Voyage | Um bom game que peca na jogabilidade
Taynna Gripp
Com cenários 2D que cativam pela arte e beleza, Voyage vem reforçar a prateleira de jogos indies que quebram a briga entre gráficos dos consoles. Às vezes, tudo que você precisa, ao jogar, é de distração da realidade. Sem ter uma história óbvia, o jogo vai se desenhando enquanto dois personagens (bem cativantes e fofos) vão caminhando e enfrentando percalços na jornada.
O jogo, desenvolvido pela Ratalaika Games, tem início quando um casal se depara com uma estátua quebrada, em um mundo apocalípitico e, ao consertá-la, acaba sendo transportado para outro universo. Não somente um jogo indie, a história abraça uma aventura contemplativa e até mesmo filosófica sobre as viagens que fazemos para dentro de nós mesmos.
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Design por Subtração
Batizado por seus criadores de Design por Subtração, os desenvolvedores retiraram da tela tudo aquilo que acreditava não ser importante. Isso proporciona um aspecto clean ao jogo, embora essa facilidade visual não se transfira claramente para facilidade de gameplay. O jogo tem uma estética linda, mas uma ação não tão intuitiva assim, demorando um pouco para que o player se acostume com as ações que precisa desenvolver.
Os cenários aqui são muito importantes, e ajudam a contar a história misteriosa e surpreendente de um povo que vivia em condições harmoniosas com o meio ambiente, mas que se viu obrigado a encontrar um modo de sobreviver ao caos gerado.
Trilha sonora
Contando com uma trilha sonora idílica e delicada, o enredo vai crescendo sem muita interação dos personagens, o que torna o jogo bastante parado, se você espera o mínimo de ação, não encontrará aqui. Na aventura não temos picos de adrenalina ou sequer momentos em que você acredita que algo de ruim vai acontecer, tão somente nos levam de um ambiente ao outro, encontrando saídas. Nisso o jogo, por mais lindo que seja, peca, porque nada mais é do que andarilhos em busca do retorno ao seu universo.
Algumas respostas não nos são dadas e talvez isso dificulte que o jogador seja cativado pela história, porque apenas vamos seguindo em frente, às vezes mesmo sem entender o porquê.
A jogabilidade, que deveria ser um fator simples, uma vez que tudo no jogo o é, não segue esse padrão e os comandos, por hora confusos, atrapalham um pouco a dinâmica da narrativa. Um ponto lindo a ser destacado é necessário trocar de jogador na tela, eles se abraçam e esses frames são lindíssimos e cheios de carisma. Falta o desenvolvimento de novas habilidades ou ainda algo capaz de justificar, além de filosoficamente, percorrer todos os espaços, que, por mais que sejam lindos, não acrescentam muito aos personagens.
Complexidade
A complexidade é maior do que se espera para um jogo tão simples, e aqui é o maior ponto negativo que encontrei do jogo. Em alguns momentos é complicado descobrir o que precisa fazer ou qual comando acionar, e isso não é parte da narrativa. Não existe um vilão para derrotar ou algo que seja aparente para solucionar, é apenas você e a viagem, tentando entender qual rumo tomar. Se pelo lado psicológico isso é desafiador e metafórico, na vivência do jogo chega a ser frustrante porque você tem personagens que caminham, caminham e caminham até que algo apareça e você precise solucionar para que eles voltem a isso, caminhar e caminhar.
Profundidade de cenário
Um ponto positivo em relação a isso é a profundidade do cenário e o modo como ele existe além dos personagens. Assim como em uma viagem, os cenários estão sempre se sobrepondo ao casal. O que nos orienta sobre como as viagens, de fato, às vezes atravessam aquilo que somos.
De modo geral, Voyage é um bom jogo e tem um final bom. No entanto, deixa a desejar na jogabilidade, mesmo compensando em cenários e trilha sonora.
Prós
- Estética agradável e inegável;
- Trilha sonora;
Contras
- Enredo pouco evolutivo;
- Jogabilidade complexa para o que é proposto;
Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso: