‘Vingadores: Ultimato’, o encerramento épico de um universo de 11 anos

Stenlånd Leandro

Acredita-se que em longos onze anos de uma franquia chamada Vingadores, espalhada por diversos filmes de heróis solo, tudo poderia acontecer, mas jamais imaginaríamos que fossem tão longe. Thor perdeu sua família e seu mundo, enquanto Tony Stark viu o Peter Parker chorar em seus braços, dizendo que não gostaria de morrer. Assim é a vida. Há perdas, mas há também bônus. Enquanto alguns querem saber mais sobre o desfecho dessa narrativa que trará um adendo para a nova fase da Marvel, se é que ela existirá, Kevin Feigh já deixou claro que apesar do nome, não será em Ultimato o fim dessa fase, mas sim Homem-Aranha: Longe de casa que a encerrará por definitivo.

Como noticiado anteriormente, Vingadores: Ultimato não possui cenas pós-créditos e então muitas dúvidas pairaram no ar sobre o futuro da Marvel nos cinemas. Será que alguém morre? Será que não haverá nenhum tipo de continuação? Ou será que é mais uma estratégia de marketing?

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O que fica evidente em Ultimato é que escrever sobre um bom filme sempre será uma tarefa árdua. Pode parecer estranho, mas o atual – e pouco inovador formato – de ”heróis para todos os lados” faz com que esta película capte honrosamente uma forma de alavancar o puro lirismo que há nos possíveis choros dos fãs, afinal, não soa como um ”até logo”. Por incrível que pareça, não é hiperbolismo. Estamos falando de um longínquo espaçamento ininterrupto de onze anos de puro sucesso independente se houveram falhas (Homem de Ferro 3 e Vingadores: Era de Ultron) ou façanhas pouco vistas com tamanha precisão (Capítão América: Soldado Invernal). Ultimato é um olhar íntimo e um retrato aprofundado sobre a saudade de quem somos, do que podemos ser e daquilo que amaríamos ser um dia: um valente herói.

Sim, saudade é querer lembrar. É buscar estreitar o tempo de se estar longe, não somente focado na necessidade de uma companhia viva na memória, mas tornar possível termos em mente todos os passos daqueles que lutaram por nós, que estiveram por nós. Seja em momentos felizes como ensinar uma filha a usar um arco e flecha ou saudades de um futuro que poderia ser promissor, mas devido ao caos instalado no universo por Thanos, tudo tornou-se incerto. Independente se há ou não uma guerra entre os heróis da DC e Marvel nas telonas, é preciso fazer justiça e, acima de tudo, entender como as coisas funcionaram bem aqui e não acolá, mesmo com percalços. Quando falamos de Homem de Aço, por exemplo, estamos falando de um bom filme da DC, mas até que momento sente-se saudades dele? Quando foi que o fã, por incrível que pareça, conseguiu chorar com sua morte em Batman vs Superman? E se ao invés dele morresse qualquer membro dos Vingadores? Será que a saudade seria transformada numa agonia incessante? Foi lindo de se ver uma criança chorando ao término de Guerra Infinita, afinal, os imbatíveis heróis mostraram que nem tudo sai como o esperado e que muito menos é possível resolver tudo no murro. Batman, por exemplo, ensinou diversas vezes ao Homem de Aço que nem sempre ser o mais forte, como Hulk, é solução para qualquer problema.

Ultimato é sobre contextualizar que não é preciso somente elaborar um bom passado, mas o que se pode esperar do futuro sem um pré-conceito ou preconceito. Isso sim é uma das maiores técnicas do cinema, e essa jornada não poderia acontecer num melhor momento. Como nossa equipe já havia comentando em vídeos sobre o que esperar de Vingadores: Ultimato, de fato algo, algo precisa ser dito mais uma vez: O formato já está cansado e batido. Seja X-Men ou Quarteto Fantástico vindo por ai, sem se aprofundar, estamos sempre em busca do delicado e poético, mesmo em filmes onde a pancadaria role solta. Aqui temos um filme de heróis que foge da obviedade durante quase longas duas horas e investe em mostrar o quanto esses heróis são falhos, independentemente se são fortes como Hulk ou astutos como Tony Stark. Sim, são derrotáveis, massacráveis e  podem muito bem sucumbir em prol do próximo, mesmo que o objetivo seja morrer tentando. Nos primeiros minutos do filme, é possível encontrar subtemas interessantes do passado de cada um deles, mas também há o descarte de emoções, como é o caso do Gavião Arqueiro, atualmente Ronin. E é nessa emoção subentendida que está o maior trunfo do longa que se estende por 3 horas, dando total foco nas soluções. Não somente de como derrotar seu vilão, mas como não estragar o presente que restou para alguns. E os mesmos o veem como uma melhor alternativa, melhor que tentar enfrentar o louco titã uma vez mais.

Mas, como de praxe, a trama precisa se manter a mesma como qualquer filme de heroísmo: derrotar o antagonista, mas agora com renovações. A primeira das renovações foi vista em Guerra Infinita. Quando é que qualquer fã imaginaria que Thanos, em sua primeira aparição definitiva, venceria? O ‘custe o que custar’, assim como qualquer coisa, teve, tem e terá seu preço. Essa renovação custa muito, e ver uma franquia trilhar para o “Adeus” pode ser lucrativo por um lado, mas a maioria se perguntará se valeu a pena, pois há a ambientação dos silêncios e cenários solitários em diversos momentos. Tudo isso graças à façanha de um vilão humanizado, querendo o melhor para o universo, coisa que poucos entenderam, mas que conseguiu triunfar de forma histriônica diante de heróis resolutos.

A narrativa que se inicia 23 dias após os eventos de ‘Guerra Infinita’, carinhosamente, demonstra o apego pelos fãs ao longo da trajetória. Os heróis também amaram trilhar esse roteiro que começou em Homem de Ferro 1 e se encerra mostrando como a jornada precisa de ter um ‘stop’, como essa jornada precisa de uma renovação, e isso inclui novos vilões, novas metas e novos heróis. Não se trata apenas de defender o universo, mas também de fazer o que o Superman sempre amou fazer: pegar aviões caindo. Ou como o Homem-Aranha foi dito para sempre fazer: ser o amigo da vizinhança. Aqui temos, enfim, a resolução das jornadas pessoais, a busca por redenção, e independente daquilo que esteja por vir, todos sempre em busca da tão sonhada e quase que impossível felicidade. É sobre isso que Vingadores: Ultimato é. O resgate de uma essência há muito perdida pelo próprio heroísmo. É o momento de não salvar somente esses humanos dos quais foram dizimados, mas a vontade de assistir a mais um filme que, ainda que não compartilhem da mesma produtora ou universo, possam defender nossa causa como Aquaman e Mulher-Maravilha. E é aÍ onde o longa-metragem deixa qualquer um curioso imaginando como será daqui para frente, independente de que filme esteja por vir. Teria sido proposital os erros de roteiro vistos em Vingadores: Ultimato? Afinal, manter essa linha de produção funcionando no mesmo nível de qualidade pelos próximos anos pode ser uma tarefa árdua até mesmo para a Marvel.

Há muito o que se falar de Ultimato e há erros que vão além do inexplicável. Principalmente quando se trata do futuro de alguns heróis e o passado de outros. Sabemos que este filme encerra a trajetória de 22 filmes em 11 anos, porém, os questionamentos sempre serão diversos. Os diretores geraram um ‘’serie-finale’’, onde a maioria pensará que é o fim de tudo, com um recomeço em Homem-Aranha: Longe de Casa, o qual continua as aventuras de Peter Parker ou Doutor Estranho 2, que deve chegar aos cinemas em 2021.

Os personagens estão muito mais aprofundados e maduros, porem cansados. A batalha final desconstrói mais uma vez tudo aquilo que os fãs amam ver: os heróis vencendo. São batalhas incessantes e que pouco intervalam entre elas. Sabemos que a Marvel não parará de trazer-nos continuações, mas finda este capítulo, trazendo à tona inclusive o Girlpower com toda sua beleza à mostra. E mais uma vez, independente da causa, motivo, razão ou circunstância, trará aplausos do público, mas o choro da criançada será eternamente livre e, infelizmente, compreensível. Não basta ser herói. É preciso ter culhões, é preciso ser humano acima de tudo, afinal, há o fruto de um projeto que compromete a profundidade do ‘vencer’, do ‘ganhar’ e deixa-nos saudosos do que gostaríamos mesmo de ter assistido no escurinho do cinema com nossos filhos, com nossos amigos, com a galera do chopp. Todas as batalhas tiveram um finale no mínimo satisfatório, não temos um projeto final do qual mereçamos, mas é o que precisávamos e com toda pompa e circunstância. E assim encerra-se um ciclo, uma vida de 11 anos e 22 filmes, pois era preciso ter muita coragem para que um humano, gênio, bilionário, playboy, filantropo, e que deu início a toda essa franquia, com orgulho de ser quem é, conseguisse bater no peito em seu Reator Arc, estalar os dedos e dizer: EU SOU O HOMEM DE FERRO!

Stenlånd Leandro

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!
NAN