Valentina crítica do filme brasileiro da Netflix

‘Valentina’: a luta diária dos transexuais por respeito

Wilson Spiler

Com 18 prêmios em festivais ao redor do mundo e após uma rápida passagem pelos cinemas brasileiros, o filme Valentina estreou neste domingo (17) na Netflix. O longa levanta uma discussão importante sobre a inserção das pessoas transexuais na sociedade. Afinal, no Brasil, estima-se que a evasão escolar de meninos e meninas trans é de 82%. Além disso, a expectativa de vida dessa população é assustadoramente baixa: de apenas 35 anos.

O filme conta a história de Valentina (Thiessa Woinbackk), uma adolescente trans que se muda para o interior de Minas Gerais com a mãe (Guta Stresser) para um recomeço. Com medo de ser intimidada na nova escola, a garota busca mais privacidade e tenta se matricular com seu nome social. No entanto, mãe e filha enfrentam problemas quando a diretoria da escola, despreparada, começa a exigir a assinatura do pai ausente (Rômulo Braga) para realizar a matrícula.

Violências físicas e psicológicas

Valentina é estrelado pela influenciadora digital Thiessa Woinbackk. Assim como a protagonista, ela também é uma mulher trans. A atuação da jovem, uma atriz ainda em início de carreira, não enche os olhos, é verdade, mas merece destaque pela força de sua personagem. Por outro lado, Guta Stresser está excelente, como sempre. Além disso, vale ressaltar também o trabalho de Ronaldo Bonafro, que interpreta o melhor amigo da menina. Ele vive um jovem negro homossexual que nunca havia beijado na boca, mesmo já tendo se relacionado sexualmente com outros rapazes.

Embora tenha claramente um orçamento baixo, o filme é eficiente ao mostrar o difícil dia a dia que tanto transexuais quanto homossexuais precisam lidar para se consolidar numa sociedade fortemente preconceituosa. Valentina não sofre “apenas” bullying, mas ameaças de violência física e sexual. Fora todo o transtorno psicológico que enfrenta para seguir em frente, se libertar e poder usar o nome que considera mais adequado para o seu corpo.

Mas o filme Valentina não para por aí. Isso porque o longa vai além, expondo pais ausentes e mães solteiras. Problemas que geram abalos em seja qual for seu gênero ou sua orientação sexual. Por isso, apesar de ser voltado para a causa LGBTQIA+, é um longa que reforça, sobretudo, a luta diária que cada ser humano precisa enfrentar por respeito. Afinal, somos todos iguais, independente do seu preconceito.

Aliás, vai comprar algo na Amazon? Então apoie o ULTRAVERSO comprando pelo nosso link: https://amzn.to/3mj4gJa.

Trailer do filme Valentina, da Netflix

Valentina: elenco do filme (Netflix)

Thiessa Woinbackk
Guta Stresser
Rômulo Braga
Ronaldo Bonafro

Ficha Técnica

Título original do filme: Valentina
Direção:
Cássio Pereira dos Santos
Roteiro: Cássio Pereira dos Santos
Data de estreia: dom, 17/10/2021
Onde assistir ao filme Valentina: Netflix
País: Brasil
Duração: 95 minutos
Gênero: drama
Ano de produção: 2020
Classificação: 14 anos

Wilson Spiler

Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.
NAN