‘Tiny Tina´s Wonderlands’ conserva o legado da franquia
Felipe de Andrade
Lá no longínquo ano de 2009, a Gearbox lançava o primeiro jogo da sua aclamada franquia de sucesso. Estamos falando de Borderlands. Essa série sempre conseguiu entregar ótimos jogos que misturam tiro em primeira pessoa; ação desenfreada constante balanceada com alguns elementos de RPG; assim como personagens carismáticos muito queridos entre os fãs, bem como dezenas de horas pressionando o gatilho de toneladas de armas, com cada uma mais legal de usar do que as outras; um multiplayer sempre competente; e, claro, sempre uma história envolvente como pano de fundo em todas as edições. Resumimos para você a fórmula da qualidade que o estúdio utiliza para manter a sua franquia de sucesso ativa até os dias de hoje, com seus jogos de ação (quase) perfeitos.
Como não poderia deixar de ser, a sequência, Borderlands 2, também obteve grande sucesso ao fazer uso desta mesmíssima fórmula, chegando a garantir alguns prêmios, como melhor jogo de tiro, por exemplo. Durante sua vida útil este recebeu algumas expansões, e a que mais agradou seu grande número de fãs foi Tiny Tina´s Assault on Dragon Keep. Lançada em 2013, o game fugiu da ambientação em um mundo pós-apocalíptico e adentrou um universo de fantasia onde “a rainha foi capturada e o seu reino estava em perigo. Apenas você e os teus amigos poderiam devolver a paz a este reino encantado e excêntrico”. Por este trecho tirado da descrição oficial é possível perceber que o enredo da DLC nada tinha a ver com o jogo principal. Ela foi relançada como um jogo stand alone recentemente, em novembro de 2021, o que ajudou a fomentar a demanda da sua sequência.
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Fuga do padrão
Tiny Tina´s Wonderlands acabou por nos trazer a uma situação que não é das mais comuns. Em outras palavras, trata-se de uma expansão com roteiro que foge completamento do jogo de origem. Além disso, lançada para uma sequência de um jogo de tiro em primeira pessoa que saiu há mais de 10 anos; ganhando, assim, uma continuação em forma de jogo triple A, por um grande estúdio não é sempre que acontece.
E é justamente este o caso de Tiny Tina´s Wonderlands. Assim como seu predecessor, consegue juntar com maestria a jogabilidade consagrada da franquia principal com uma ambientação clássica que referencia grandes RPGs de mesa estilo Dungeons & Dragons, com muita fantasia e tiroteio, somados às excentricidades da Tininha, já que é ela quem comanda o desenrolar da história ao mesmo tempo em que cria um mundo fantástico e caótico.
Em Tiny Tina´s Wonderlands controlamos um jogador de RPG principiante que foi promovido a “Chefe do Destino”. A saber, um guerreiro lendário, por falta de opções melhores de acordo com a Tina. Seus companheiros são: o orgulhoso e sem noção capitão Valentine e a guerreira robótica assassina, Frette. Eles não ganharam a confiança da organizadora da partida para liderar a campanha contra o vilanesco Senhor dos Dragões e suas hordas de monstros. O objetivo desses é derrotar a Rainha Rabo de Cavalo, “a soberana mais lindíssima e perfeitíssima” das Terras Maravilindas. Este é o enredo do RPG Bunkers e Bambambãs, do qual a Tina é a mestra durante o gameplay de Wonderlands.
Gameplay
Logo após assistirmos à uma das aberturas mais hilárias que existem, dentro ou fora da franquia Borderlands, e da apresentação dos personagens principais, somos levados à tela de criação de personagem, onde definimos a classe, o visual e sexo do nosso Chefe do Destino. Essa é uma grande mudança quando comparamos com o restante da franquia, inclusive com Assault on Dragon Keep, onde escolhíamos entre os vault Hunters disponíveis em cada versão, com suas características e estilos de combate únicos.
Em Tiny Tina´s Wonderlands temos seis classes disponíveis que possuem características e estilos existentes em diversos RPGs, que são: Bárbaro, Assassino, Feiticeiro, Necromante, Arqueiro e Domador de Dragões.
Todos possuem habilidades exclusivas de suas classes, assim como especiais e magias únicas que aparecem ao longo do jogo. Pena que suas influências não sejam tão grandes quanto poderiam, e acabam satisfazendo pouco a predileção de quem está jogando por cada classe e trazendo mudanças que não empolgam entre as partidas, alterando pouco o gameplay mesmo que utilizando classes diferentes.
