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Uma Pitada de Sorte crítica do filme brasileiro 2022

‘Uma Pitada de Sorte’ vai além do puro besteirol

Bruno Oliveira

Já tem tempo que considero a Globo Filmes minha algoz nos cinemas (além dos filmes nigerianos). Eu sempre detestava tudo o que faziam e saía muitas vezes revoltado. Sempre falei mal da comédia fácil que faziam e que, de certa forma, me ofendia como um fã do cinema. A verdade é que o público gostava e acabava que o errado era eu por tentar nadar contra a maré.

O tempo passou e as coisas mudaram. Não sei se fui eu, a própria Globo Filmes ou os dois. O importante é que eu passei a apreciar mais esse tipo de filme e Uma Pitada de Sorte pode acabar sendo minha trégua com a produtora.

Sinopse

Pérola, vivida por Fabiana Karla (Lucicreide Vai Pra Marte) é uma moça que possui dois empregos. Um como sous chef, que acaba sendo o seu favorito por ela querer ser uma grande chef um dia; enquanto o outro é de animadora de festa na empresa da sua mãe, do qual só faz para deixar a matriarca feliz. O seu sonho começa a ganhar forma quando é aceita em uma audição para um programa de TV ao lado de um grande chef renomado.

Comédia com algo a mais

Não vou dizer que todo o meu ranço com a Globo Filmes passou, mas gostei do que vi aqui. Achei Uma Pitada de Sorte uma comédia bem honesta e com alguns dilemas que foram explorados de uma forma boa. Na vida, nós sempre vamos nos deparar com escolhas que serão benéficas, mas que, de certa forma, vai acabar magoando outras pessoas. Infelizmente, isso é a vida. Ela é confusa mesmo e pode nos pregar peças diárias que podem ditar o rumo de nosso futuro.

Apesar de toda a comédia e de Fabiana Karla dar um show particular em cenas que realmente fazem rir, o que mais me chamou atenção aqui foi justamente essa veia dramática que fica ali no subtexto. Graças a isso, o desfecho acaba de uma forma bem satisfatória. Afinal, não adianta pegarmos o caminho mais fácil em nossas vidas. Lá na frente vamos acabar sofrendo com esse tipo de decisão que não é verdadeira com você. O caminho mais espinhoso acaba sendo o certo no quesito satisfação pessoal.

Essa mensagem talvez não seja a principal razão do filme existir e, quem quiser apenar rir, terá o seu momento de satisfação em Uma Pitada de Sorte. Não achei a melhor comédia do mundo, mas posso garantir que me fez sorrir em diversos momentos. Principalmente quando a piada vinha sem ao menos percebermos.

Outro detalhe inesperado que me fez gostar da produção foram as nuances dos personagens. Ninguém é bidimensional, todo mundo possuis diversas facetas que se sobressaem em determinados momentos. Aquela pessoa que você acha horrorosa, pode ser que não seja tão ruim assim; assim como alguém que aparentemente te abre um sorriso, pode ser quem fala mal de você quando não estiver olhando. Esse pequeno detalhe também se sobressaiu e fez do longa um pouco mais interessante.

Conclusão

Uma Pitada de Sorte está longe de fazer com que eu ame a Globo Filmes, mas pode ter sido o começo de uma nova amizade. Sempre vou com a cabeça aberta para esse tipo de longa e com o olho bem aberto para não ser enganado. Brincadeiras à parte, posso dizer com segurança que trata-se de uma bela comédia para se ver em família. Uma ótima pedida para aquele cineminha na tarde de domingo pós almoço.