Ao Seu Lado
Crítica do filme
Há quem diga que vida de crítico de cinema é fácil. E até certo ponto, é verdade. Afinal, quem não gostaria de viver escrevendo sobre o que gosta? Mas nem tudo são flores nessa carreira. Isso porque, caso você não saiba, grande parte dos filmes que assistimos são medíocres. Sendo bem generoso, cerca de 10% do que vimos são bons para ótimos. E boa parcela (eu diria a maioria) é bem ruim. Mas tem os casos das produções tenebrosas. Não no sentido do gênero terror, mas de péssima qualidade mesmo.
É desse último caso que estamos aqui para falar de Páscoa Negra (Black Easter), filme incluído recentemente no catálogo do Amazon Prime Video. O pior de tudo é que estamos falando de uma obra que ganhou prêmios (em festivais duvidosos) e tem – pasmem – 64% de aprovação dos CRÍTICOS no Rotten Tomatoes. Como diria Rogerinho do Ingá, do Choque de Cultura: “Isso aí, pra mim, é droga”.
A trama fala sobre viagem no tempo, algo muito em voga depois de Vingadores: Ultimato, bem como com os recentes lançamentos do filme A Guerra do Amanhã e da série Loki. No filme Páscoa Negra, os maiores gênios do mundo são contratados para criar uma máquina de transferência de matéria. No entanto, eles, acidentalmente, acabam criando a viagem no tempo.
Nesse meio tempo, os “brilhantes” cientistas descobrem – também de forma acidental – que trabalham para um grupo de extremistas que pretendem voltar no tempo para matar Jesus antes que ele fosse crucificado e ressuscitado, evitando assim a criação do Cristianismo para que o Islamismo seja soberano nos tempos atuais.
Para você entender como tudo é muito errado em Páscoa Negra, vamos analisar o filme por partes. A coisa já começa a feder pelo nome. Com tradução literal do inglês Black Easter, usar o termo “negro” como algo ruim já mostra que a produção do filme não está em sintonia com o mundo atual.
Segundo: o filme é uma verdadeira “distribuição” de ódio e preconceito com a religião muçulmana. Como se eles fossem os malvados da história e quisessem acabar com a fé cristã. E falam em nome de Alá, ou seja, ligando-os diretamente a terroristas internacionais.
Terceiro: ok, trata-se de uma produção independente e com baixo orçamento. Mas quantos filmes do tipo já não vimos se tornarem verdadeiras obras-primas? Posso citar algumas, como Corra!, First Cow e até o recém ganhador do Oscar Nomadland, por exemplo.
A verdade é que Páscoa Negra é um filme ruim, mas não é pouco. É MUITO RUIM. Parece uma produção feita por estudantes de cinema do primeiro período na faculdade. Aliás, nem isso. Provavelmente é feita por gente que não entende nada do assunto.
O diretor Jim Caroll, que também é responsável pelo roteiro desastroso cheio de furos, escolheu a dedo um elenco escabroso e insere alguns diálogos de darem vergonha alheia. O cidadão é tão “genial” que conseguiu colocar na boca de Jesus Cristo uma famosa frase de Exterminador do Futuro: “I’ll be back”. Sim, meus amigos. JESUS (que mais parece Gregório Duvivier no Porta dos Fundos) citando EXTERMINADOR DO FUTURO.
Aliás, esta é uma versão reeditada do filme Assassin 33 AD, lançado em 2020, pelo mesmo cineasta (?!). Agora, se precisou de uma nova edição, imagina a “qualidade” da obra original. Deus me salve desse infortúnio.
Aliás, os personagens são terríveis, sem química. O cientista-chefe, que seria o maior gênio do mundo depois de Albert Einstein, faz tanta burrada que fico imaginando que o mundo está à beira da extinção, caso essa seja mesmo a qualidade da ciência atual. Felizmente, a gente sabe que não é.
Se há algum ponto positivo em Páscoa Negra é que os estereótipos de cientistas “nerdões” sem vida social passa longe aqui. Apenas um deles se “qualifica” nesse quesito. Contudo, dado às conclusões e aos diálogos insossos dos profissionais, podemos nos certificar que eles, ou colaram para passar nas provas, ou tiveram boas indicações para alcançar tamanho patamar na carreira. Porque, se dependerem da inteligência…
Entretanto, Páscoa Negra é um filme nitidamente pensado para um nicho: a comunidade evangélica/cristã. Isso porque mostra um futuro sem Jesus caótico, redenções de um homem que perdeu a fé e convertendo outro ateu. Mas longe de mim dizer que é isso que torna o longa tão ruim, afinal, temos boas produções com temáticas semelhantes, como A Cabana (2017), por exemplo.
Os defeitos de Páscoa Negra são tantos, que fica até difícil enumerar todos num só texto. Acho que o que já citei é suficiente para você tomar suas próprias conclusões. Mas se quiser um conselho de amigo, passe bem longe dessa atrocidade, pelo amor de Deus. Ou não.
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Título original do filme: Black Easter
Direção: Jim Caroll
Roteiro: Jim Caroll
Data de estreia: sex, 02/07/21
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País: México
Gênero: suspense, terror
Duração: 88 minutos
Ano de produção: 2021
Classificação: 18 anos