Fases e Mapas
Entre uma fase e outra, quando é necessário explorar o mapa somos transportados para o Mapa da Mesa, onde é possível transitar entre as áreas das Terras Maravilindas (tradução escolhida para o título do jogo), utilizando uma versão em miniatura do avatar que criamos no início da partida. Nele é possível descobrir novas áreas, itens secretos e combates surpresa que brotam do nada, assim com em vários jogos de RPG.
Este recurso parece que foi inserido apenas para adicionar mais conteúdo e tempo de gameplay ao título, e acaba por quebrar o ritmo da partida toda vez que somos forçados a entrar neste modo Mapa da Mesa, basicamente para ouvir ainda mais diálogos entre Tina e seus companheiros enquanto a história é conduzida.
Ademais, novas quests, incursões e batalhas por itens e equipamentos surgem apenas através deste modo de exploração, se tornando obrigatório se aventurar pelo mapa dessa forma, mesmo que a contragosto.
Multiplayer
Um ponto forte de toda a franquia que está de volta é o multiplayer, e tanto jogando online ou com a tela dividida garantem muitas horas de tiroteio em grupo. O modo online até 4 jogadores conseguem divertir bastante ao nos juntarmos a mais 3 jogadores, amigos ou desconhecidos, com a segunda opção podendo gerar um pouco mais de caos que o normal da partida, pois pode gerar uma partida em que cada jogador tem um ritmo ou objetivo diferente durante a jogatina.
Entretanto, no modo tela dividida offline é onde aquela sensação clássica de poder “jogar de dois” reside. Afinal estamos jogando e se aventurando com um amigo na mesma sala, dividindo a tela, garantindo um controle melhor da partida. E para apimentar a disputa, existem dois modos disponíveis referentes aos loots que pipocam pela tela. Além disso, o modo Cooperação, onde todos conseguem seus próprios espólios; e o Coopetição, onde aquele que pegar o item primeiro leva, possivelmente gerando alguns momentos de discórdia.
E para finalizar, o jogo conta também com a opção de jogar online com a opção multiplataforma ligado, em que é possível participar de partidas com jogadores alocados tanto em PCs, quanto em consoles Playstation 4 ou 5 e Xbox One ou Series S/X.
Graficos
Todo aquele “charme” do celebrado estilo gráfico Cel Shading (onde gráficos em 3D imitam desenhos 2D), utilizado desde o primeiro jogo, meio que se perde aqui infelizmente. Em suma, fica a impressão de que no processo de atualizar os gráficos para uma nova geração a desenvolvedora manteve o estilo nos personagens principais, NPCs e inimigos, e no restante de toda a parte visual ela apenas aplicou um filtro para simular a aparência consagrada da franquia.
O resultado foi um visual estranho no jogo, aquém até mesmo do jogo da Tina de 2013. No entanto, isso não atrapalha em nada a jogabilidade e deve afetar apenas aos fãs mais puristas de Borderlands, já que Wonderlands ainda possui bons gráficos que retratam o mundo de fantasia com muita eficiência.
A animação e movimentação dos personagens e dos monstros são muito fluidas e agradáveis, não importando quantos inimigos aparecerem na tela ao mesmo tempo. Destaque para os esqueletos que perdem partes do corpo e continuam tentando nos atacar de qualquer maneira.
Os efeitos especiais das armas, magias e especiais são um show a parte, e nos motiva a buscar por novos tipos de ataques para ver a explosão de cores na tela.
Som
A parte sonora do título é quase impecável, com ótimas trilhas durante toda a duração do jogo. A dublagem, mesmo que em inglês, transmite com eficiência o tem cômico e exagerado dos diálogos, em todos eles, mesmo quando repetidos sem motivo aparente, causando um pouco de estranheza ao longo do tempo.
O jogo possui legendas em português com ótimas traduções e adaptações dos diálogos da aventura. No entanto, durante vários momentos é possível observar que as legendas não aparecem durante diálogos referentes a história principal. Isso pode atrapalhar o entendimento da história, prejudicando a imersão.
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Tiny Tina´s Wonderlands: VEREDITO
Tiny Tina´s Wonderlands conserva o legado da franquia com louvor! Aliás, tudo o que há de melhor na franquia está presente aqui. Garantindo, assim, dezenas de horas de tiros, risadas, aventuras e mais tiros, jogando sozinho ou acompanhado.
Prós
- Ótimo tiroteio
- Multiplayer competente
- Horas de risadas
- Personagens carismáticos
- Centenas de armas
Contras
- Quebras de ritmo com o Mapa da Mesa
- Cel Shading em tudo faz falta
- Falhas nas legendas
- Pouco espaço no inventário