Warrior Nun

‘Warrior Nun’ traz uma jornada cativante em sua primeira temporada

Jorge Feitosa

Irmãs Guerreiras

“Ela sabe que o adversário altamente motivado eram freiras com treinamento tático?”

Ava Silva (Alba Baptista) não tem do que se orgulhar ao ver seu corpo falecido do alto. Tetraplégica por um acidente de carro em que perdeu e mãe e abandonada pelo pai, ela passou a infância e a adolescência acamada em um orfanato de freiras, onde o máximo que conseguia fazer eram gestos obscenos com as mãos até que um estranho objeto é aferrado em suas costas e a traz de volta à vida.

Adaptada dos quadrinhos de Ben Dunn, Warrior Nun é mais uma série de fantasia da Netflix que, apenas pelo título em si, dificilmente daria errado. Afinal, imaginar que recatadas freiras na verdade são guerreiras de uma ordem secreta e milenar evoca um sentimento semelhante ao do primeiro filme da franquia Transformers, onde o personagem de Shia LaBeouf descobre que seu primeiro carro é um robô que luta contra o mal.

Foto: Netflix / Divulgação

Referências históricas

Filmada inteiramente na região de Andaluzia, na Espanha, Warrior Nun mostra a Ordem da Espada Cruciforme, que luta contra demônios usando o Halo, o anel de luz de um anjo passado de geração em geração, e o metal sagrado Divinium.

Em resumo, uma referência à Ordem dos Cavaleiros Templários que participaram das Cruzadas para recuperar Jerusalém do domínio muçulmano na Idade Média e que ainda hoje rendem diversas histórias em todas as mídias.

O eficiente produtor Simon Barry (da série Van Helsing) reconhece o potencial da obra dos anos 90 e consegue extrair apenas o seu essencial, já que a objetificação das heroínas dos quadrinhos daquela época não poupava nem mesmo as freiras de usar trajes sumários na batalha. Dúvida? É só dar um Google.

Foto: Netflix / Divulgação

O fardo da heroína

Aqui, Ava é uma jovem que nada viu da vida enfiada no meio de uma batalha, mas só quer saber de aproveitar o que perdeu com uma turma que vive de invadir casas de veraneio enquanto curtem a balada européia.

Mas o Halo que lhe devolve os movimentos é também o fardo que deve carregar se quiser continuar viva na típica jornada de amadurecimento da heroína, em episódios com títulos de versículos da Bíblia a mostrar a evolução da guerreira e seu sacrifício.

Uma jornada cativante pois, apesar da trama aventuresca, o roteiro flerta com o papel das mulheres na história da Igreja e os abusos sofridos por elas, além de dimensões paralelas e física quântica.

Tudo em cenas de ação bem executadas por um elenco feminino eficiente capitaneado por Alba, que tem a doçura certa para encarar uma protagonista inocente, mas não ingênua.

Warrior Nun, enfim, é mais uma bola dentro da Netflix. Com uma boa história pra contar, a série pode se tornar um hit pela simples qualidade, bem como pelo boca a boca que tem gerado. A 2ª temporada já foi confirmada e quem acompanhou as reviravoltas com certeza quer saber como termina.

TRAILER

https://www.youtube.com/watch?v=An0bZpuhiBE

FICHA TÉCNICA

Título original: Warrior Nun
Temporada: 1
Data de estreia: sex, 02/07/20
Criação: Simon Barry
Elenco: Alba Baptista (Ava), Tristán Ulloa (Padre Vincent), Kristina Tonteri-Young (Irmã Beatrice), Lorena Andrea (Irmã Lilith), Toya Turner (Shotgun Mary), Thekla Reuten (Jillian Salvius), Sylvia De Fanti (Madre Superiora), Emilio Sakraya (JC), Olivia Delcán (Irmã Camila), Joaquim de Almeida (Cardeal Duretti), May Simón Lifschitz (Chanel), Dimitri Abold (Randall), Charlotte Vega (Zori)
Produção Executiva: Simon Barry, Jet Wilkinson, Stephen Hegyes
Distribuição: Netflix
País: Estados Unidos
Gênero: ação, aventura, fantasia, teen
Ano de produção: 2020
Classificação: 16 anos

 

Jorge Feitosa

@jorgefeitosalima
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