente como sempre e ficou incrível como a Poderosa Thor. Que heroína! A química entre sua personagem e Thor também funciona muito bem, incluindo nos hilários momentos de desconforto onde os dois se reencontram pela primeira vez depois de tanto tempo. Aliás, deixa eu comentar um negócio aqui. Assim como sabemos um pouco do que rola com Thor após a derrota de Thanos, o filme dedica alguns minutos preciosos para contar o que aconteceu com o casal lá atrás. E porque se separaram. Gente, é básico, mas a Marvel tem esquecido cada vez mais: detalhes fazem a diferença. Não dá pra tratar tudo como subentendido!

Agora, voltando a falar sobre o arco de Jane. Embora seja uma história estruturada e com uma certa dose de protagonismo, às vezes fico com a sensação de que a personagem merecia mais profundidade. Eu assisti o filme hoje, ainda preciso pensar mais sobre o tema. De toda forma, ela e Valquíria (Tessa Thompson) adicionam uma qualidade intangível ao filme. Que seria infinitamente mais sem graça sem sua presença e suas histórias.

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Apesar de ficar com a bunda de fora no filme, acho bobeira reduzir o talento Chris Hemsworth a um corpão bonitão. Claro, eu gostei mais da bundona verde do Hulk em Ragnarok. Mas o ator entrega muito em mais uma atuação divertida e equilibrada. Eu sou daqueles que defendem os bons atores de comédia e acho que fazer rir é realmente difícil.

Portanto, eu aplaudo mais uma performance super legal do ator, num ambiente que explora seus pontos fortes e o deixa muito confortável na pele desse cara tão poderoso e ao mesmo tempo tão frágil. Tão “divino” e ao mesmo tempo “bobinho” como um cachorro. Thor é o Golden Retriever do UCM, destruindo chinelos, templos e conquistando corações por onde passa.

Pontos fracos de Thor: Amor e Trovão (atenção com spoilers)

A falta de uma conexão maior com a Fase 4 do UCM é boa e ruim. É boa porque permite que o filme conte sua própria história sem se preocupar com o que está por vir ou com o que está acontecendo ao redor. Mas é ruim porque enfraquece a ideia de universo compartilhado. Temos uma cena com Darcy (Kat Dennings), personagem super querida pelo público e nada é mencionado sobre sua aventura em WandaVision.

E o que falar da ausência de qualquer mínima conexão com os acontecimentos de Loki? É claro que quem sai perdendo é a série do Disney Plus, terrível por sinal. E sai perdendo também a Fase 4 como um todo. Porque, estar atrelado de alguma forma a um filme tão legal como Thor: Amor e Trovão, seria benéfico para o que tem rolado na Marvel recentemente.

A conclusão do filme pode deixar algumas pessoas chateadas. E eu entendo. Embora melhor trabalhado do que em Doutor Estranho 2, o conflito principal se resolveu na base do papo. E o papo foi sobre amor. Os haters da Iris West da CW e de Mulher-Maravilha 1984 piram. Mas, especificamente nesse quesito, estão todos na mesma categoria de “conflitos resolvidos na base do papo ou pelo poder do amor”.

Isso foi um problema pra mim? De jeito nenhum. Ao contrário das obras supracitadas, Thor: Amor e Trovão é muito bem executado e o final foi um detalhe (diferente, eu admito) em meio a um filme bem legal. E, mais umas vez, os detalhes fazem a diferença. Thor admite sua derrota ao apelar pelo amor de Gorr. A cena é construída de um jeito mais detalhista e que ajuda a gente gostar mais dessa escolha.

O melhor de Thor: Amor e Trovão (já avisamos dos spoilers, né?)

Se o objetivo era nos entreter e nos deixar felizes, deu tudo certo. O filme acerta no tom, no texto e na história. Aliás, roteiro bom é artigo raro hoje em dia no cinema. E se Thor: Amor e Trovão não surpreende ninguém nem reinventa a roda, ele mantém o nível do início ao fim. E sendo coerente com esse conceito de “comédia do absurdo”.

O elenco é maravilhoso e nos reserva pequenas surpresas que são mais deliciosas ainda. Basicamente, não temos fan service algum no filme. E a julgar pelo histórico recente do UCM, isso é algo para celebrarmos.

A estética glam/oitentista utilizada no marketing do filme convergiu para uma trilha regada à Guns N’ Roses, que poderia ter dado super errado e soado muito brega. Mas interação entre as músicas escolhidas e os momentos onde elas foram inseridas no filme está perfeita. Se em Ragnarok somos surpreendidos por “Immigrant Song” do Led Zeppelin tocando em um dos momentos crucias do filme, em Thor: Amor e Trovão somos premiados com “November Rain” em um dos pontos altos!

E não é qualquer trecho. Uma porradaria épica come solta ao som do solo da música, o melhor tocado por Slash (na minha opinião) e um dos momentos mais legais da discografia do Guns. Não sou fanático pela banda nem nada, mas confesso que deu uma arrepiada boa.

Por fim, o visual do filme é incrível e os efeitos são maravilhosos. Incluindo uma sequência de luta onde Gorr se beneficia de uma espécie de “poder das sombras”, que é de cair o queixo.

Conclusão

Thor: Amor e Trovão é um dos melhores filme da Fase 4 até aqui. E talvez seja o último, se o calendário divulgado alguns anos atrás por Kevin Feige for mantido. Com uma boa história e um elenco incrível, o filme foca em si mesmo para conquistar a audiência e não tem medo de seguir o caminho da comédia. As cenas pós-créditos são interessantes, inclusive com um vislumbre do que vem por aí. Mas, estão absolutamente focadas no filme e sem qualquer vestígio de fan service.

Talvez ele se beneficie pela falta de expectativa sobre si (ao contrário de Doutor Estranho 2)? Sim, é possível. Nem por isso ele deixa de ser incrivelmente divertido e saboroso. Sem pensar muito no assunto, eu acho que mais personagens do UCM se beneficiariam de uma abordagem semelhante ao Thor de Taika Waititi. Nem só pela comédia, mas pela capacidade de desenvolver e contar, antes de qualquer coisa, uma boa história.

Onde assistir ao filme Thor: Amor e Trovão?

A saber, Thor: Amor e Trovão estreia exclusivamente nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 7 de julho de 2022.

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Trailer do filme Thor: Amor e Trovão

Elenco do filme Thor: Amor e Trovão

Chris Hemsworth
Natalie Portman
Christian Bale
Tessa Thompson
Taika Waititi
Chris Pratt
Dave Bautista
Karen Gillian
Sean Gunn
Pom Klementieff
Russel Crowe
Vin Diesel
Bradley Cooper

Ficha Técnica

Título original: Thor: Love and Thunder
Direção: Taika Waititi
Roteiro: Taika Waititi e Jennifer Kaytin Robinson
Data de estreia: qui, 07/07/2022
Duração: 119 minutos
País: Estados Unidos
Gênero: comédia, ação, aventura, fantasia,
Ano: 2022
Classificação: 12 anos

Guilherme Farizeli

Músico há mais de mil vidas. Profissional de Marketing apaixonado por cinema, séries, quadrinhos e futebol. Bijú lover. Um amante incondicional da arte, que acredita que ela deve ser sempre inclusiva, democrática e representativa. Remember, kids: vida sem arte, não é NADA!
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