Luto e redenção: o desfecho apoteótico da série ‘Wandavision’
Pedro Marco
Um momento histórico para os fãs das HQs atinge o seu clímax. Chega ao fim Wandavision, a primeira série produzida pela Marvel Studios e com grande peso para o Universo Cinematográfico da Casa das Ideias. Uma trama de seis horas que se estendeu durante nove episódios semanais para oferecer um merecido refresco aos espectadores que sofreram neste um ano sem material inédito.
O retorno de Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bettany) acontece nas telinhas em uma homenagem que vinha confundindo os fãs desde que surgiram os primeiros trailers. Em seu primeiro passo para o futuro dos Vingadores em uma nova mídia, a sábia decisão consistiu em olhar para trás e mostrar ao novo público que foi uma transição bem planejada. A série Wandavision nos abraçou com esta enorme carta de amor às sitcons de todas as décadas da TV norte-americana. Com ares sombrios e misteriosos escondidos atrás da cortina de risadas de plateia e atuações estereotipadas.
Aliás, não apenas de homenagens às TVs se faz uma série de heróis. Durante estes dois meses, quadros completos foram recriados diretamente das páginas de John Byrne, Stan Lee e companhia. Adaptando desde a época clássica dos Vingadores da Costa Oeste até as recriações modernas das origens e surgimento dos novos heróis.
O que significa ‘Wandavision’?
Mas onde mora, de fato, o objetivo da série Wandavision? O que parecia ser um simples tapa-buraco de um período sem filmes evoluía para este amontoado de easter eggs e referências. Enquanto isso, transmitia uma mensagem única o que muitos somente iriam perceber após longas semanas de espera.
Mais do que comerciais que pareciam indicar algo maior do que realmente acabou sendo, ou uma trilha de pistas que fez um público alheio aos quadrinhos descobrir o nome “Mephisto”, a série demonstra uma maturidade na Marvel similar ao que as animações da Disney tiveram após a compra da Pixar. Luto, perda e negação da realidade permeiam um roteiro sutil, contudo forte, que não poderia ter vindo em um momento mais necessário.
A duração extensa e equivalente a de três filmes do estúdio permitiu que grandes teorias fossem criadas. Assim como personagens secundários de filmes anteriores ganhassem um grande apreço do público. Como o caso de Jimmy Woo (Randal Park), Darcy Lewis (Kat Dennings), por exemplo. Além disso, abriu espaço para novos como Agatha Harkness (Katryn Hahn) e uma nova e aprimorada Fóton (Teyonah Parris), que dão indícios de um breve retorno.
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A redenção de Wanda
No entanto, dentre aparições e transições de cenários, figurinos e maquiagens espalhafatosas, tínhamos diante de nossos olhos uma das maiores redenções do universo pop dos cinemas. Agora, a mal aproveitada Wanda de Era de Ultron se torna uma das mais trabalhadas e aprofundadas personagens deste universo dos heróis mais poderosos da Terra.
A Feiticeira Escarlate sobe sua construção gradativa desde a infância repreendida em Sokovia, passando pelos terríveis experimentos da Hydra e alçando seu curto momento de felicidade entre os lutos de seu irmão e marido. Essa construção pavimentou de forma orquestral o apoteótico clímax digno de cinema. Com a luta física e filosófica entre os dois Visões e o show pirotécnico de magia entre as duas bruxas.
Por mais que parte do público tenha torcido o nariz para os episódios mais saudosistas dos anos 50 e 60, é inegável que o contraponto do que antes era uma vida perfeita de risos e jantares atrapalhados, deu um peso único que fez o espectador se segurar na cadeira em temor pelos personagens que digladiavam seus poderes em Westview.
Por fim, em seu derradeiro e último episódio, Wandavision se despede do público transformando em lágrimas as risadas do início da série. A aceitação do luto e a força de vontade para deixar sua fantasia ir embora ressoa uma trama que não escondeu esta mensagem desde seu primeiro relance, e que seria automaticamente transformada em um grande cult moderno se não tivesse em seus ombros o peso de 11 anos dos filmes e mais de 60 anos dos quadrinhos.
Marvel sendo Marvel: os pós-créditos
Enfim, com Mônica Rambeau aceitando o seu chamado para as estrelas, teremos em breve uma Capitã Marvel tendo de lidar com uma sidekick superpoderosa, como já era esperado. Por falar nisso, não houve a especulada aparição de Stephen Strange, vulgo Doutor Estranho. Entretanto, tivemos uma bela homenagem ao seu método ímpar de estudo espiritual. Certamente deu um belo gostinho do que veremos pela frente entre a feiticeira do caos e o mago supremo.
Além disso, a recriação de Wicano e Célere e um sintozóide branco solto pelo mundo são apenas pequenas pontas para mostrar que ao invés de um “fim” tivemos um novo “please, stand by”.
TRAILER
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FICHA TÉCNICA DA SÉRIE ‘WANDAVISION’
Título original da série: Wandavision
Temporada: 1
Data de estreia: sex, 15/01/2021
Criação: Jac Schaeffer
Direção: Matt Shakman
Elenco: Elizabeth Olsen, Paul Bettany, Debra Jo Rupp, Fred Melamed, Kathryn Hahn, Teyonah Parris, Randall Park, Kat Dennings, Evan Peters
Onde assistir à série ‘Wandavision’: Disney Plus
País: Estados Unidos
Idioma: Inglês
Gênero: ação, drama, romance, ficção científica, suspense
Ano de produção: 2021
Classificação: 14 anos