‘Tin & Tina’ está longe de ser uma obra-prima, mas é um bom suspense
Bruno Oliveira
Por muitas vezes a relação entre público e crítica divergem muito. Ou a crítica ama e o público odeia, ou o público ama e a crítica odeia. Nesse caso, pude notar que público e crítica detestaram ‘Tin & Tina’, digo isso pelas notas em sites especializados que vi por aí. O curioso é que em 95% das vezes eu concordo com a maré, mas dessa vez vou remar contra a correnteza. Esse foi um filme que me deixou nervoso e preso a cadeira com uma dose perfeita de suspense.
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Lola (Milena Smit) está grávida e se casando com Adolfo (Jaime Lorente) quando de repente sofre um aborto espontâneo. No hospital, lhe é dito que nunca mais poderá engravidar. Isso causa uma enorme depressão na vida dela. Depois de um tempo, o casal conversa e resolvem adotar alguma criança do convento da região. Lá, conhecem Tin (Carlos Gonález Morollón) e Tina (Anastasia Russo), irmãos gêmeos que parecem ser adoráveis. Após adotá-los, o casal percebe o quanto as crianças são obcecadas pela Bíblia e o quanto sua educação vêm de um ambiente ultra católico.
Ingenuidade ou pura maldade?
A imagem das crianças por si só já nos dá um certo arrepio. Desde o início, percebemos que elas possuem uma aura um tanto bizarra, mas até aí ok. As coisas começam a ficar realmente sinistras quando o assunto sobre religião vem à tona. Nossa protagonista não acredita em Deus, afinal, como acreditar depois de ter perdido um bebê ainda na barriga? Tin e Tina por terem sido criados em um ambiente católico, resolvem mostrar um pouco para ela o que é acreditar em Deus. Em sua primeira cena, já presenciamos o bizarro quando um sufoca o outro com um saco plástico dizendo que assim é uma forma de ver Deus.
Daí para a frente o que vemos é uma sucessão de cenas de gelar a espinha e uma dúvida se acende em nós. Eles estão fazendo essas atrocidades por serem ingênuos por seguir a Bíblia ao pé da letra ou são realmente criaturas vis? Até o final, acredito que essa dúvida cesse, porém, isso paira no ar por bastante tempo. De certa forma, fica claro que com isso tudo temos uma grande crítica a religião católica. Não que todos que sigam essa religião tenham esses impulsos psicopatas, mas como uma criação dura e com uma mente, minimamente, deturpada é capaz de atos inimagináveis.
Todo esse suspense e dúvida nos levam ao ato final que, para mim, foi simplesmente incrível. Sei que sou suspeito por gostar de cenas com um take só, e é justamente o que temos aqui. A cena começa simples, com o casal conversando e com a câmera vagando atrás deles de forma bem lenta. Quando menos percebemos, o caos é instaurado e esse grande plano-sequência acaba em um momento que nos deixa uma dúvida no ar: ela conseguiu “ver” Deus ou não em seu último ato de desespero?
Conclusão
‘Tin & Tina’, para mim, acabou sendo uma boa obra de suspense. Fiquei mais nervoso do que poderia esperar. Realmente dessa vez não consegui entender porque as pessoas não gostaram dele. A probabilidade de eu estar errado é grande, porém, consegui me divertir demais com esses gêmeos bizarros. Longe mesmo de ser uma obra-prima, mas está longe de ser uma bela porcaria também. Recomendo vê-lo com um carinho a mais, pois pelo jeito só eu tive essa visão um pouco mais ampla sobre ele.
Existe um curta-metragem de 2013 com o mesmo nome e dirigido pelo mesmo diretor, Rubin Stein, mas não consegui achá-lo em lugar nenhum. Caso consiga achar, nos avise por aqui.
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Trailer – Tin & Tina
Ficha Técnica
Título original: Tin & Tina
Direção: Rubin Stein
Roteiro: Rubin Stein
Elenco: Milena Smit, Jaime Lorente, Carlos González Marollón, Anastasia Russo, Teresa Rabal
Onde assistir: Netflix
Data de estreia: 26 de maior de 2023
Duração: 119 minutos
País: Espanha, Estados Unidos e Romênia
Gênero: Suspense
Ano: 2023
Classificação: 16 anos