‘Uma Mãe Perfeita’ tem boa intenção, mas é superficial e cheia de falhas
Wilson Spiler
Dirigido por Frédéric Garson, conhecido cineasta francês que trabalhou como assistente de direção em produções Joana D’Arc (1999), O Quinto Elemento (1997), e O Profissional (1994), a série Uma Mãe Perfeita (Une Mère Parfaite), coprodução entre França, Bélgica e Alemanha, tem feito um enorme sucesso na plataforma da Netflix.
Esse êxito no serviço de streaming tem suas justificativas: é uma minissérie curta, com apenas quatro episódios, carregada de suspense, com gente bonita, cenas quentes e reviravoltas na trama. Tudo o que o público brasileiro gosta.
Isso quer dizer que Uma Mãe Perfeita é uma boa série? Não. Muito pelo contrário. A minissérie tem diversos problemas de roteiro que estragam a experiência de quem gosta de um bom suspense. São furos e furos que não condizem com a trama que a produção conta, apenas para usar e abusar de plots twists que, sim, surpreendem, mas negativamente.
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A família imperfeita
A trama se passa entre Berlim e Paris. Na Alemanha, Hélène Berg (Julie Gayet) tem a vida completamente desfigurada quando recebe o telefonema de sua filha Anya (Eden Ducourant), que foi estudar na França e é acusada de assassinato. Convencida da inocência da filha, a mãe vai ao encontro da jovem e é ajudada pelo advogado Vincent (Tomer Sisley), um antigo amor que não via há 25 anos. Assim, ela e seu amante iniciam a própria investigação deles.
Em outro núcleo da trama, Hélène deixa em Berlim seu filho adolescente Lukas (Maxim Driesen), que está às vésperas das provas finais do ensino médio; assim como seu marido Matthias (Andreas Pietschmann), com quem já tem uma relação desgastada.
Falhas e superficialidade
Pelo mote, já é bastante perceptível que haverá traições, segredos escabrosos e divergências familiares. Entretanto, Uma Mãe Perfeita tem falhas tão escancaradas que é difícil se mergulhar na experiência. São diálogos risíveis, comportamentos antiéticos, cenas e atores mal dirigidos. O ator Sylvain Dieuaide, que interpreta o jornalista Franck, então, é uma piada caricatural de dar vergonha alheia. Tomer Sisley, intérprete do advogado também é outro que atua mal, parecendo querer rir o tempo todo, talvez incrédulo diante de um texto tão pobre.
Além disso, o enredo já permite que já saibamos quem está mentindo a partir do primeiro episódio. Ou seja: previsível. OK, para ser justo, o desfecho da trama, em si, é realmente surpreendente. Mas o que poderia ser uma boa surpresa, acaba se tornando negativa diante de algo bem pouco crível, apesar de a série ser inspirada em uma história real (obviamente romanceada pela produção).
A se elogiar, a série aborda alguns temas relevantes como estupro, imigração, racismo e luta de classes, mas não se aprofunda devidamente em nenhuma das questões. Pior: o desfecho ainda é perigoso para quem é vítima de abusos, deixando margem para dar razão aos reaças de plantão. Talvez o único assunto bem desenvolvido seja a questão que o próprio título da série propõe: ninguém é “uma mãe perfeita”, assim como não existe uma família completamente certinha. É, talvez, desses “cidadãos de bem” que saem as piores obscuridades.
Onde assistir à série Uma Mãe Perfeita?
A saber, a série Uma Mãe Perfeita está disponível para assinantes da Netflix. Aliás, está de olho em algo na Amazon? Então apoie o ULTRAVERSO comprando pelo nosso link: https://amzn.to/3mj4gJa.
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Trailer da série Uma Mãe Perfeita, da Netflix
Uma Mãe Perfeita: elenco da série (Netflix)
Julie Gayet
Tomer Sisley
Eden Ducourant
Ficha Técnica: Uma Mãe Perfeita (Netflix)
Título original da série: Une Mère Parfaite
Criação: Carol Noble e Thomas Boullé
Direção: Frédéric Garson
Roteiro: Thomas Boullé e Carol Noble
Episódios: 4
Duração: de 47 a 51 minutos
País: Bélgica, França e Alemanha
Gênero: drama e suspense
Ano: 2022
Classificação: 16 anos