Leia a crítica do filme Três Tigres Tristes - Ultraverso

Longa foi vencedor do Teddy Award de Melhor Filme no Festival de Berlim 2022 - Foto: Divulgação / Olhar Distribuição

Três Tigres Tristes é o amadorismo audiovisual com boas intenções

Leonardo Duarte

Evidente o suficiente, não somos nada sem a memória. Saber e lembrar das decisões que tomamos e de tudo o que vivemos é fundamental para entender quem somos. Afinal, é isso o que somos, uma infinidade de memórias que, amontoadas, se transformam em uma consciência. O filme Três Tigres Tristes, de Gustavo Vinagre, se esforça para debater esta questão, se utilizando das ruas de São Paulo para isso.

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O filme acompanha três amigos – Isabella, Jonata e Pedro – que, após se cansarem de ficar presos em casa devido à pandemia de covid-19, decidem passear por São Paulo para espairecer, vivendo situações diversas – e, certas vezes, bizarras – nas ruas da cidade.

O principal ponto positivo do longa-metragem são os temas que coloca na mesa para que reflitamos sobre. Desde a pauta LGBT, abordada de forma mais explícita, até o capitalismo, criticado de maneira mais sutil, o filme sabe, de maneira muito clara, as mensagens que quer passar, não tendo medo de compartilhar seus pontos de vista com o público. E, não só isso, mas compartilha suas ideias de forma bem-humorada, trazendo boas piadas e referências em alguns momentos do roteiro.

Leia a crítica do filme Três Tigres Tristes - Ultraverso

Longa foi vencedor do Teddy Award de Melhor Filme no Festival de Berlim 2022 – Foto: Divulgação / Olhar Distribuição

Reflexão sobre as memórias

Já com relação à memória, Três Tigres Tristes inova ao expandir a pandemia que já conhecíamos para algo mais pitoresco e fantasioso, onde o vírus se torna conhecido por apagar de forma literal as memórias dos infectados – fazendo, evidentemente, uma menção às possíveis falhas de memória causadas pela doença.

Ao mesmo tempo, propõe uma reflexão sobre a memória e sobre quão fácil é se esquecer de questões importantes do dia a dia, reiterando o quão frágil pode ser nossa mente. Além disso, de forma até mais indireta, faz menção ao quanto os brasileiros se esquecem dos erros e atrocidades cometidos pela política do país.

Porém, se é que o filme realmente tenha grandes acertos, ele também tem grandes falhas. Com relação aos diálogos, muito do que ali se diz parece fora do lugar ou, no mínimo, interpretado de forma amadora pelos seus protagonistas.

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Longa foi vencedor do Teddy Award de Melhor Filme no Festival de Berlim 2022 – Foto: Divulgação / Olhar Distribuição

Proposta interessante

Ainda que se veja as boas intenções da produção como um todo – assim como seu elenco, fica  estranhamente evidente que cada ator está esperando sua deixa para começar a falar, fazendo com que toda a narrativa perca a fluidez e lembre o espectador, a todo momento, de que aquilo não é real. Torna-se, assim, quase impossível se manter imerso na história do começo ao fim.

Entretanto, Três Tigres Tristes ainda assim consegue se manter de pé com uma proposta interessante, levando o público a um passeio fantasioso nas ruas de São Paulo – que, aliás, se torna um dos personagens principais do longa. Dentre erros e acertos, o longa-metragem evidencia suas boas intenções com um roteiro criativo, dinâmico e ousado, que é atrapalhado somente pelo amadorismo de sua produção. A partir disso, cabe ao espectador decidir qual de ambos estes pontos – acertos e defeitos – mais pesam na hora de desfrutar um filme como esse.

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Trailer do filme Três Tigres Tristes

Ficha Técnica do filme Três Tigres Tristes

Título original: Toll

Direção: Gustavo Vinagre

Roteiro: Tainá Muhringer, Gustavo Vinagre

Elenco: Isabella Pereira, Pedro Ribeiro, Jonata Vieira

Onde assistir: Cinemas

Data de estreia: 30 de novembro de 2023

Duração: 86 Minutos

País: Brasil

Gênero: Aventura, Comédia, Musical

Ano: 2022

Classificação: 14 Anos

Leonardo Duarte

Dos livros aos videogames, e da televisão ao cinema, Leonardo adora histórias que consigam quebrar seu coração em um milhão de pedacinhos. Entusiasta de sitcoms, filmes insanos e coming-of-ages, também é mestre de Dungeons and Dragons e cai de cabeça em quase qualquer jogo de tabuleiro. Acredita que o mundo é um lugar belo, mas certamente fica dez vezes mais fascinante com arte.
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